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    A anemia vai além da falta de ferro

    Cada forma da doença tem causas e tratamentos diferentes. Conheça os sintomas mais comuns e as formas de diagnóstico

    Fonte: Fabiana ContiHematologistaPublicado em 12/08/2025, às 11:44 - Atualizado em 15/08/2025, às 16:54

     

    anemia

    Cada forma da doença tem causas e tratamentos diferentes. Conheça os sintomas mais comuns e as formas de diagnóstico

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    Você já sentiu aquele cansaço que persiste, mesmo após uma boa noite de sono? Isso pode ser resultado de estresse, excesso de atividades ou até um indicativo de anemia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,6 bilhão de pessoas no mundo são afetadas por essa condição. 

    No entanto, a anemia vai além da simples deficiência de ferro, como muitos acreditam. Ela pode se apresentar de diferentes maneiras, com diversas causas e tratamentos específicos. Continue lendo para entender melhor sobre esse assunto.

    Anemia: o que é? 

    A anemia ocorre quando o sangue apresenta uma quantidade insuficiente de glóbulos vermelhos (hemácias) saudáveis. Essas células são responsáveis por levar oxigênio a todas as partes do corpo. Sem esse “combustível”, órgãos e tecidos não funcionam corretamente. 

    Como consequência, o transporte de oxigênio fica comprometido, o que explica a maior parte dos sintomas da doença, como o cansaço constante. 

    A redução no número de glóbulos vermelhos pode ter diversas causas: o corpo pode estar produzindo menos dessas células, pode estar perdendo-as rapidamente ou até mesmo destruindo-as. 

    Tipos de anemia 

    O tipo mais comum é a anemia provocada pela deficiência de nutrientes, como ferro ou vitaminas. Mas existem outras causas, como fatores genéticos ou doenças que afetam a produção ou a vida útil das células do sangue. 

    Anemia falciforme 

    A anemia falciforme é uma doença genética e hereditária, ou seja, passa de pais para filhos. Essa mutação genética provoca uma alteração no formato dos glóbulos vermelhos. Em vez de serem redondos e flexíveis, eles se tornam rígidos e com formato de foice ou meia-lua. 

    Por conta dessa mudança, as células sanguíneas encontram dificuldade para passar pelos vasos menores, acumulando-se e bloqueando o fluxo de sangue e oxigênio para determinadas regiões do corpo. Isso causa as chamadas “crises de dor”, que podem ser muito intensas, além de aumentar o risco de infecções e outras complicações sérias. 

    Anemia ferropriva 

    A anemia ferropriva é o tipo mais comum em todo o mundo. Ela acontece quando o corpo não possui ferro suficiente para produzir hemoglobina, a proteína que fica dentro dos glóbulos vermelhos e que se liga ao oxigênio para transportá-lo. Sem ferro, a produção de hemoglobina diminui e o corpo todo sente os efeitos. 

    As causas mais comuns para a falta de ferro são uma alimentação pobre no nutriente, a perda de sangue excessiva (como em fluxos menstruais intensos ou sangramentos no sistema digestivo) ou a dificuldade do corpo em absorver o mineral pelo trato digestivo.  

    Grupos como gestantes, crianças e mulheres em idade fértil têm um risco maior de desenvolver a condição por deficiência nutricional. 

    Pacientes com doenças inflamatórias intestinais que apresentam sangramentos digestivos (ex: doença de Crohn e retocolite ulcerativa), ou em que ocorre diminuição na absorção de nutrientes (ex: doença celíaca, cirurgia para obesidade), também têm um risco maior de desenvolver anemia ferropriva. 

    Anemia hemolítica 

    A anemia hemolítica acontece quando os glóbulos vermelhos são destruídos mais rápido do que a medula óssea consegue produzi-los. É como se o ciclo de vida dessas células fosse encurtado.  

    Essa destruição pode ser causada por fatores hereditários (já nasce com a pessoa) ou pode acontecer durante a vida (adquirida) por causa de infecções, uso de alguns medicamentos ou ainda ser causada quando o próprio corpo ataca os glóbulos vermelhos, como acontece nas chamadas doenças autoimunes.

    Anemia perniciosa 

    A anemia perniciosa está ligada à deficiência de vitamina B12. O problema não costuma ser a falta da vitamina na alimentação, mas sim a incapacidade do estômago de produzir uma substância chamada “fator intrínseco”. Sem essa substância, o corpo não consegue absorver a vitamina B12 no intestino. 

    A vitamina B12 é essencial para a produção de glóbulos vermelhos saudáveis na medula óssea. Sem ela, as células produzidas são grandes e imaturas (os megaloblastos), e não conseguem cumprir sua função de transportar oxigênio corretamente. Ela é mais comum em idosos e em pacientes que fizeram cirurgia bariátrica. 

    Anemia aplásica 

    Este é um tipo mais raro e grave de anemia. Nele, a medula óssea para de produzir a quantidade necessária de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. A anemia aplásica pode ser causada por exposição a toxinas, radiação, infecções ou por doenças autoimunes. Mas, em muitos casos, a causa não é identificada. 

    Causas 

    As causas mais comuns da anemia estão relacionadas à falta de nutrientes essenciais, como o ferro e a vitamina B12. Além disso, a perda de sangue, seja por causa de um fluxo menstrual muito intenso ou por sangramentos ocultos no trato gastrointestinal, também é uma causa frequente. 

