Frequência cardíaca: o que o ritmo do seu coração pode revelar sobre a sua saúde?
Oscilações nos batimentos cardíacos podem indicar desde um simples momento de estresse até doenças do coração
Frequência cardíaca é o nome dado ao número de vezes que o coração bate por minuto. De atletas a sedentários, todos possuem um ritmo próprio de batimentos por minuto; por isso, esse valor é considerado um importante indicativo tanto de saúde como de possíveis doenças envolvendo o coração e o sistema cardiovascular. Assim, entender essas variações e estar atento a possíveis anormalidades pode fazer diferença no bem-estar e na prevenção de doenças.
Neste artigo, você vai ler:
Frequência cardíaca: o que é?
A frequência cardíaca corresponde ao número de vezes que o coração bate para impulsionar o sangue para todas as partes do corpo. Esse número varia ao longo do dia por ser influenciado por fatores como atividade física, sono, emoções e alimentação.
Curiosamente, embora exista uma média global, cada pessoa tem uma velocidade específica de batimentos cardíacos, influenciado por fatores como estatura, peso, idade e a presença ou não de doenças cardiovasculares, por exemplo.
Referência
A medição da frequência cardíaca é geralmente expressa em batimentos por minuto (bpm). E, como dissemos, os valores geralmente variam e dependem de fatores individuais como idade, nível de condicionamento físico e estado de saúde geral.
No entanto, algumas faixas numéricas são consideradas por entidades médicas e associações no mundo todo como guias gerais na hora de avaliar o paciente.
Frequência cardíaca normal
De acordo com a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) e outras entidades médicas, a faixa de normalidade da frequência cardíaca em vigília (ou seja, quando estamos acordados, mas sem praticar atividade física) é de 50 bpm a 99 bpm. Alguns médicos e algumas publicações também aceitam que os batimentos cardíacos girem em torno de 60 a 100 por minuto em adultos saudáveis.
Frequência cardíaca alta
Uma frequência cardíaca acima de 100 bpm em repouso é considerada uma taquicardia. O coração acelerado pode ser uma resposta fisiológica a situações como estresse, ansiedade, febre, infecções ou até ao consumo de estimulantes como cafeína e nicotina.
No entanto, a taquicardia também pode ser um sinal de condições médicas como a arritmias cardíacas, hipertireoidismo ou outros problemas no coração. Quando esses episódios ocorrem com frequência, é importante investigar as causas por trás deles.
Vale dizer que o aumento da frequência cardíaca é esperado durante a atividade física. O esforço faz com que os batimentos cardíacos aumentem para fornecer mais oxigênio e nutrientes aos músculos. Em condições normais, isso eleva a frequência cardíaca para 100-150 bpm, dependendo da intensidade do exercício. A frequência cardíaca máxima de um ser humano pode ser estimada através da fórmula: 220 – idade (bpm).
Frequência cardíaca baixa
A frequência cardíaca baixa é chamada de bradicardia e é considerada quando os batimentos por minuto ficam abaixo de 60.
Embora alguns atletas de alto rendimento consigam manter seus batimentos nessa faixa por terem um coração eficiente, na maioria dos casos, essa frequência baixa pode indicar problemas de saúde — especialmente se vier acompanhada de sintomas como fraqueza, fadiga e/ou desmaios.
Fatores que podem alterar a frequência cardíaca
A frequência cardíaca pode variar individualmente e também de acordo com o momento do dia e a atividade que estamos realizando. Alguns fatores que influenciam nessa variabilidade são:
Aumento para mais de 100 bpm:
- Fortes emoções (como medo, raiva, felicidade e ansiedade);
- Crise de ansiedade e de pânico;
- Realizar esforço físico;
- Ter relação sexual;
- Febre;
- Prática de exercícios físicos;
- Uso de certos medicamentos;
- Consumo de substâncias estimulantes, como cafeína, álcool e drogas ilícitas;
Frequência abaixo de 60 bpm:
- Envelhecimento;
- Efeito colateral de alguns tipos de medicamentos;
- Problemas cardíacos;
- Bom condicionamento cardíaco, especialmente em atletas.
