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    Dia Mundial do TDAH: veja sintomas e tratamentos

    O TDAH é um transtorno que atrapalha o desenvolvimento infantil e a interação social

    Por Samantha CerquetaniPublicado em 16/06/2022, às 15:27 - Atualizado em 25/05/2023, às 16:36
    Fonte: Shutterstock

    No dia 13 de julho é celebrado o Dia Mundial do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), um distúrbio mental que provoca níveis incomuns de hiperatividade e comportamentos impulsivos. 

    Geralmente, essas atitudes podem atrapalhar a rotina da pessoa e o desenvolvimento das crianças. Muitas vezes, por conta do Transtorno, elas não conseguem, por exemplo, se concentrar e finalizar as atividades escolares.  

    A OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece o TDAH como um problema de saúde que precisa de acompanhamento. Os pais e responsáveis devem ficar atentos aos sinais que a criança apresenta e procurar ajuda especializada.  

    Muitas vezes, com as intervenções adequadas, esses indivíduos ganham mais qualidade de vida ao conseguir lidar melhor com suas limitações e dificuldades.  

    A seguir, você confere as principais dúvidas sobre o TDAH, quais são os sintomas e formas de tratamento.  

     

    O que é TDAH?

    O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, ou seja, que afeta as células do sistema nervoso central, e que acomete o indivíduo desde o nascimento, embora possa demorar anos para ser diagnosticado, podendo até mesmo nunca se fazer esse diagnóstico.   

    Acredita-se que ocorra principalmente por causas genéticas e hereditárias, e os sintomas costumam aparecer na infância e acompanhar a pessoa na fase adulta e até durante a velhice.   

    “Quem tem TDAH geralmente apresenta dificuldade para se concentrar, não foca em uma única tarefa ou não consegue ficar parado por longos períodos. Por isso, apresenta níveis incomuns de hiperatividade e comportamentos impulsivos. E esses sintomas atrapalham a rotina profissional e pessoal”, explica Danielle Admoni, psiquiatra da infância e adolescência na Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).  

    Quais são os sintomas do TDAH?

     Apesar de a impulsividade e a hiperatividade serem os sinais mais frequentes de quem tem TDAH, há outros sintomas comuns.  

     “O TDAH pode se manifestar de várias maneiras, dependendo da idade. Crianças pequenas geralmente são agitadas e apresentam dificuldade de linguagem. Já as mais velhas não conseguem prestar atenção e manejar o tempo para terminar as tarefas”, afirma Juliana Bertoncello, foniatra e coordenadora do ambulatório de distúrbios de linguagens da PUC-Campinas.  

     

    Entre os sintomas, podemos citar:  

    Vale destacar que nem sempre a pessoa apresenta todos os sintomas acima. Na maioria das vezes, os sinais e os sintomas costumam ser específicos de acordo com os diferentes tipos do TDAH, como hiperatividade, impulsividade ou dificuldade de concentração. 

    Quantas pessoas são atingidas?

    Estima-se que o TDAH seja o transtorno mais comum em crianças e adolescentes, atingindo até 5% das crianças em todo o mundo. Geralmente, o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta. No entanto, os sintomas podem ser mais brandos até que a pessoa procure ajuda especializada. 

    Como é feito o diagnóstico do TDAH?

     Para ter um diagnóstico, o médico avaliará os sintomas que a pessoa apresentou pelo menos nos últimos 6 meses. Para ser diagnosticado com TDAH, é importante que a criança ou adulto tenha um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade que altere o seu desenvolvimento, aprendizagem e rotina diária.  

    O médico poderá coletar informações com professores e familiares, e usar escalas de classificação para chegar a um diagnóstico. Não existe um exame físico que determine que a pessoa tem TDAH. Sendo assim, o diagnóstico é clínico, ou seja, com análise de sinais e sintomas. Pode ser realizada também uma avaliação neuropsicológica.   