    Outros fatores que podem levar à anemia são: 

    • Condições genéticas, como a anemia falciforme e a talassemia. 
    • Doenças renais, câncer, hipotireoidismo ou doenças inflamatórias podem interferir na produção de glóbulos vermelhos. 
    • Problemas na medula óssea, como na anemia aplásica. 
    • Uma alimentação com baixo consumo de carnes, vegetais verde-escuros e leguminosas. 
    • Condições como a doença celíaca ou a doença de Crohn, que podem dificultar a absorção de nutrientes. 
    • Cirurgia bariátrica. 

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    Formas de prevenir a anemia 

    A principal forma de prevenir a anemia, especialmente a ferropriva, é consumir regularmente alimentos que sejam boas fontes de ferro, vitamina B12 e folato. Além disso, visitar o seu médico regularmente e manter os exames de rotina em dia também são medidas importantes. 

    Para gestantes e crianças, o Ministério da Saúde recomenda programas de suplementação de ferro como estratégia de saúde pública para evitar a doença. Com essa medida, as necessidades aumentadas de ferro nessas fases da vida devem ser atendidas, prevenindo o desenvolvimento da anemia e suas consequências para a saúde da mãe e do bebê. 

    Sempre que observar fluxo menstrual excessivo, procure sua ginecologista para avaliação e tratamento, se indicado. Por fim, qualquer sangramento digestivo deve sempre ser investigado, principalmente após os 50 anos, através de um exame chamado pesquisa de sangue oculto nas fezes. 

    Alimentos ricos em ferro 

    O ferro é um mineral presente em muitos alimentos, tanto de origem animal quanto vegetal. O ferro de origem animal (chamado de ferro heme) é mais facilmente absorvido pelo corpo. 

    Fontes de ferro heme (origem animal) são as carnes vermelhas, fígado, frango e peixes. Já boas fontes de ferro não heme (origem vegetal) incluem feijão, lentilha, grão-de-bico, soja, vegetais de folhas escuras (como couve e espinafre) e cereais integrais. 

    Para melhorar a absorção do ferro de origem vegetal, tente sempre consumir esses alimentos junto com uma fonte de vitamina C. Por exemplo: tomar um suco de laranja ou comer uma fatia de abacaxi logo depois do almoço que contou com fontes de ferro como carne e feijão. 

    Sintomas de anemia 

    Os sintomas de anemia mais comuns são fadiga constante, palidez da pele e das mucosas (como na parte interna dos olhos e na gengiva), falta de ar e sensação de fraqueza. E esses sinais aparecem justamente porque a falta de oxigênio afeta o corpo todo. 

    Além dos mais frequentes, outros sintomas de anemia podem surgir e servir de alerta: 

    • Tontura ou sensação de desmaio; 
    • Dor de cabeça; 
    • Mãos e pés frios; 
    • Dificuldade de concentração; 
    • Sonolência excessiva; 
    • Batimentos cardíacos acelerados (taquicardia); 
    • Unhas fracas e quebradiças; 
    • Queda de cabelo. 

    Exames que auxiliam no diagnóstico da anemia 

    O primeiro exame solicitado pelo médico para investigar uma suspeita de anemia é o hemograma. Ele avalia a quantidade e a qualidade das células sanguíneas, incluindo os glóbulos vermelhos, a hemoglobina e o hematócrito (a porcentagem de glóbulos vermelhos no volume total de sangue). 

    Se o hemograma indicar anemia, o médico pode pedir exames complementares como: 

    • Dosagem de ferro, ferritina e saturação da transferrina, que verifica as reservas de ferro no corpo. 
    • Dosagem de vitamina B12 e ácido fólico, para investigar anemia megaloblástica. 
    • Eletroforese de hemoglobina, para diagnosticar a anemia falciforme e outras doenças da hemoglobina. 
    • Teste de Coombs, para diagnosticar anemia hemolítica autoimune.

    Em casos mais complexos, pode ser necessário um aspirado ou uma biópsia da medula óssea, local onde o sangue é produzido.  

    Nos casos em que houver sangramento associado à anemia, é importante realizar exames de imagem para identificar a causa. Por exemplo, tomografia computadorizada; endoscopia digestiva para avaliar o estômago; colonoscopia para avaliar o intestino; e histeroscopia para avaliar o útero.  

    Sua ginecologista poderá pedir dosagens hormonais e realizar o exame ginecológico de rotina para investigar o fluxo menstrual excessivo.

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    Tratamento para a anemia 

    Nos tipos mais comuns de anemia, como a ferropriva, o tratamento geralmente começa com a suplementação do nutriente que está em falta. E a reposição de ferro é feita tanto com comprimidos como com ajustes na alimentação, incluindo mais fontes do mineral. 

    Mas o tratamento depende diretamente da causa e do tipo da anemia. Confira a seguir as condutas mais frequentes. 

    • Anemias nutricionais: a suplementação com ferro, vitamina B12 ou ácido fólico costuma ser suficiente. Nos casos de dificuldade de absorção das vitaminas, pode ser necessário reposição intramuscular (B12) ou intravenosa (ferro). 
    • Anemia por perda de sangue: é preciso identificar e tratar a causa do sangramento. 
    • Anemia falciforme: o tratamento busca aliviar os sintomas, principalmente as crises de dor, e prevenir complicações. Podem ser indicados medicamentos específicos, ou, em alguns casos, transfusões de sangue. 
    • Anemias graves (como a aplásica): podem exigir tratamentos mais complexos, como transfusões de sangue ou até mesmo um transplante de medula óssea.

      

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