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    Glicogenose: condição geralmente afeta fígado e músculos

    Indivíduos com glicogenose podem ter hipoglicemia, fraqueza muscular e hepatomegalia, entre outros sintomas

    Por Tiemi OsatoPublicado em 06/05/2024, às 14:53 - Atualizado em 06/05/2024, às 16:24

    Glicogenose

    O glicogênio é uma reserva de energia do nosso corpo, feita a partir de moléculas de glicose (açúcar). Ele é encontrado principalmente no fígado e nos músculos e funciona como uma “poupança”: o organismo a constrói quando tem energia abundante e a utiliza quando há falta de energia. No entanto, existem pessoas que apresentam uma deficiência nesse mecanismo, assim configurando um quadro de glicogenose. 

    O que é glicogenose?  

    Glicogenose é um termo que se refere a um grupo de condições genéticas caracterizadas por um problema na utilização do glicogênio. Elas também são conhecidas como doenças do armazenamento (ou depósito) do glicogênio. 

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    Um dos sinais mais importantes das glicogenoses é a hipoglicemia (ou seja, o baixo nível de glicose no sangue). Em consequência, pode haver também aumento dos triglicerídeos. De maneira geral, os principais sintomas incluem: 

    • Aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia); 
    • Aumento do coração (cardiomegalia); 
    • Deficiência de crescimento; 
    • Fraqueza muscular; 
    • Cansaço; 
    • Fadiga; 
    • Problemas renais; 
    • Convulsões. 

    Quais são as causas das glicogenoses?  

    As glicogenoses são condições raras, relacionadas a mutações genéticas e hereditárias (variações no DNA que passam dos pais para os filhos). 

    O glicogênio é uma molécula complexa, cheia de ramificações que permitem o armazenamento de um número enorme de unidades de glicose. Quando falta energia, determinadas enzimas entram em ação, degradando o glicogênio, e logo o organismo tem à sua disposição muitas unidades de glicose para utilizar como energia. 

    Tais enzimas de degradação são proteínas codificadas por genes. Se houver alguma mutação nesses genes, é possível que as enzimas não funcionem bem, impedindo assim que a glicose fique disponível para uso. 

    As glicogenoses, portanto, são causadas por mutações genéticas que afetam o funcionamento de certas enzimas, o que leva a problemas na degradação do glicogênio. 

    Tipos de glicogenose  

    Existem diferentes tipos de glicogenose, dependendo da enzima que está deficiente. Algumas afetam mais o fígado, enquanto outras atingem mais os músculos (ambas são regiões do corpo em que há bastante glicogênio). 

    Duas formas bem conhecidas de glicogenose são: 

    Glicogenose tipo I (doença de Von Gierke) 

    A glicogenose tipo I, também chamada de doença de Von Gierke, corresponde à deficiência de glicose-6-fosfatase. Os pacientes tendem a apresentar hipoglicemia e aumento do fígado (hepatomegalia). 

    Glicogenose tipo II (doença de Pompe) 

    Na glicogenose tipo II, ou doença de Pompe, há uma deficiência de alfa-glicosidase ácida (GAA). Essa condição é marcada por fraqueza muscular e aumento do coração (cardiomegalia). 

    Como é feito o diagnóstico?  

    A suspeita de glicogenose surge a partir de sinais e sintomas como hepatomegalia, hipoglicemia, fraqueza muscular, entre outros. 

    Em alguns casos, a atividade das enzimas pode ser medida no sangue. Isso se aplica, por exemplo, à alfa-glicosidase (cuja deficiência está atrelada à glicogenose tipo II). Na maioria das situações, porém, as enzimas só poderiam ser dosadas no tecido hepático ou muscular – uma abordagem bem invasiva e pouco disponível. 

    Diante desse cenário, um exame que facilita o processo diagnóstico é o painel NGS, que consiste no sequenciamento genético. O procedimento possibilita a análise de genes envolvidos nas glicogenoses, sendo realizado com base em uma amostra de sangue ou de saliva do paciente. 

    Tratamento para glicogenose: como é feito?  

    Alguns tipos de glicogenoses possuem tratamento específico. A glicogenose tipo II, por exemplo, é tratada por meio da reposição enzimática. 

    Outros tipos, como a glicogenose tipo I, são abordados por medidas de manejo dietético (ou seja, medidas relacionadas à alimentação) para prevenir o acúmulo de glicogênio e a ocorrência de hipoglicemia. 

    Glicogenose tem cura?  

    Não existe cura para glicogenose, mas os tratamentos são capazes de melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Vale dizer ainda que cientistas e médicos têm testado novas abordagens, como a terapia gênica, que podem estar disponíveis em breve. 

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    Fonte: Dr. Roberto Giugliani, médico geneticista e head de Doenças Raras da Dasa Genômica 

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