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    Apatia: muito mais que um desânimo passageiro

    Entenda a diferença entre tristeza e apatia — e como essa condição afeta a vida de quem convive com o sintoma

    Fonte: Dr. Diogo HaddadMédico neurologista no Alta DiagnósticosPublicado em 06/08/2025, às 11:05 - Atualizado em 06/08/2025, às 11:19

    apatia

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    Entenda a diferença entre tristeza e apatia — e como essa condição afeta a vida de quem convive com o sintoma 

    A apatia é um estado de indiferença marcada. A pessoa perde parcial ou totalmente a motivação, o interesse e a resposta emocional diante de atividades que antes eram significativas. 

    Diferentemente da tristeza passageira ou do desânimo comum, a apatia é persistente. Ela compromete a capacidade de iniciar e sustentar atividades, afeta as relações sociais e prejudica o desempenho em várias áreas da vida. 

    Frequentemente negligenciada, a apatia pode ser um sintoma de condições médicas ou neurológicas e exige avaliação profissional especializada.

    Apatia: o que é? 

    A apatia é caracterizada por uma diminuição relevante do impulso, do interesse e da motivação, tornando difícil iniciar e manter ações com propósito. Não se trata apenas de cansaço ou preguiça: é uma perda de envolvimento emocional e de iniciativa que vai além do esgotamento físico. 

    É importante diferenciar a apatia de outras condições. A anedonia, por exemplo, refere-se à perda da capacidade de sentir prazer; já a depressão é um transtorno de humor complexo. A apatia pode estar presente nesses quadros, mas também pode surgir de forma isolada. 

    Especialistas classificam a apatia em três domínios principais: 

    • Apatia comportamental: dificuldade de transformar ideias em ações, mesmo que o pensamento esteja preservado. 
    • Apatia emocional: ausência de resposta afetiva a situações que normalmente provocariam alegria, tristeza ou raiva. 
    • Apatia cognitiva: redução do interesse por aprender, planejar ou se envolver intelectualmente. 

    Apatia em crianças 

    Embora mais estudada em adultos, a apatia pode afetar crianças e adolescentes, com apresentações diferentes e por vezes sutis. Ela pode estar associada a quadros depressivos, transtornos do neurodesenvolvimento ou eventos psicossociais estressores. 

    Sintomas de apatia 

    A apatia pode se manifestar em três dimensões principais: comportamental, emocional e cognitiva.  

    Comportamentais 

    • Falta de iniciativa;  
    • Redução da atividade física e social;  
    • Passividade frente às decisões; 
    • Isolamento social. 

    Emocionais 

    • Indiferença afetiva;  
    • Embotamento emocional;  
    • Falta de entusiasmo. 

    Cognitivos 

    • Dificuldade de planejamento;  
    • Perda de interesse por aprender;  
    • Concentração reduzida. 

    A apatia deve ser diferenciada da fadiga: enquanto a fadiga melhora com o descanso, a apatia é uma perda persistente da motivação.

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    O que pode causar apatia? 

    A apatia não é uma doença em si, mas um sintoma que pode surgir de diversas condições, desde problemas neurológicos até questões de saúde mental e deficiências nutricionais. As causas mais comuns são: 

    Doenças neurodegenerativas 

    A apatia não é uma doença, mas um sintoma que pode estar associado a várias causas: 

    • Doenças neurodegenerativas: Alzheimer, Parkinson, Demência frontotemporal. 
    • Condições psiquiátricas: Depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia. 
    • Outras causas: AVCs, hipotireoidismo, anemia, doenças crônicas, medicamentos e estresse crônico.

    Quando procurar por um médico? 

    É recomendável buscar avaliação médica quando a apatia:  

    • Persistir por semanas ou meses;  
    • Prejudicar a vida social, escolar ou profissional;  
    • Estiver associada a alterações cognitivas, humor, sono ou apetite;  
    • Surgir subitamente. 

    A primeira consulta pode ser com um clínico geral. Ele vai realizar uma avaliação inicial e, se necessário, encaminhar para um especialista. Mas, em muitos casos, o mais indicado seria já procurar um neurologista ou um psiquiatra, especialmente quando houver suspeita de condições neurológicas ou psiquiátricas. 

    Diagnóstico das causas para a apatia 

    O diagnóstico envolve entrevista clínica, exame físico e neurológico, e, se necessário, avaliação neuropsicológica ou psiquiátrica. 

    Exames laboratoriais podem descartar causas metabólicas ou hormonais. Em casos selecionados, exames de imagem cerebral são importantes. 

    Escalas como a Apathy Evaluation Scale (AES) auxiliam na quantificação do sintoma.

    Hoje, há testes que pesquisam alterações genéticas associadas a doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer, que podem ter entre seus sintomas iniciais a apatia. Conheça a seguir dois deles.  

    Painel NGS para Doença de Parkinson de início precoce  

    O Painel NGS para Doença de Parkinson de Início Precoce é um exame genético que usa a tecnologia de Sequenciamento de Nova Geração (NGS) para analisar 19 genes associados a formas monogênicas da Doença de Parkinson (DP). Ou seja, formas causadas pela mutação ou alteração em apenas um único gene.

    Em torno de 10% dos pacientes, a doença manifesta-se antes dos 50 anos. Como mutações genéticas podem aumentar o risco de Parkinson de início precoce, o teste visa justamente identificar alterações nos genes associados a essas formas da Doença de Parkinson.  

    O teste auxilia no diagnóstico e também no prognóstico, pode direcionar o manejo e esclarecer os riscos para outros membros da família, principalmente os assintomáticos.  

    Beta amiloide 42/40  

    Este exame feito no sangue é uma maneira não invasiva de avaliar o risco para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer. O teste mede a concentração de duas proteínas, a beta-amiloide 42 e a beta-amiloide 40.   

    A proporção entre elas pode indicar a probabilidade de o indivíduo ter acúmulo de placas amiloides no cérebro, uma das principais características da doença.   

    O exame não é um método diagnóstico, mas uma ferramenta para avaliar o risco em pessoas que já apresentam algum sinal de comprometimento cognitivo. E, assim, ajudar o médico a decidir sobre a necessidade de investigações mais complexas. 

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    Tratamentos 

    O tratamento da apatia depende diretamente da sua causa e pode envolver: 

    • Tratamento da doença de base: depressão, doenças neurodegenerativas, deficiências nutricionais. 
    • Intervenções terapêuticas: terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapia ocupacional, estimulação cognitiva e atividade física. 
    • Medicamentos: fármacos que atuam sobre dopamina ou norepinefrina em casos selecionados.

    A apatia é um sintoma muitas vezes invisível, mas com impacto profundo na funcionalidade, nas relações e na saúde mental. Sua detecção precoce e tratamento adequado podem melhorar significativamente a qualidade de vida da pessoa afetada e de sua rede de apoio.

     

    Fontes:
    Dr. Diogo Haddad, médico neurologista do Alta Diagnósticos e
    Dr. Roberto Giugliani, geneticista e Head de Doenças Raras da Dasa Genômica

     

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