Eczema: como reconhecer os sinais e aliviar o desconforto
Inflamação na pele pode ter diferentes formas e fases
O eczema pode surgir em diferentes regiões do corpo e apresentar variações em suas causas e sintomas. Para um tratamento eficaz, é essencial identificar o tipo específico e os fatores que desencadeiam as crises.
Neste artigo, você vai ler:
Eczema: o que é?
O eczema é uma inflamação na pele que pode aparecer de diferentes formas e passar por três fases: aguda, subaguda e crônica.
Na fase aguda, a pele fica com manchas vermelhas e podem surgir pequenas bolhas com líquido, podendo estar associado a ardência e coceira. Na evolução, essas pequenas bolhas evoluem para formação de crostas, na fase subaguda. Com o tempo, a pele pode tornar-se espessada e às vezes hiperpigmentada, o que marca a fase crônica. Nem sempre uma pessoa passa por todas essas etapas.
Tipos de eczema
Os eczemas podem se manifestar de diferentes formas, dependendo da causa e da região do corpo afetada. A seguir, veja os principais tipos.
Eczema atópico (dermatite atópica)
Está relacionado a fatores genéticos e imunológicos e pode surgir desde os primeiros meses de vida, se manifestando ao longo da vida. Afeta principalmente o rosto, as dobras dos braços e pernas e está associado a doenças como asma e rinite.
Apesar de não ser uma doença psicossomática, causada por sofrimento emocional, o estresse pode piorar o eczema atópico.
Eczema de contato (dermatite de contato)
Como o próprio nome diz, surge quando a pele entra em contato com alguma substância irritante ou alergênica, como sabonetes, detergentes, medicações e produtos químicos. As áreas mais atingidas costumam ser as mãos, face, pescoço e pés.
Eczema por droga ingerida (farmacodermia eczematosa)
Ocorre como uma reação do organismo a medicamentos, como antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos.
Eczema numular
Caracteriza-se por manchas arredondadas e simétricas espalhadas pelo corpo. Sua causa exata é desconhecida, mas pode estar relacionada à dermatite atópica.
Eczema de estase
Afeta as pernas e está associado a problemas circulatórios, como varizes. A má circulação sanguínea leva a alterações locais que propiciam o surgimento do eczema.
Eczema disidrósico (disidrose)
Aparece nas mãos e pés na forma de pequenas bolhas. Pode ter várias causas, incluindo dermatite atópica, contato com substâncias irritantes ou uso de certos medicamentos. Também pode estar ligado ao estresse ou a infecções fúngicas em outras localizações.
Causas para o eczema
As causas do eczema variam conforme o tipo. No caso do eczema atópico, a predisposição genética associada a fatores ambientais desencadeia o quadro. Já no eczema de contato, reações alérgicas ou irritativas podem ser desencadeadas pelo uso de produtos como sabonetes, detergentes, medicamentos e outros agentes alérgenos.
Há também fatores relacionados à rotina de higiene que podem favorecer o surgimento do eczema, especialmente na dermatite atópica. Tomar banhos muitos banhos muito quentes, usar esponjas para esfregar a pele de forma vigorosa podem deixar a pele mais sensível e propensa a inflamações.
Para evitar esse risco, o ideal é optar por banhos curtos com água morna ou fria, uma vez ao dia apenas e aplicar o sabonete em pequena quantidade diretamente na pele sem esfregar em excesso e, após o banho, secar o corpo suavemente com uma toalha e usar hidratantes para manter a umidade natural da pele.
Caraterísticas e sintomas do eczema
O eczema se destaca pelo surgimento de pequenas áreas avermelhadas em diferentes regiões do corpo, como braços, pernas e couro cabeludo. Nessas áreas, a pele tende a ficar seca, áspera e com uma textura irregular.
Os sintomas variam conforme o tipo, mas, no geral, incluem vermelhidão, coceira intensa, ressecamento, descamação e formação de bolhas ou crostas na pele.
O eczema atópico se manifesta com coceira intensa, pele seca e inflamada, afetando principalmente o rosto e as dobras dos braços e pernas, podendo ocorrer desde os primeiros meses de vida e ao longo dos anos. Já o eczema de contato provoca vermelhidão, inchaço, coceira e, em alguns casos, bolhas na região que entrou em contato com a substância irritante ou alérgica.
No caso do eczema por droga ingerida, as lesões aparecem na pele após a ingestão de determinados medicamentos, causando inflamação, coceira e inchaço. O eczema numular muitas vezes vem acompanhado de coceira intensa.
O eczema de estase apresenta vermelhidão, inchaço e coceira, muitas vezes ligado a problemas circulatórios. Por fim, o eczema disidrósico pode causar coceira, ardência e descamação nas regiões afetadas. Esse tipo pode estar associado ao estresse ou a infecções fúngicas.
Qual médico procurar?
Para diagnosticar e tratar o eczema, o profissional mais indicado é o dermatologista, pois ele é especializado em doenças da pele e pode avaliar as lesões, identificar o tipo de eczema e prescrever o tratamento adequado.
Em alguns casos, especialmente quando há suspeita de alergias respiratórias e alimentares associadas, um alergista também pode ser consultado.
Exames indicados
O diagnóstico do eczema é feito principalmente com base no histórico clínico do paciente e na avaliação médica. O dermatologista ou alergista analisa detalhes como frequência, localização e intensidade das lesões, além de possíveis gatilhos.
Para um diagnóstico mais preciso, alguns exames podem ser solicitados.
- Biópsia de pele: pequenos fragmentos da pele são retirados e analisados para descartar outras doenças que podem mimetizar eczema.
- Teste de contato: pequenos adesivos contendo substâncias alergênicas são aplicados na pele por 48 horas e avaliados posteriormente para identificar possíveis reações a produtos químicos, metais, fragrâncias e entre outros, quando a suspeita é dermatite de contato alérgica.
- Exames de sangue: uma vez que podem detectar altos níveis de eosinófilos (células ligadas a reações imunológicas) e anticorpos IgE, que costumam estar elevados em pacientes com doenças atópicas. Também podem ser feitos testes específicos para identificar alergias alimentares.
- Testes cutâneos de alergia: testes de puntura são realizados para verificar se há sensibilização a alimentos ou alérgenos ambientais (pólen, ácaros, pelos de animais, entre outros), em casos de suspeita.
Tratamentos para o eczema
O tratamento do eczema depende do tipo e da causa do problema, sendo fundamental um diagnóstico médico para definir a melhor abordagem. Além das medicações, algumas orientações específicas ajudam a controlar a condição e aliviar o desconforto:
- Eczema atópico e numular: a hidratação da pele, por exemplo, é essencial para fortalecer a barreira protetora e evitar o agravamento das lesões.
- Eczema de contato e farmacodermia: o principal cuidado é evitar o contato com a substância que causou a reação, prevenindo novas crises.
- Eczema de estase: um tratamento para a circulação sanguínea na região afetada ajuda a controlar os sintomas.
No geral, anti-histamínicos podem ser utilizados para aliviar os sintomas, enquanto corticosteroides ajudam a reduzir a inflamação, mas devem ser usados com cautela para evitar efeitos colaterais. Se houver infecção secundária, o médico pode prescrever antibióticos.
Para casos mais resistentes, podem ser indicados outros tratamentos como fototerapia, uso de imunossupressores e imunobiológicos.
Fonte: Luisa Juliatto – dermatologista na Dasa