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    7 dicas para desacelerar a mente

    Algumas ideias da psicologia e do mindfulness podem ajudar a diminuir o estresse

    Por Tiemi OsatoPublicado em 29/06/2022, às 12:13 - Atualizado em 25/05/2023, às 14:04
    Foto: Shutterstock

    Thais Requito passou anos se dedicando ao trabalho. Participava de vários projetos da empresa, envolvia-se em diversas áreas de atuação e passava horas no escritório. E isso deu resultado. Em 2014, após completar 8 anos de carreira na Microsoft, ela recebeu o prêmio Circle of Excellence, um dos maiores da multinacional. Mas, no mesmo mês, foi diagnosticada com síndrome de burnout e teve que ser afastada do trabalho. 

    Ali caiu a ficha de Thais. “Eu comecei a refletir a respeito das minhas escolhas e do que eu tinha que abrir mão, em termos de saúde e bem-estar, para alcançar objetivos profissionais”, conta. 

    +LEIA MAIS: Burnout se tornou doença do trabalho; o que muda com isso? 

    Nesse período, ela também percebeu que passar os dias tentando solucionar problemas e se preocupando com entregas profissionais resultava em mente agitada, coração acelerado e mãos formigando. “Deixar meus pensamentos soltos gerava uma carga no meu corpo que me fazia ficar cada vez mais exausta”, relata. 

    A história de Thais é apenas uma entre as várias de uma sociedade tão acelerada e repleta de demandas como a nossa. Nesses casos, o que pode nos ajudar é seguir recomendações de profissionais, como psicólogos, psiquiatras e instrutores de mindfulness. 

    Pensando nisso, separamos algumas dicas para te ajudar a desacelerar a mente e melhorar seu bem-estar. 

    Antes, vale a pena explicar o que é mindfulness, já que nem todo mundo conhece o termo — traduzido como “atenção plena”. Trata-se de uma terapia de terceira geração (ou seja, mais recente e com aplicações clínicas), com exercícios de caráter mental, contemplativo e meditativo. Os protocolos são cientificamente validados e direcionados tanto a indivíduos saudáveis como a pessoas com transtornos mentais ou portadoras de outras doenças. 

    Agora, vamos às dicas: 

    1. Faça pausas

    Tente sair do automático. Em vez de engatar uma tarefa na outra, tire alguns minutinhos para dar um respiro entre as reuniões e atividades (tanto pessoais como profissionais) do dia. 

    “É bom fazer breves pausas para checar internamente o que está acontecendo comigo e validar minhas emoções, sensações físicas e o que está se passando na minha mente”, comenta Thais Requito, que hoje atua como professora instrutora de mindfulness do Centro Mente Aberta Mindfulness Brasil, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e supervisora do programa Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness para a Depressão e para a Vida pelo Centro de Mindfulness da Universidade de Oxford. 

    Ao aproveitar os momentos de transição para fazer pausas, você se familiariza com informações que te permitem tomar decisões mais conscientes, conforme explica Thais. 

    Assim é possível identificar algum aspecto da rotina que está te fazendo mal — algo que, até então, você não tinha notado porque tal hábito estava muito consolidado na sua vida. 

    2. Pratique a atenção plena

    “Outra forma de praticar mindfulness sem necessariamente criar um espaço novo na agenda é pela prática informal”, diz Thais. “É fazer as coisas que você já faria, mas tornando-as uma prática de consciência.” 

    +LEIA MAIS: Mindfulness: o que é e como aplicar no seu dia a dia 

    O conselho aqui é o seguinte: valorize as experiências sensoriais. Focando nisso, tarefas que parecem chatas ou banais podem se tornar mais interessantes — e você não fica pensando nos seus problemas. 

    Preste atenção a sensações, texturas, cheiros e temperaturas. Você pode fazer isso na hora de lavar a louça, tomar banho, ouvir uma música ou caminhar no parque. Observe os detalhes das coisas e como o seu corpo reage a eles. “Em algum nível, isso reduz um pouco o falatório mental”, afirma Thais. 

    Foto: Shutterstock

    3. Deixe os eletrônicos de lado (o máximo que puder)

    Diminuir o tempo em frente a telas pode trazer uma série de benefícios, como redução do estresse, aumento de produtividade, melhoria no foco e sono mais regulado, conforme aponta uma publicação da Universidade de Suffolk. 

    Claro que nem sempre é possível se distanciar dos eletrônicos, mas podemos fazer o que estiver ao nosso alcance para sairmos desse estado de alerta constante com o qual estamos habituados. 

