Insuficiência cardíaca: o que acontece quando o coração não funciona bem?
Condição crônica afeta milhares de pessoas no mundo todo
A insuficiência cardíaca é uma condição médica que compromete a capacidade do coração de bombear sangue de maneira eficiente para o corpo. Estima-se que existam cerca de 64 milhões de pessoas com insuficiência cardíaca no mundo – no Brasil, esse número chega a dois milhões, com estimativa de 240 mil novos casos por ano. Essa condição pode ou não estar associada a outras doenças cardíacas e tem impacto significativo na qualidade de vida do paciente. Saiba mais sobre ela a seguir.
Neste artigo, você vai ler:
O que é insuficiência cardíaca?
A insuficiência cardíaca é uma cardiopatia, ou seja, uma doença que afeta o funcionamento do coração. Nesta condição, o órgão não consegue bombear sangue suficiente para suprir as necessidades do corpo, comprometendo o transporte de oxigênio para órgãos e outros tecidos.
Isso ocorre quando o músculo cardíaco enfraquece, se torna dilatado ou ainda quando ele fica rígido, dificultando o bombeamento eficaz do sangue.
Tipos de insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca pode ser classificada didaticamente em diferentes formas, sendo as mais comuns:
- Sistólica: quando o coração não consegue se esvaziar adequadamente;
- Diastólica: quando ele não consegue se encher adequadamente;
- Direita: quando acomete principalmente as câmaras direitas do coração;
- Esquerda: quando acomete principalmente as câmaras esquerdas do coração;
- Aguda: quando se instala subitamente, após um infarto agudo do miocárdio ou uma disfunção aguda de uma valva cardíaca, por exemplo;
- Crônica: quando se instala lenta e progressivamente.
Muitas vezes a disfunção sistólica, diastólica, direita e esquerda podem acontecer concomitantemente.
A insuficiência cardíaca também pode ser chamada de IC descompensada, quando o paciente com sintomas ainda não foi medicado ou a medicação em uso não está surtindo o efeito desejado. Neste caso, ocorre uma piora súbita ou progressiva dos sintomas como falta de ar, inchaço e cansaço.
Insuficiência cardíaca congestiva (ICC)
A insuficiência cardíaca congestiva é uma das formas mais comuns e graves dessa doença e ocorre quando o bombeamento ineficiente do coração causa o acúmulo de líquidos nos pulmões, no abdômen, nas pernas e nos pés — um quadro chamado de congestão.
Esse tipo de insuficiência cardíaca exige atenção redobrada, pois pode levar a complicações graves, como infecções pulmonares e piora progressiva da função cardíaca.
O que causa insuficiência cardíaca?
A principal causa de insuficiência cardíaca é a obstrução das artérias do coração, cuja causa principal é o infarto agudo do miocárdio. Isso porque a obstrução (e a consequente falta de oxigênio) causa a morte celular do músculo cardíaco, gerando sequelas que podem interferir na capacidade de bombeamento do coração.
No Brasil, outra causa muito comum de insuficiência cardíaca é a Doença de Chagas, causada por um protozoário que provoca danos graves ao coração.
Outras causas conhecidas para o problema são:
- Hipertensão arterial;
- Alterações metabólicas (como problemas da tireoide);
- Diabetes;
- Doenças virais que podem causar miocardite (inflamação do miocárdio, o músculo do coração), como a covid-19;
- Causas genéticas;
- Uso de quimioterápicos (para pacientes com câncer);
- Doença renal crônica.
Quais são os sintomas de insuficiência cardíaca?
O principal sintoma da insuficiência cardíaca é a falta de ar, o que pode ser relatado pelo paciente como sensação de cansaço e/ou falta de fôlego.
Esse sintoma surge inicialmente quando há um esforço além do normal para a pessoa. No entanto, conforme a doença avança, mesmo atividades comuns (como tomar banho ou trocar de roupa) podem provocar esse sintoma.
Outros sinais comuns da condição incluem:
- Inchaço (edema) nas pernas, nos tornozelos e pés;
- Fadiga;
- Desmaio;
- Tontura;
- Tosse persistente.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de insuficiência cardíaca é feito de forma clínica, ou seja, o médico cardiologista avalia o histórico de vida do paciente e, por meio de um teste com pontuação específica (chamado de “score”), pode constatar o problema.
Outros exames complementares são feitos para confirmar o diagnóstico e ajudar a classificar o tipo e grau da doença. São eles:
- Eletrocardiograma (ECG);
- Ecocardiograma;
- Teste de esforço (também chamado de teste ergométrico);
- Exames de sangue.
É importante ressaltar que o diagnóstico deve ser feito por um médico cardiologista, de preferência com experiência nesse tipo de quadro de saúde.
Insuficiência cardíaca tem cura?
Infelizmente, não existe cura para a insuficiência cardíaca. No entanto, com o tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e aumentar a expectativa de vida.
A maioria dos indivíduos com o problema, aliás, têm uma boa qualidade de vida com o uso de medicamentos e outras intervenções médicas.
Qual é o tratamento?
O tratamento para insuficiência cardíaca visa prolongar e melhorar a vida do paciente, além de reduzir os riscos de complicações. Os tratamentos mais comuns incluem:
- Uso de medicamentos para controlar os sintomas e melhorar a função cardíaca;
- Realização de cirurgia para reparar ou substituir valvas cardíacas ou para melhorar a função de bombeamento do coração;
- Implementar mudanças no estilo de vida, controlando doenças crônicas (como diabetes e colesterol), melhorando alimentação e praticando atividade física.
Em casos muito graves e avançados, o transplante de coração pode ser uma opção, mas não é necessariamente o tratamento padrão para todos. Ela é considerada apenas para pacientes com insuficiência cardíaca grave que não respondem aos tratamentos convencionais.
Cuidados necessários
Pacientes portadores de insuficiência cardíaca devem adotar uma rotina de cuidados diários que vai além dos tratamentos medicamentosos para prevenir crises e manter a estabilidade cardíaca. A seguir, veja algumas recomendações:
- Acompanhamento regular: consultas periódicas com o cardiologista e exames para monitorar a função cardíaca são indispensáveis.
- Alimentação balanceada: manter uma dieta rica em nutrientes e com baixo teor de sal, além de evitar ultraprocessados, ajuda a evitar a retenção de líquidos e melhora o funcionamento do coração.
- Exercícios físicos supervisionados: atividades leves a moderadas, como caminhadas, podem fortalecer o coração e melhorar a circulação.
- Controle de peso: monitorar o peso, às vezes diariamente, pode auxiliar na identificação precoce de retenção de líquidos.
- Evitar substâncias prejudiciais: álcool e tabaco devem ser eliminados da rotina, pois podem agravar a insuficiência cardíaca.
É importante lembrar que cada paciente tem necessidades específicas de acordo com seu quadro. Por isso, é importante traçar uma estratégia com o médico que acompanha o caso para personalizar e otimizar os cuidados com a saúde do coração.
Fonte: Dr. Eduardo Lima – cardiologista