Criptorquidia: problema é mais comum em bebês prematuros
Se não for solucionada, condição pode trazer complicações de saúde
Os testículos são glândulas que ficam localizadas dentro da bolsa escrotal, sendo responsáveis pela produção de testosterona e espermatozoides – por isso, têm grande importância para a fertilidade e para o desenvolvimento de características masculinas. Um dos problemas que podem acometer tais estruturas é a criptorquidia.
Neste artigo, você vai ler:
Criptorquidia: o que é?
A criptorquidia é uma condição em que um ou ambos os testículos não descem para a bolsa escrotal como deveriam. Normalmente, os testículos se desenvolvem na região abdominal do feto e, ao final da gestação, migram para a bolsa escrotal. Quando esse processo não ocorre conforme o esperado, configura-se a criptorquidia.
Criptorquidia unilateral
Se apenas um testículo não estiver na bolsa escrotal, o quadro é chamado de criptorquidia unilateral. Na maioria das vezes, os pacientes apresentam esse tipo de alteração.
Criptorquidia bilateral
Se os dois testículos estiverem fora da bolsa escrotal, utiliza-se o termo criptorquidia bilateral, sendo essa uma forma mais rara da condição.
Possíveis causas para a criptorquidia
Não se sabe exatamente o que causa criptorquidia. Considera-se que essa condição pode estar associada a características anatômicas (relacionadas à musculatura abdominal, por exemplo), deficiências hormonais (como falta de Beta hCG e/ou testosterona) e fatores genéticos (síndromes genéticas e/ou histórico de criptorquidia na família podem aumentar o risco de o bebê nascer com essa condição).
Também se sabe que a criptorquidia é mais frequente em casos de prematuridade, afetando aproximadamente 30% dos recém-nascidos prematuros e 3,4% dos recém-nascidos a termo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Sinais da criptorquidia
Geralmente, a criptorquidia é detectada logo após o nascimento, durante o exame físico do bebê. O principal sinal dessa condição é a ausência de um ou ambos os testículos na bolsa escrotal. Em alguns casos, é possível identificar a posição anormal do testículo, palpando-o no abdômen ou na virilha.
Qual médico procurar?
Casos de criptorquidia costumam ser avaliados pelo pediatra ou pelo urologista. O diagnóstico é clínico, podendo ser complementado com exames de sangue (para dosar hormônios, por exemplo) e de imagem (como ultrassonografia) se houver necessidade.
É importante que pacientes com criptorquidia sejam acompanhados por um médico, pois essa condição pode trazer complicações se não for solucionada, aumentando o risco para infertilidade e câncer testicular no futuro.
Tratamento para a criptorquidia
Muitas vezes, o testículo desce espontaneamente para a bolsa escrotal nos primeiros três meses de vida. Portanto, nesse período inicial pode ser feito um acompanhamento vigilante, apenas com consultas regulares e sem uma intervenção específica.
Os tratamentos são recomendados quando o testículo ainda está fora da bolsa escrotal e o bebê já completou seis meses de vida. A principal abordagem é a cirúrgica e ela deve ser feita, preferencialmente, até os doze meses de vida da criança. Denominada orquidopexia, essa operação é capaz de reposicionar o testículo, colocando-o na bolsa escrotal.
Embora a conduta cirúrgica seja a mais comum, em alguns casos pode haver indicação de tratamento medicamentoso. Nessas situações, a descida do testículo é estimulada por meio de hormônios como testosterona (fundamental para o sistema reprodutor masculino) e hCG (que contribui para a produção de testosterona).
Fonte: Dra. Camila Luizetto, médica pediatra