Vacina BCG: para que serve e quando tomar
Imunizante protege contra a tuberculose e deve ser tomado o mais precocemente possível; veja por quê
Tomar vacinas é um compromisso que nos acompanha durante a vida inteira – não à toa: essa é uma das formas mais eficazes de cuidarmos da nossa saúde. E isso começa logo ao nascermos, com a vacina BCG.
Neste artigo, você vai ler:
Sabendo da importância desse primeiro imunizante que os bebês recebem, separamos as principais informações sobre o assunto para você:
Para que serve a vacina BCG?
A vacina BCG previne a tuberculose, sobretudo as formas graves, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar (que se espalha pelo corpo, não ficando restrita ao pulmão).
A proteção conferida contra esses quadros graves é considerada elevada pelos médicos, sendo superior a 80%.
Tuberculose, vale esclarecer, é uma doença contagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. Ela costuma atingir os pulmões, mas, se for mais grave, pode afetar vários outros locais do corpo humano.
Ela é caracterizada por sintomas como tosse intensa, catarro (podendo conter sangue), dor no peito, febre, cansaço, sudorese e perda de apetite.
Quando a vacina BCG deve ser tomada?
O imunizante segue um esquema de dose única e deve ser aplicado em crianças menores de 5 anos. O ideal é que isso ocorra o quanto antes, de preferência próximo ao nascimento.
A ideia consiste em tomar a vacina BCG o mais precocemente possível porque as formas graves da tuberculose (contra as quais o imunizante apresenta alta eficácia) são mais frequentes e mais preocupantes nas crianças, principalmente no primeiro ano de vida.
Importante dizer que a aplicação é intradérmica – e não subcutânea, como no caso de vários outros imunizantes. Por isso, a administração da vacina BCG deve ser feita por um profissional de saúde devidamente treinado, que saiba atingir essa camada da pele.
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Como a vacina BCG funciona?
O imunizante contra a tuberculose é feito com base em cepas atenuadas (ou seja, vivas porém enfraquecidas) do Mycobacterium bovis, um microorganismo bovino semelhante à bactéria Mycobacterium tuberculosis.
Os pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento da vacina, em 1921, foram Albert Calmette e Jean-Marie Camille Guérin. Daí o nome BCG: bacilo (um tipo de bactéria) de Calmette e Guérin.
Assim que o imunizante é aplicado na criança, células específicas presentes na derme reconhecem o Mycobacterium bovis. Isso ocorre porque a bactéria é vista como uma substância estranha ao corpo humano.
Depois, as células migram para o linfonodo (gânglio próximo do local de aplicação da vacina), onde acontece o processamento do antígeno. Essa informação é, então, transmitida aos linfócitos, que são ativados para montar uma resposta que destrua as células infectadas.
Por que a vacina BCG deixa marca?
A cicatriz no local da aplicação é bastante característica da vacina BCG. É um fenômeno normal do corpo frente ao imunizante.
Cerca de uma ou duas semanas após a administração da vacina BCG, surge um nódulo que, posteriormente, é preenchido por uma secreção – virando, assim, uma vesícula. Em seguida, há a formação de uma crosta na superfície da vesícula.
Quando essa crosta cai, forma-se uma úlcera (pequena depressão com menos de 1 centímetro de diâmetro) que será cicatrizada.
Embora a grande maioria das pessoas desenvolva a cicatriz, há uma parcela dos indivíduos que não apresenta essa reação. Mas a ausência da marquinha não significa ausência de proteção. Essa é apenas uma diferença de organismo para organismo.
Por isso, mesmo que não surja uma cicatriz no braço da criança, o esquema de dose única é mantido. Os especialistas entendem que houve o desenvolvimento de uma resposta imune adequada, não recomendando a revacinação.
A vacina BCG causa alguma reação?
Além do desenvolvimento da cicatriz, é comum haver inchaço de gânglios nas regiões axilar, supraclavicular ou infraclavicular do lado direito.
Esse evento, conhecido como adenopatia, é considerado normal (desde que os gânglios tenham até 3 centímetros de diâmetro e não apresentem pus) e costuma desaparecer espontaneamente.
Fontes: Maria Isabel de Moraes Pinto, infectopediatra consultora em vacinas da Dasa e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Sônia Maria de Faria, especialista em infectologia pediátrica e membro do Departamento Científico de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).