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    Carne de laboratório: quando teremos no prato?

    Veja detalhes sobre a produção de carne artificial e se é considerada segura para saúde 

    Por Samantha CerquetaniPublicado em 02/09/2022, às 14:48 - Atualizado em 25/04/2023, às 10:41
    Foto: Shutterstock

    Você já ouviu falar em carnes produzidas em laboratórios? Pode parecer ficção científica, mas muitos pesquisadores já apostam que, em breve, elas estarão presentes em nossas refeições. 

    Em 2013, o pesquisador Mark Post inovou ao apresentar um hambúrguer preparado com carne artificial. De lá para cá, a comunidade científica vem se movendo para produzir proteína animal cultivada in vitro, ou seja, em tubos de ensaio dentro de laboratórios. E querem também que ela chegue ao mercado o quanto antes. 

    Em dezembro do ano passado, por exemplo, a Agência Alimentar de Singapura autorizou a comercialização de nuggets de frango in vitro. Por isso, há uma grande expectativa de que, no futuro, o consumo de carne não esteja mais associado ao abate animal, e isso diminua os impactos ambientais. 

    E pode estar mais perto do que você imagina: de acordo com um relatório, a estimativa é que, em 2040, apenas 40% da carne consumida seja a convencional, sendo substituída pela de laboratório (35%) e à base de vegetais (25%).

    Mas será que é um alimento seguro? A seguir, veja detalhes sobre a produção de carne de laboratório. 

    Como é produzida?

    A carne artificial é produzida em laboratório após a coleta de células-tronco do tecido muscular dos animais. Depois disso, elas são cultivadas para se multiplicar, crescer e aumentar os nutrientes.  

    Por meio de técnicas de engenharia genética, esse material é estimulado e as células se agrupam e formam um novo tecido muscular, que dá origem à carne laboratorial. 

    No entanto, o maior desafio dos pesquisadores é o valor do procedimento, ainda bastante elevado. Além disso, é preciso investir em uma estrutura adequada para a produção do alimento. 

    Benefícios para a população

    A carne de laboratório não necessita de hormônios nem antibióticos, o que reduz o risco de problemas de saúde. Portanto, acredita-se que pode ser tão ou mais saudável do que o produto convencional. 

    Vale destacar que, antes de chegar ao consumidor, estes alimentos passam por diversas pesquisas que garantem a sua segurança e qualidade. 

    Veja abaixo outros benefícios: 

    • A produção de carne cultivada pode ser uma saída sustentável, pois o processo reduz as emissões de gases do efeito estufa, tem menor consumo de água e ainda evita os maus-tratos do abate.

    • Com o aumento progressivo da população mundial e da expectativa de vida, haverá cada vez mais um incremento na demanda por alimentos. Por isso, a carne artificial poderá ser uma alternativa no futuro. 

    A questão do sabor

    Muita gente consome a carne por conta do sabor diferenciado. Conseguir se aproximar do gosto e da textura natural do alimento é mais um dos grandes desafios encontrados na produção de carne cultivada em laboratório. 

    Para que isso aconteça, é necessário multiplicar não apenas as células musculares do animal como também outras estruturas, como gordura e colágeno, que compõem o tecido com toda a sua complexidade estrutural.

    Portanto, o sabor da carne cultivada em laboratório provavelmente ainda não será o mesmo do que a proteína animal original. Os cientistas ainda estão tentando se aproximar tanto na textura quanto na palatabilidade. 

    Fontes: Fabiana Perrechil, engenheira de alimentos e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Marcella Garcez, nutróloga e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

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