    “Vale a pena cada um testar seu limite longe das telas de computador e celular”, aconselha Juliana Yokomizo, neuropsicóloga e pesquisadora colaboradora do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “Por exemplo, deixar o celular de lado aos domingos, desabilitando ou silenciando mensagens e notificações que não sejam importantes”, sugere. 

    4. Inclua o autocuidado na agenda

    Muitas vezes, separar um momento especificamente para você pode parecer ser algo opcional — mas não deveria. Cuidar do nosso bem-estar dá um trabalhinho e exige que estejamos atentos a diferentes dimensões: física, mental, social, emocional, intelectual e espiritual.  

    “O autocuidado pode ser fazer terapia, praticar exercício físico, meditar, cultivar sua espiritualidade, exercer um hobby, socializar com pessoas próximas”, exemplifica Juliana. 

    Cada pessoa funciona de um jeito. Sua forma de autocuidado pode ser, inclusive, ficar sem fazer nada!  

    Foto: Shutterstock

    “Também pode ser ouvir uma música, ler um livro ou assistir a uma série, mas não como fuga, e sim com a consciência de que estou fazendo uma escolha e quero me cuidar”, diz Odisseia Martins, professora instrutora de Mindfulness do Centro Mente Aberta Mindfulness Brasil, da Unifesp. 

    E vale lembrar que, se não cuidarmos adequadamente das diversas esferas da nossa vida, também não sobra energia para desempenharmos o restante das nossas atividades tidas como obrigatórias. 

     5. Lembre-se: você não é uma máquina

    Como já conversamos, é interessante fazer pausas entre as tarefas. Mas mais importante ainda é abandonar a ideia de sermos multitarefa. Não somos máquinas. Então vamos fazer uma coisa por vez.

    Dessa forma, conseguimos aprimorar nossa atenção e realizar as atividades com mais qualidade. Quem sabe isso não ajuda a concluí-las em menos tempo, diminuindo o estresse e a sobrecarga na rotina?

    “Especialmente nos períodos de maior correria — seja no trabalho, na rotina, nos cuidados com familiares —, use um pente fino nas prioridades: separe bem tudo aquilo que precisa ser feito ou resolvido, deixe outras coisas menos urgentes de lado e acrescente um pouco de autocuidado”, recomenda Juliana.

    6. Encare o desagradável

    Nem tudo na vida são flores. “Devemos reconhecer que sempre haverá momentos desagradáveis, agradáveis e neutros”, constata Odisseia. “Então é importante não fugir de nada e não ficar distante do que estamos sentindo.” 

    Encare aquela tarefa chata de uma vez, sem ficar enrolando. Assim você já a tira da sua frente e não fica se remoendo ou arrastando esse peso com você.

    7. Saiba quando procurar ajuda profissional

    Foto: Shutterstock

    Embora dicas possam ser úteis, elas não fazem mágica e é preciso ter paciência para construir novos hábitos dia após dia. “Tentar encontrar um equilíbrio para favorecer o bem-estar é um exercício constante”, reforça Juliana. “Assim como a faxina de casa e escovar os dentes, não dá para tentar uma vez e achar que está tudo certo. Exige manutenção.” 

    O que pode auxiliar nessa empreitada é procurar orientação especializada de psicólogos ou psiquiatras. E não custa lembrar que, em determinados casos, essa atitude pode ser indispensável para cuidar da saúde mental. 

    “A ajuda profissional é fundamental quando a pessoa se sentir, de qualquer forma, em sofrimento, e se perceber prejudicada por esse sofrimento”, constata Juliana. “Por exemplo: se alguém não conseguir realizar as atividades do dia a dia como antes, ou não sentir as coisas como antes”, complementa. 

    +LEIA MAIS: Quando é o momento de buscar terapia?

    A depender do seu perfil, o mindfulness também pode ajudar. Isso porque uma consequência dessa prática é a regulação emocional, que traz mais tranquilidade e menos impulsividade. Mas também é essencial ter em mente que cada ser humano responde de uma maneira a essa intervenção. 

    “Não se pode vender a ideia de que mindfulness é uma panaceia que serve para todas as pessoas”, alerta Odisseia. “Não se deve aplicá-lo em condições clínicas agudas, porque há reações adversas”, comenta. 

    E, para aqueles que têm interesse nas técnicas de mindfulness, uma última dica básica: procure um instrutor habilitado, que tenha conhecimento das práticas e esteja em consonância com as diretrizes internacionais.

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