Hipertensão arterial: riscos diminuem com a adoção de hábitos saudáveis
Pacientes com pressão alta devem ser acompanhados pelo cardiologista, que pode prescrever medicamentos se necessário
A hipertensão arterial é um problema cardiovascular comum: atinge cerca de 27,9% da população brasileira, tendo uma prevalência maior em indivíduos a partir de 55 anos, de acordo com dados do Ministério da Saúde de 2023. Ela não costuma causar sintomas, mas precisa ser tratada para evitar o desenvolvimento de quadros graves.
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Tal controle pode ser bem feito com a adoção de hábitos saudáveis e, se necessário, a administração de medicamentos. É fundamental que pacientes com pressão alta sejam acompanhados regularmente por um médico para garantir que a abordagem terapêutica escolhida está sendo eficaz e, assim, diminuir o risco de complicações.
Hipertensão arterial: o que é?
A hipertensão arterial é uma condição crônica, em que a pressão com a qual o sangue circula pelas artérias encontra-se permanentemente elevada.
A medida da pressão arterial envolve dois números: o da pressão sistólica (que aparece primeiro nas medições e corresponde à pressão exercida pelo sangue contra as paredes arteriais quando o coração contrai) e o da diastólica (que aparece em segundo e corresponde à pressão quando o coração relaxa).
Valores consistentemente acima de 140 mmHg (para pressão sistólica) e/ou 90 mmHg (para pressão diastólica) caracterizam a hipertensão arterial. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) também chama atenção para a pressão de 130/80 mmHg (ou 13 por 8), que já é considerada acima do normal.
Riscos
Se não for tratada corretamente, a hipertensão arterial tende a endurecer as artérias, dificultando o transporte de sangue. Isso pode sobrecarregar algumas estruturas do organismo, especialmente os vasos sanguíneos, o coração e os rins.
Dessa maneira, cresce o risco de infarto do miocárdio (que ocorre quando o coração não recebe a quantidade necessária de sangue), AVC (interrupção de fluxo sanguíneo para o cérebro) e insuficiência cardíaca (comprometimento da capacidade do coração de bombear sangue).
Além disso, a hipertensão arterial não controlada aumenta o risco para insuficiência renal. Neste quadro, o rim não consegue exercer corretamente sua função de filtragem.
O que causa a hipertensão arterial?
O desenvolvimento da hipertensão arterial pode ser favorecido por uma série de fatores, entre os quais:
- Genética (sobretudo no caso de pais com hipertensão arterial);
- Idade avançada;
- Alimentação inadequada (com excesso de sal e de gordura saturada e trans);
- Sobrepeso ou obesidade;
- Colesterol alto;
- Falta de atividade física;
- Consumo de álcool;
- Tabagismo.
Formas de prevenir a hipertensão arterial
As medidas que ajudam a prevenir a hipertensão arterial são as mesmas que contribuem para uma boa saúde geral. Uma das principais orientações diz respeito à alimentação. A dieta deve ser equilibrada e baseada em alimentos in natura ou minimamente processados, evitando excesso de sal e comidas com alto teor de gordura trans ou saturada.
Outro pilar da prevenção à pressão alta é a atividade física. O ideal é realizar no mínimo 150 minutos semanais de atividades aeróbicas moderadas a intensas, além de exercícios de força em pelo menos dois dias da semana. Mas qualquer movimento – até mesmo uma simples caminhada – é melhor do que nenhum.
Também é importante manter um peso adequado, para que não haja sobrepeso ou obesidade, e controlar doenças crônicas já existentes, principalmente diabetes.
Por fim, recomenda-se aderir a práticas que diminuam o estresse, não fumar e moderar o consumo de álcool.
Em suma, ter um estilo de vida saudável é a melhor forma de prevenir a hipertensão arterial. Porém, é importante dizer que o componente genético tem influência significativa no desenvolvimento dessa doença – portanto, nem sempre é possível evitá-la.
Sintomas de hipertensão arterial
A hipertensão arterial é uma doença considerada silenciosa, ou seja, que não costuma gerar sintomas. Por este motivo, é recomendável que pessoas acima de 20 anos meçam a pressão arterial regularmente – no mínimo, uma vez ao ano (ou duas, se houver histórico familiar de pressão alta).
Embora a hipertensão geralmente não cause sintomas, podem surgir algumas manifestações se a pressão arterial estiver muito alta. Em quadros mais graves, os pacientes podem apresentar angina (dor no peito), dor de cabeça, visão embaçada, tontura, zumbido no ouvido e sangramento nasal.
Qual médico procurar?
O cardiologista é o médico mais indicado para avaliar casos de hipertensão arterial e analisar o risco de desenvolvimento de complicações – a exemplo de ataque cardíaco, insuficiência cardíaca e arritmia.
Também pode ser necessário o acompanhamento de outros especialistas, como do endocrinologista (se houver diagnóstico de diabetes) e do nefrologista (se for identificado algum problema nos rins).
Exames indicados
O diagnóstico da hipertensão arterial pode ser feito a partir da aferição da pressão em consultório. E a pressão deve estar elevada em duas consultas distintas, sendo que o protocolo é realizar duas medidas por consulta.
Isso porque a pressão arterial varia ao longo do dia e é influenciada por fatores externos (exercício físico, estresse, consumo de álcool, entre outros). Então, o diagnóstico se confirma mediante a repetição de resultados alterados.
O médico ainda pode pedir outros exames para avaliar a saúde cardiovascular. É comum a solicitação de exames de sangue (como hemograma, glicemia de jejum e lipidograma), eletrocardiograma (para medir a atividade elétrica do coração e o ritmo dos batimentos cardíacos) e MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial, feita durante 24h).
Tratamentos para a hipertensão arterial
Há duas abordagens terapêuticas para pacientes com hipertensão arterial. A primeira, recomendada a todos os indivíduos, envolve a adoção de hábitos saudáveis:
- Ter uma alimentação equilibrada (baseada em alimentos in natura ou minimamente processados, evitando excesso de sal e comidas com alto teor de gordura trans ou saturada);
- Praticar atividades físicas com frequência;
- Manter um peso adequado (para evitar quadros de sobrepeso ou obesidade);
- Não fumar;
- Não consumir álcool em excesso.
A segunda abordagem é medicamentosa. Ela é indicada para casos em que não é possível controlar a pressão arterial somente com adaptações no estilo de vida.
Nessas situações, combina-se a manutenção dos hábitos saudáveis com a administração de medicamentos. Existem diversas opções de medicação para hipertensão arterial – sendo possível, inclusive, que mais de um remédio seja prescrito ao mesmo tempo.
Entre as classes de medicamento mais comuns, estão:
- Inibidores da enzima conversora da angiotensina e antagonistas de receptores de angiotensina (que atuam sobre hormônios relacionados ao controle da pressão);
- Bloqueadores de canais de cálcio (que promovem o relaxamento das artérias, tornando-as menos estreitas);
- Diuréticos (que retiram excesso de fluido do corpo).
A alternativa mais adequada para tratamento da hipertensão arterial varia conforme as particularidades de cada caso, que devem ser avaliadas por um médico.
Fonte: Rica Buchler – Cardiologista