Cateterismo: como é feito e quando é indicado?
Além de ajudar no diagnóstico, o procedimento pode tratar problemas do coração. Saiba quando ele é indicado e como é feito

As doenças cardiovasculares são uma das principais causas de morte no Brasil. E, muitas vezes, estão ligadas a bloqueios nos vasos que levam sangue para o coração. Para visibilizar o coração e de suas artérias e até mesmo tratar condições de saúde, os médicos contam com um procedimento preciso: o cateterismo.
Neste artigo, você vai ler:
Siga a leitura e entenda como funciona este procedimento, quando ele é indicado e qual a diferença entre ele, a angioplastia e o stent.
Cateterismo: o que é?
O cateterismo cardíaco é um procedimento usado para diagnosticar ou tratar doenças do coração. Ele recebe esse nome porque utiliza um cateter, que é um tubo muito fino e flexível, para chegar até o coração.
Esse cateter é inserido em um vaso sanguíneo, geralmente no braço ou na perna, e navega por dentro das artérias até alcançar o coração. Chegando lá, injeta-se um contraste que permite enxergar as artérias coronárias em detalhes.
Com ele, o médico visibiliza as artérias coronárias, que são os vasos que irrigam o músculo cardíaco. Dessa forma, verificam se há alguma obstrução ou estreitamento que esteja atrapalhando o fluxo de sangue.
O exame também é conhecido como cinecoronariografia ou angiografia coronária. Ele é considerado o “padrão-ouro” pelos especialistas. Ou seja, é o método mais preciso para identificar e avaliar a gravidade de bloqueios nas artérias do coração.
Tipos de cateterismo
Há dos tipos de cateterismo. O cateterismo cardíaco avalia tanto o lado esquerdo como o direito do coração, sendo usado para diagnosticar condições, como a doença arterial coronariana, estreitamento de artérias, defeitos cardíacos, pressões intracardíacas e até mesmo tratar uma série de doenças cardíacas.
Pode ser feito no lado esquerdo do coração, principalmente para avaliar as artérias coronárias, função do ventrículo esquerdo e das válvulas mitral e aórtica.
Já o cateterismo cardíaco direito, chamado de cateterismo pulmonar, avalia exclusivamente a função do lado direito do coração e mede a pressão nas artérias pulmonares, sendo fundamental para o diagnóstico de hipertensão pulmonar.
Quando o cateterismo é indicado?
O cateterismo é indicado tanto para emergências quanto para investigações detalhadas e tratamentos programados. As principais situações em que ele é recomendado incluem:
Diagnosticar e tratar a doença arterial coronariana (DAC)
Esta é a indicação mais comum, desdobrando-se em cenários como:
- Para confirmar se a dor no peito sentida pelo paciente é causada por entupimentos que limitam a passagem de sangue para o coração. Neste caso, seria um sintoma de doença arterial coronariana.
- Na hora de um infarto agudo: o cateterismo é um tratamento de emergência. O objetivo é encontrar a artéria exata que está bloqueada e desobstruí-la o mais rápido possível para restaurar o fluxo de sangue e salvar o músculo cardíaco.
- Após um infarto prévio: o procedimento funciona como uma investigação para mapear todas as artérias coronárias. O objetivo é identificar outras obstruções perigosas que precisam de tratamento para evitar um novo evento.
Avaliar e tratar problemas estruturais do coração
O cateterismo permite avaliar o funcionamento das válvulas e do músculo cardíaco. E, quando necessário, é possível realizar tratamentos complexos na mesma sessão. Entre as aplicações terapêuticas, podemos citar:
- Correção de problemas nas válvulas mitral e aórtica.
- Tratamento de estenose aórtica: o procedimento pode ser usado para tratar o estreitamento da válvula aórtica.
- Implante de próteses valvulares: elas podem ser colocadas através de um cateter para restaurar a função de uma válvula danificada.
- Colocação de clipes: se uma válvula, como a mitral, estiver com um vazamento significativo, um clipe pode ser implantado para corrigir o problema.
Outas aplicações
Além disso, o cateterismo pode ser usado em situações como:
- Para confirmar se uma dor sentida pelo paciente é causada por entupimentos que limitam a passagem de sangue para o coração.
- Para um diagnóstico definitivo, quando exames não invasivos, como o teste de esforço, apresentam alterações;
- Para identificar problemas no coração que existem desde o nascimento, tanto em crianças quanto em adultos
- No planejamento de outras cirurgias cardíacas.
Exames recomendados antes de um cateterismo
Para o cateterismo, é aconselhável levar os resultados de exames recentes realizados nos últimos seis meses. Dentre eles, podemos ter:
- Teste de esforço;
- Cintilografia miocárdica;
- Relatórios de cirurgia cardíaca;
- Cateterismo cardíaco anterior, se houver;
- Ecocardiograma;
- Exames de sangue como a dosagem sérica de creatinina, hemograma, glicemia e coagulograma (se o paciente estiver em uso de heparina ou anticoagulantes orais).
Estes são apenas exemplos de exames que podem ser compartilhados com o médico na consulta antes do cateterismo. Mas, na consulta, dependendo do que o paciente apresentar, o médico pode solicitar ou não exames pré-operatórios.
Cateterismo, angioplastia e stent: quais são as diferenças?
De forma bem geral, podemos dizer que o cateterismo é o método de acesso, a angioplastia é a obra de reparo e o stent é a estrutura que garante a segurança desse reparo. Mas vamos aos detalhes:
Cateterismo
É o procedimento que utiliza um cateter – um tubo fino e flexível – para permitir que o médico chegue até o coração. Ele funciona como uma via de acesso, através da qual é possível tanto investigar um problema, como um bloqueio, quanto realizar um tratamento para corrigi-lo.
Angioplastia
É o tratamento de desobstrução. Se durante o cateterismo o médico encontra uma artéria entupida, ele pode realizar a angioplastia. Nela, um pequeno balão na ponta do cateter é inflado dentro da artéria. Isso empurra a placa de gordura contra a parede do vaso, reabrindo o caminho para o sangue.
Stent
É um pequeno tubo de metal, parecido com uma mola, que é colocado no local da artéria que foi aberta pela angioplastia. Ele funciona como um suporte para manter a artéria aberta de forma duradoura, reduzindo o risco de ela se fechar novamente.
Existem, inclusive, stents mais modernos que são absorvidos pelo corpo com o tempo.
Recuperação
A recuperação após um cateterismo geralmente é rápida. Na maioria dos casos, especialmente quando o procedimento é apenas para diagnóstico, o paciente pode ir para casa no mesmo dia ou na manhã seguinte, após um período de observação.
O principal cuidado é com o local por onde o cateter foi inserido. Se foi no punho, o paciente fica com um curativo compressivo e deve evitar dobrar o braço por algumas horas. Se foi na virilha, a pressão no local após a retirada do cateter é maior e o repouso com a perna esticada é mais longo, por cerca de quatro a seis horas.
O retorno às atividades normais geralmente acontece em poucos dias, seguindo sempre a orientação médica.