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    Infarto: como ele acontece e quais exames protegem seu coração

    Nem sempre a dor no peito é o sinal de emergências cardíacas; conheça outros sinais

    Fonte: Dr. Carlos SuaideCardiologistaPublicado em 24/09/2025, às 16:56 - Atualizado em 24/09/2025, às 17:04

    infarto

    O infarto agudo do miocárdio é a principal causa de mortes no Brasil. O Ministério da Saúde estima de 300 mil a 400 mil casos anuais. A estatística é grave, pois a cada cinco a sete desses casos, um termina em óbito. 

    E o cenário vem se agravado. Um levantamento da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo revela que, nos últimos 20 anos, as internações por infarto cresceram quase 158%.  

    A maioria desses atendimentos, aliás, acontece em caráter de urgência, mostrando que as pessoas chegam ao hospital quando o quadro já é grave. 

    Por isso, siga a leitura e conheça os sinais do corpo, os fatores de risco e como agir diante de uma suspeita de infarto. 

    Infarto: o que é? 

    O infarto acontece quando o fluxo de sangue para o coração é interrompido. Essa interrupção impede a chegada de oxigênio ao músculo cardíaco e, sem oxigênio, as células dessa região começam a morrer, o que caracteriza o ataque cardíaco. 

    Geralmente, o infarto é causado por um coágulo que bloqueia a passagem do sangue. Esse coágulo se forma quando uma placa de gordura se rompe dentro de uma artéria coronária, um dos vasos que levam sangue ao próprio coração.  

    Esse acúmulo de gordura, chamado de aterosclerose, é um processo silencioso que acontece ao longo de muitos anos. 

    Tipos de infarto 

    O infarto agudo do miocárdio (IAM) é o nome técnico para o ataque cardíaco, e acontece quando há a morte de células do músculo cardíaco (miocárdio) por falta de oxigênio. 

    A principal causa é a formação de um coágulo sobre uma placa de gordura. E a extensão do dano ao coração depende do tempo que a artéria fica bloqueada e da área afetada.  

    Quando a artéria irriga uma parte muito grande do músculo cardíaco, ele para de funcionar de uma vez. E acontece o chamado infarto fulminante, um evento súbito e que provoca a morte em minutos ou em até 24 horas após os primeiros sintomas. 

    Infarto em jovens 

    O infarto deixou de ser um problema exclusivo dos mais velhos e os números comprovam isso. As internações de adultos com menos de 40 anos vêm aumentando há décadas.  

    E os dados são ainda mais específicos e preocupantes entre as mulheres jovens. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a incidência de infartos (não o número de mortes) em mulheres de 15 a 49 anos subiu 62% entre 1990 e 2019. 

    Esse aumento ocorre em função do chamado “estilo de vida moderno”, que inclui má alimentação, sedentarismo e estresse. O uso de drogas, como a cocaína, também eleva o risco.  

    É importante destacar que, ao contrário de informações falsas divulgadas em sites e grupos de troca de mensagens, não há qualquer relação entre o aumento de infartos e as vacinas contra a covid-19. 

    Fatores de risco 

    Os principais fatores de risco para o infarto são: 

    • Hipertensão; 
    • Colesterol alto; 
    • Diabetes; 
    • Tabagismo; 
    • Sedentarismo. 

    Mas outros fatores também contribuem para o problema: 

    • Obesidade; 
    • Histórico familiar de doenças cardíacas; 
    • Estresse crônico; 
    • Idade (o risco aumenta com o envelhecimento). 

    Além disso, é preciso evitar uso de medicamentos e de suplementos (mesmo os ditos “naturais”) sem orientação médica.  

    Por exemplo: homens com problemas cardíacos devem conversar com um médico antes de usar a tadalafila, pois ela pode interagir com remédios para o coração. 

    Sintomas de infarto 

    O sintoma mais característico do infarto é a dor forte no peito, que pode ser descrita como um aperto, peso ou queimação. Ela pode se espalhar para o braço esquerdo, as costas, o pescoço e a mandíbula. Além disso, suor frio e falta de ar também são comuns. 

    Mas existem outros sinais que merecem atenção:

    • Tontura ou desmaio; 
    • Palidez; 
    • Náuseas e vômitos; 
    • Fadiga intensa e repentina. 

    Sintomas de infarto em mulheres 

    As mulheres podem não sentir a clássica dor no peito. Nelas, os sintomas costumam ser mais sutis e podem ser confundidos com outros problemas. Elas infartam menos, mas morrem mais, em parte pela dificuldade no reconhecimento dos sinais e pela demora em procurar ajuda. 

