Câncer no ovário: causas, sintomas e tratamento
Doença inicia de forma assintomática ou com sintomas sutis e não específicos
O câncer no ovário é uma condição desafiadora, cujo enfrentamento demanda uma abordagem multidisciplinar e personalizada. Fatores como o estágio da doença, características do tumor e condição de saúde da paciente influenciam no sucesso terapêutico e nas perspectivas de sobrevivência. Continue a leitura para saber mais sobre a doença.
Neste artigo, você vai ler:
O que é câncer no ovário?
O câncer no ovário é uma doença caracterizada pelo desenvolvimento de células malignas nos ovários, os órgãos reprodutivos femininos encarregados da produção de óvulos.
A detecção precoce desse tipo de câncer é um desafio já que, com frequência, ele não apresenta sintomas notáveis nos estágios iniciais. Quando se manifestam, eles podem incluir dor abdominal, inchaço e mudanças no ciclo menstrual. Dentre os vários tipos de câncer de ovário existentes, o carcinoma epitelial é o mais frequente.
Quais são as causas do câncer no ovário?
Embora suas causas exatas ainda não sejam totalmente compreendidas, o câncer no ovário pode surgir devido a uma combinação de fatores que aumentam o risco de desenvolver a doença. Entre os que podem aumentar a predisposição à doença, estão:
- Idade avançada: geralmente, mulheres acima de 60 anos;
- Obesidade ou sobrepeso: o excesso de peso, especialmente quando associada ao sedentarismo;
- Histórico de outros cânceres: ter tido câncer de mama, útero ou intestino;
- Endometriose: condição em que o tecido do útero cresce em outras partes do corpo;
- Problemas de fertilidade: mulheres que nunca engravidaram ou tiveram filhos mais tarde;
- História familiar: ter parentes próximos (como mãe, irmã ou avó) com histórico de câncer de ovário.
- Síndromes genéticas como aquelas associadas com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2.
É importante destacar que a presença de um ou mais desses fatores de risco não significa que uma pessoa desenvolverá câncer de ovário. Existem muitas mulheres diagnosticadas com essa condição que não apresentam nenhum dos fatores de risco mencionados acima.
Cisto no ovário pode virar câncer?
Geralmente, cistos no ovário são benignos e raramente se transformam em câncer. Por outro lado, os cistos complexos (que contêm líquido e são sólidos) têm um risco ligeiramente maior de malignidade. Mas, ainda assim, a maioria é benigna.
A descoberta de um cisto complexo no ovário não significa necessariamente câncer, mas exige avaliação médica detalhada, incluindo exames como ultrassonografia transvaginal e ressonância magnética, para determinar se o cisto é benigno ou maligno.
O risco de câncer varia com o tamanho do cisto, presença de lesão sólida, septações (paredes dentro do cisto) e outros achados em exames de imagem.
Quais são os sintomas de câncer no ovário?
O câncer no ovário geralmente se inicia de forma assintomática, ou seja, sem nenhum sintoma ou com sintomas sutis e não específicos. No entanto, alguns sinais podem estar associados ao câncer de ovário, incluindo:
- Dor pélvica ou abdominal persistente que não desaparece e pode piorar com o tempo.
- Sensação de inchaço persistente no abdômen, que pode ser acompanhada de distensão abdominal.
- Dificuldade em comer ou sensação de saciedade precoce, mesmo com pequenas quantidades de comida.
- Alterações no hábito intestinal, como constipação persistente ou diarreia.
- Necessidade frequente de urinar, especialmente durante a noite.
- Sentir-se cansada o tempo todo, mesmo após descanso adequado.
- Perder peso sem mudanças na dieta ou atividade física.
- Alterações no ciclo menstrual, como sangramento irregular ou sangramento após a menopausa.
É importante observar que esses sintomas podem ser causados por diversas condições benignas e não necessariamente indicam câncer de ovário.
Como é feito o diagnóstico da doença?