    Além do pediatra, a criança poderá se consultar com um psiquiatra ou neurologista (neuropediatra). Vale destacar que o diagnóstico geralmente ocorre quando a criança tem entre 6 e 12 anos, ou logo após ingressar na escola.  

    Como diferenciar uma criança muito ativa ou distraída de uma com TDAH?

    É muito importante que os pais, cuidadores e professores fiquem atentos se a distração e a hiperatividade estão atrapalhando a rotina da criança. Ser distraído, impulsivo ou hiperativo pode ser uma característica da pessoa, mas não significa que seja TDAH.  

    A criança com TDAH geralmente apresenta dificuldade para manter o foco nas atividades e é bastante agitada, o que pode prejudicar o seu rendimento escolar. Geralmente, os sintomas de hiperatividade e distração se manifestam tanto em casa quanto na escola.  

    Se os sintomas forem persistentes (por mais de seis meses), vale a pena buscar ajuda especializada.  

    Quais são os tipos de TDAH?

    Há três tipos de TDAH: hiperativo/impulsivo, desatento e misto/combinado. Por conta disso, os sintomas podem variar.  

    No caso de pessoas com TDAH hiperativo/impulsivo, os indivíduos costumam ser inquietos, falam muito e interrompem constantemente. Já as pessoas com TDAH do tipo desatento cometem erros por falta de atenção e apresentam dificuldade para organizar tarefas e atividades.  

    Já o tipo misto/combinado, conforme o nome indica, mistura sintomas de desatenção com hiperatividade e impulsividade. 

    O TDAH atinge adultos e crianças?

    Sim. Estima-se que 60% das crianças com TDAH ainda apresentam sintomas quando adultos. No entanto, os sintomas de hiperatividade geralmente diminuem com a idade, mas a desatenção e a impulsividade costumam continuar. 

     O que causa o TDAH? 

     As causas do TDAH são multifatoriais. Alguns estudos apontam que as pessoas com TDAH possuem alterações na região frontal e nas suas conexões com o resto do cérebro. Essa região cerebral é responsável pela inibição do comportamento inadequado.  

     Além disso, há a questão da hereditariedade. Sabe-se que filhos e filhas de quem tem TDAH são mais suscetíveis a terem o transtorno.  

     Há ainda pesquisas que apontam que o TDAH ocorre devido a uma alteração  nos neurotransmissores (dopamina e noradrenalina) que estabelecem as conexões entre os neurônios. 

    Quais são as formas de tratamento par TDAH?

     Depois do diagnóstico, é importante que a criança tenha um acompanhamento médico. Podem ser indicados alguns medicamentos que ajudam a controlar os sintomas, já que estes liberam substâncias químicas do cérebro para controlar os impulsos e ações. 

     A terapia comportamental é outra estratégia usada para diminuir a impulsividade e os comportamentos inadequados.  

     “Na escola podem ser necessárias intervenções com o acompanhamento psicopedagógico e o reforço escolar. Isso costuma facilitar o convívio com os colegas e melhorar a interação social”, completa Admoni.  

    Há cura para TDAH?

    Não. O TDAH não tem cura, mas tem tratamento. Além disso, mudanças na rotina  e nos comportamentos dos familiares podem ajudar os pais e as crianças a conviver melhor com o TDAH.  

    Após o diagnóstico, os pais devem aceitar o fato de que as crianças com TDAH têm cérebros que funcionam de maneiras diferentes e podem ter comportamentos impulsivos.  

    É comum que o especialista indique uma combinação de medicamentos, psicoterapia e passem orientações para lidar com esses comportamentos — tanto para os pais quanto para os professores.  

     A psicoterapia pode ajudar? 

     Sim. A psicoterapia pode ajudar no tratamento do TDAH ao reduzir os sintomas. Entre as principais abordagens recomendadas está a TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental).  

     “O terapeuta utiliza estratégias de organização das atividades diárias, autocontrole e resolução de problemas. Tudo isso contribui para reduzir os sintomas e aumentar a qualidade de vida do indivíduo”, explica Elaine Di Sarno, neuropsicóloga e pesquisadora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).  

     

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