Riscos
Alterações persistentes na frequência cardíaca, tanto para cima quanto para baixo, podem estar associadas a diversos riscos para a saúde.
Quando a frequência cardíaca está acima do esperado sem uma causa aparente (como, por exemplo, quando a pessoa está em repouso e não está praticando nenhum esforço físico) deve-se estar alerta para problemas que podem ser do próprio coração ou outras doenças, como um distúrbio hormonal como o excesso de hormônios da tireoide.
Dentre os problemas do coração, as arritmias – problema caracterizado pelo batimento rápido e fora do compasso do coração — são o principal sinal de alerta para procurar atendimento médico.
Algumas alterações de ritmo podem até manter o compasso, mas o batimento muito acelerado pode causar sintomas de cansaço, fraqueza e tontura — e isso também deve ser motivo de buscar ajuda imediata.
Isso porque a taquicardia não controlada, em casos graves, pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.
Outras patologias, como alterações de tireoide, ansiedade, estresse ou mesmo infecções com febre também podem acelerar o coração e, nesse caso, ele mesmo dá o alerta, funcionando como um termômetro da saúde do corpo.
Por fim, a bradicardia sintomática pode causar fadiga, fraqueza, tontura e até mesmo parada cardíaca — daí a igual importância de se buscar atendimento médico imediato ao perceber esses sinais.
Especialmente em idosos, as alterações nos batimentos cardíacos devem ser motivo para a procura de atendimento, em virtude da maior probabilidade de doenças subjacentes.
Quando procurar por um médico?
Quando acontece uma mudança repentina na frequência cardíaca — para mais ou para menos – e ela vem acompanhada de sintomas como dor no peito, tontura, falta de ar, suor excessivo e desmaio, é importante buscar ajuda médica imediatamente.
Na ausência de sintomas intensos ou alterações abruptas, pode-se agendar uma consulta com um cardiologista para investigar alterações cardíacas acompanhadas de como dores no peito, palpitações, falta de ar, cansaço e inchaços nas pernas, entre outros.
Pessoas com histórico de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes ou que fazem uso contínuo de medicamentos também devem realizar esse monitoramento com maior atenção.
Além disso, é recomendado que os homens acima dos 50 anos e as mulheres acima dos 45 anos realizem um check-up cardiológico anual, mesmo sem sintomas.
Exames que auxiliam a monitorar a frequência cardíaca
Exames como eletrocardiograma e Holter são importantes pois registram a atividade elétrica do coração e mostram os padrões anormais que podem ser indicativos de arritmias.
Quando não é possível identificar o problema por esses métodos não invasivos, a opção é outro exame chamado estudo eletrofisiológico, que é um exame invasivo feito com o cateterismo cardíaco que busca avaliar os distúrbios do ritmo cardíaco.
Nesse exame, cateteres com eletrodos são inseridos no coração geralmente pela veia localizada na virilha para que seja feito o diagnóstico e localização do foco de origem da arritmia.
Formas de tratamento para as causas de alterações na frequência cardíaca
Os tratamentos para corrigir as alterações cardíacas devem ser definidos de forma individual. No caso de doenças como problemas na tireoide ou infecções, o tratamento da causa primária geralmente é suficiente para resolver o problema.
No caso das arritmias, podem ser prescritos medicamentos e mudanças no estilo de vida para controlar os batimentos do coração. Em casos mais complexos, pode-se realizar a chamada cardioconversão elétrica, procedimento feito com sedação e em ambiente hospitalar que consiste em aplicar um choque no tórax para reverter a arritmia e retomar os batimentos cardíacos normais.
Em alguns casos de taquicardia, os médicos podem optar por realizar a ablação por cateter, uma técnica que consiste em cauterizar o foco da arritmia durante um estudo eletrofisiológico.
Nos casos de bradicardias, a implantação de marca-passos é importante para controlar e manter o ritmo cardíaco. Um tipo de aparelho específico também pode ser implantado em pacientes com taquicardia ventricular grave (com risco de morte). Chamado de desfibrilador automático, ele faz a detecção do ritmo cardíaco alterado e libera um choque ressuscitador que corrige a pulsação quando necessário.
Fonte: Dr. Marcelo Henrique Bueno – Cardiologista