Primeiramente, inicia-se com uma consulta médica onde a paciente relata seus sintomas e histórico de saúde. Durante o exame físico, um ginecologista pode procurar por anormalidades palpáveis na região abdominal. Para investigar mais a fundo, são utilizados exames de imagem como ultrassonografia, tomografia ou ressonância magnética, que ajudam a visualizar os ovários e detectar possíveis tumores.
O passo decisivo para confirmar o diagnóstico de câncer de ovário é a obtenção e análise de uma amostra de tecido, geralmente por meio de uma biópsia ou durante um procedimento cirúrgico onde o tumor é removido.
Este tecido é examinado no microscópio por um médico patologista para identificar células cancerosas. Com base nessa análise microscópica, o patologista pode determinar a presença de câncer e emitir um relatório com as conclusões.
Em situações específicas, pode-se realizar uma biópsia para coletar uma amostra do tecido para análise. Esta biópsia pode ser feita durante uma cirurgia laparoscópica ou pode ser guiada por tomografia .
Ultrassom pode detectar câncer no ovário?
O ultrassom pode detectar anormalidades nos ovários, como massas e cistos, mas não é suficiente para diagnosticar câncer no ovário com precisão.
Para um diagnóstico preciso, são necessários exames adicionais, incluindo a biópsia e outros exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Portanto, o ultrassom é um passo inicial importante, mas não conclusivo, na detecção do câncer de ovário.
Exames genéticos para câncer no ovário
Os exames genéticos para câncer no ovário são divididos em dois grupos principais, cada um com finalidades distintas:
- Testes genéticos de rastreamento: buscam identificar pessoas com um risco elevado de desenvolver câncer de ovário devido a mutações genéticas hereditárias. Exemplos:
– Teste BRCA1 e BRCA2: procura por mutações que aumentam o risco de câncer de ovário e de mama.
– Testes multigênicos ou painéis genéticos: avaliam várias mutações simultaneamente para determinar o risco de desenvolver câncer.
São recomendados para indivíduos sem sintomas atuais de câncer, especialmente aqueles com um histórico familiar significativo de câncer, especialmente em idade precoce, ou outros fatores de risco genéticos.
Os resultados fornecem informações sobre o risco de desenvolver câncer com base em mutações específicas.
- Testes genéticos de diagnóstico: realizados para confirmar a presença de câncer em indivíduos que apresentam sintomas ou para identificar mutações genéticas que podem influenciar as opções de tratamento.
São indicados para pessoas que já receberam um diagnóstico de câncer de ovário ou que têm sintomas que podem indicar câncer, ajudando a direcionar as estratégias de tratamento e aconselhamento genético familiar.
Os resultados costumam revelar mutações específicas no DNA do paciente, oferecendo informações valiosas para o planejamento do tratamento e para o entendimento do prognóstico.
Câncer no ovário tem cura?
Sim, em alguns casos, o câncer no ovário pode ser curado, especialmente se for diagnosticado em seus estágios iniciais e a paciente receber o tratamento adequado. De qualquer forma, o sucesso do tratamento depende do estágio da doença, das características do tumor e da saúde geral da mulher.
Como é feito o tratamento?
O tratamento envolve diferentes abordagens, baseadas no estágio da doença, características do tumor e saúde geral da paciente. Entre os principais tipos de tratamento estão:
- Cirurgia: utilizada para remover o tumor. Pode incluir a remoção do ovário afetado (ooforectomia), do útero e outras estruturas próximas, dependendo da extensão do tumor.
- Quimioterapia: aplicada após a cirurgia para eliminar células cancerígenas remanescentes e reduzir o risco de recorrência.
- Terapia-alvo: focada em características específicas das células cancerígenas, pode ser administrada após a cirurgia para atacar células cancerígenas de maneira mais precisa, minimizando danos às células saudáveis.
Em estágios avançados, o câncer de ovário pode ser mais difícil de tratar. Sendo assim, o tratamento visa controlar os sintomas, retardar o avanço da doença e melhorar a qualidade de vida da paciente.
Fonte: Dra. Luisa Marcella Martins, ginecologista do Hospital Nove de Julho