Derrame pleural causa dor no peito e falta de ar
Acúmulo de líquido na pleura pode indicar doenças graves; entenda os sinais e saiba quando procurar auxílio médico
O derrame pleural é uma condição caracterizada pelo acúmulo anormal de líquido na pleura, como é chamada a membrana que reveste os pulmões e a parede torácica. No Brasil, alguns estudos indicam que entre 20% e 30% dos pacientes internados com PAC (pneumonia adquirida na comunidade) sofrem com o problema – que também acomete com frequência os pacientes oncológicos. A condição nem sempre é percebida quando começa, já que não causa dor ou desconforto imediatamente. Veja a seguir quais os sinais do problema e como é feito o tratamento dele.
Neste artigo, você vai ler:
Derrame pleural: o que é?
O derrame pleural é o acúmulo anormal de líquido na cavidade pleural, localizada entre as duas camadas da pleura, membrana que reveste os pulmões e a parede torácica: a visceral, que envolve os pulmões, e a parietal, que reveste a cavidade torácica.
Esse espaço normalmente contém uma pequena quantidade de líquido que age como lubrificante para facilitar o movimento dos pulmões durante a respiração. No entanto, quando há um desequilíbrio na produção e/ou na absorção desse líquido, ele se acumula, causando a condição.
O derrame pleural pode ser classificado em dois tipos: transudativo, geralmente associado a problemas sistêmicos como insuficiência cardíaca; e exsudativo, que está mais relacionado a inflamações ou infecções locais, como pneumonia ou câncer.
O que provoca o derrame pleural?
As causas do derrame pleural estão ligadas a condições médicas como:
- Doenças cardíacas: a insuficiência cardíaca é uma das causas mais comuns de derrame pleural transudativo, pois o coração não consegue bombear o sangue de forma eficiente, levando ao acúmulo de líquido no peito.
- Infecções: pneumonia, tuberculose e outras infecções pulmonares podem causar inflamação na pleura, resultando em derrame exsudativo.
- Câncer: tumores na pleura (mesotelioma) ou metástases de outros cânceres na região peitoral podem levar ao acúmulo de líquido.
- Embolia pulmonar: a obstrução de artérias pulmonares por coágulos também pode desencadear o problema.
Além dessas, outras condições, como cirrose hepática e doenças autoimunes, também podem estar associadas ao derrame pleural.
Sintomas do derrame pleural
Os sintomas do derrame pleural variam de acordo com a quantidade de líquido acumulado e a causa do problema. Geralmente, nos casos leves, a condição pode ser assintomática, sendo detectada apenas em exames de rotina.
No entanto, quando o volume de líquido acumulado é significativo, os sinais mais comuns são:
- Falta de ar, especialmente durante esforços físicos;
- Dor no tórax, que pode piorar ao respirar profundamente ou tossir;
- Tosse seca ou com catarro;
- Febre, em casos de infecção;
- Sensação de peso ou pressão no tórax;
- Cansaço;
- Respiração rápida e superficial;
- Febre e calafrios (em caso de infecções).
É importante destacar que a falta de ar é um dos sintomas mais preocupantes, pois indica que o líquido está comprimindo os pulmões e dificultando a respiração.
Qual médico procurar?
O médico especialista mais indicado para diagnosticar e tratar o derrame pleural é o pneumologista, especializado em cuidados dos pulmões.
Exames indicados para o diagnóstico
O diagnóstico do derrame pleural começa com uma avaliação clínica, na qual o médico analisa os sintomas e o histórico do paciente. Em seguida, ele irá solicitar alguns exames para confirmar ou descartar a hipótese diagnóstica. Os principais exames dessa lista são:
- Radiografia de tórax: permite visualizar o acúmulo de líquido na região torácica;
- Tomografia computadorizada do tórax: oferece imagens mais detalhadas da região afetada;
- Ultrassonografia: ajuda a guiar a coleta de líquido para análise (ver abaixo);
- Toracocentese: procedimento no qual o líquido acumulado no tórax é retirado para análise laboratorial, ajudando a determinar se o derrame é transudativo ou exsudativo.
- Biópsia de pleura: feita com uma agulha externa ou por videotoracoscopia.
Esses exames são fundamentais não apenas para confirmar o diagnóstico como também para orientar o médico na escolha do tratamento mais adequado para cada caso.
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Formas de tratamento para o derrame pleural
O tratamento do derrame pleural depende da causa de origem do problema. As opções incluem:
- Drenagem pleural: procedimento no qual um tubo fino é inserido na pleura para remover o excesso de líquido acumulado na cavidade;
- Uso de antibióticos: indicado quando o derrame pleural é causado por infecções bacterianas, como pneumonia e tuberculose;
- Medicamentos diuréticos: podem ser usados para reduzir o acúmulo de líquido no corpo (incluindo na cavidade torácica);
- Pleurodese: técnica que une as camadas da pleura para evitar novo acúmulo de líquido; é indicada em casos em que o problema persiste, em especial, em pacientes oncológicos.
Fonte: Dr. Elie Fiss – pneumologista na Dasa