Carne de laboratório: quando teremos no prato?
Veja detalhes sobre a produção de carne artificial e se é considerada segura para saúde
Você já ouviu falar em carnes produzidas em laboratórios? Pode parecer ficção científica, mas muitos pesquisadores já apostam que, em breve, elas estarão presentes em nossas refeições.
Neste artigo, você vai ler:
Em 2013, o pesquisador Mark Post inovou ao apresentar um hambúrguer preparado com carne artificial. De lá para cá, a comunidade científica vem se movendo para produzir proteína animal cultivada in vitro, ou seja, em tubos de ensaio dentro de laboratórios. E querem também que ela chegue ao mercado o quanto antes.
Em dezembro do ano passado, por exemplo, a Agência Alimentar de Singapura autorizou a comercialização de nuggets de frango in vitro. Por isso, há uma grande expectativa de que, no futuro, o consumo de carne não esteja mais associado ao abate animal, e isso diminua os impactos ambientais.
E pode estar mais perto do que você imagina: de acordo com um relatório, a estimativa é que, em 2040, apenas 40% da carne consumida seja a convencional, sendo substituída pela de laboratório (35%) e à base de vegetais (25%).
Mas será que é um alimento seguro? A seguir, veja detalhes sobre a produção de carne de laboratório.
Como é produzida?
A carne artificial é produzida em laboratório após a coleta de células-tronco do tecido muscular dos animais. Depois disso, elas são cultivadas para se multiplicar, crescer e aumentar os nutrientes.
Por meio de técnicas de engenharia genética, esse material é estimulado e as células se agrupam e formam um novo tecido muscular, que dá origem à carne laboratorial.
No entanto, o maior desafio dos pesquisadores é o valor do procedimento, ainda bastante elevado. Além disso, é preciso investir em uma estrutura adequada para a produção do alimento.
Benefícios para a população
A carne de laboratório não necessita de hormônios nem antibióticos, o que reduz o risco de problemas de saúde. Portanto, acredita-se que pode ser tão ou mais saudável do que o produto convencional.
Vale destacar que, antes de chegar ao consumidor, estes alimentos passam por diversas pesquisas que garantem a sua segurança e qualidade.
Veja abaixo outros benefícios:
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A produção de carne cultivada pode ser uma saída sustentável, pois o processo reduz as emissões de gases do efeito estufa, tem menor consumo de água e ainda evita os maus-tratos do abate.
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Com o aumento progressivo da população mundial e da expectativa de vida, haverá cada vez mais um incremento na demanda por alimentos. Por isso, a carne artificial poderá ser uma alternativa no futuro.
A questão do sabor
Muita gente consome a carne por conta do sabor diferenciado. Conseguir se aproximar do gosto e da textura natural do alimento é mais um dos grandes desafios encontrados na produção de carne cultivada em laboratório.
Para que isso aconteça, é necessário multiplicar não apenas as células musculares do animal como também outras estruturas, como gordura e colágeno, que compõem o tecido com toda a sua complexidade estrutural.
Portanto, o sabor da carne cultivada em laboratório provavelmente ainda não será o mesmo do que a proteína animal original. Os cientistas ainda estão tentando se aproximar tanto na textura quanto na palatabilidade.
Fontes: Fabiana Perrechil, engenheira de alimentos e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Marcella Garcez, nutróloga e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).