    Os sintomas mais comuns em mulheres são cansaço inexplicável, falta de ar, desconforto no estômago (parecido com indigestão) e dor nas costas ou na mandíbula. Náuseas e tonturas também são frequentes.

    Infarto silencioso 

    É possível ter um infarto sem o sintoma clássico de dor no peito. E esse evento é conhecido como infarto silencioso. Na verdade, em alguns casos, ele pode não apresentar sinal algum. 

    Por causa da ausência de sinais claros, o diagnóstico não é feito na hora e muita gente só descobre que teve um infarto tempos depois, geralmente durante exames de rotina. 

    Alguns grupos têm maior propensão ao infarto silencioso, como mulheres, idosos e pessoas com diabetes. Neles, sintomas vagos como mal-estar ou cansaço podem ser o único indício. 

    Prevenção 

    A maioria dos infartos pode ser evitada, e adoção de um estilo de vida saudável é a principal medida. Isso inclui ter uma alimentação rica em frutas, vegetais e grãos integrais e pobre em gorduras e açúcar. Além de praticar esporte regularmente, não fumar, controlar o peso e monitorar a saúde do coração. 

    Com um check up periódico, o médico pode identificar e tratar fatores de risco antes que eles causem problemas mais sérios. Hoje, a maioria das internações por infarto acontece em caráter de urgência.  

    Em 2023, quase 85% dos homens e 74% das mulheres chegaram ao hospital em uma emergência, o que reforça a importância de não esperar o problema se agravar para buscar ajuda. 

    Exames cardiológicos 

    Diante de uma suspeita de infarto, os médicos precisam agir rápido para confirmar o diagnóstico. O primeiro e mais importante exame é o eletrocardiograma. Ele registra a atividade elétrica do coração e pode mostrar alterações imediatas.  

    Junto a ele, são feitos exames de sangue para medir marcadores cardíacos, como enzimas que aumentam quando há lesão no músculo do coração. 

    Para monitorar o coração e evitar um primeiro ou um novo infarto, outros exames são usados pelo cardiologista. O ecocardiograma, por exemplo, é um ultrassom do coração. Ele avalia a estrutura e a capacidade de bombeamento do órgão, mostrando se há sequelas.  

    Já o teste ergométrico, feito em esteira ou bicicleta, avalia como o coração responde ao esforço físico, ajudando a identificar problemas em fases iniciais. E a angiotomografia de artérias coronárias usa contraste para obter imagens detalhadas dos vasos, permitindo visualizar obstruções e placas de gordura. 

    Para um cuidado geral da saúde do coração, o médico ainda pode solicitar o Holter, que monitora os batimentos por 24 horas para detectar arritmias e o exame MAPA, que acompanha a pressão arterial ao longo do dia, ajudando a controlar a hipertensão, um dos principais fatores de risco. 

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    Tratamentos para o infarto  

    O tratamento do infarto tem um objetivo principal e urgente: desobstruir a artéria bloqueada o mais rápido possível. Isso restaura o fluxo de sangue e salva o músculo cardíaco.  

    Antes da chegada da ambulância, se o paciente não for alérgico e houver orientação do serviço de emergência, ele pode fazer uso de um antiplaquetário para ajudar a afinar o sangue e evitar que o coágulo aumente.

    Na ambulância, a depender do tipo de infarto, trombolíticos podem ser aplicados diretamente na veia do paciente para dissolver o coágulo que está causando a obstrução. 

    No hospital, também a depender do tipo do infarto, o tratamento mais comum e eficaz é a angioplastia coronária. Neste procedimento, um cateter fino é levado até a artéria entupida. Na ponta dele, um pequeno balão é inflado para abrir o vaso. Na maioria das vezes, é colocado um stent, uma pequena mola de metal, para impedir que a artéria se feche novamente. 

    Há casos em que o paciente não tem condições de fazer a angioplastia. Por exemplo, se a artéria tiver muitas lesões ou uma obstrução em um ponto de difícil acesso com o cateter. Nesses casos, o paciente é encaminhado para a cirurgia de ponte de safena. 

    Nessa cirurgia, o médico retira um vaso sanguíneo de outra parte do corpo, como a veia safena da perna ou uma artéria do peito. Esse vaso é então usado para criar um “desvio” ou uma “ponte” ao redor da área bloqueada da artéria do coração, permitindo que o sangue volte a circular normalmente. 

    Depois do atendimento de emergência, o paciente precisará tomar medicamentos durante toda a vida. Eles ajudam a evitar a formação de novos coágulos e a controlar os fatores de risco. Os mais comuns são os antiplaquetários, como a aspirina, e remédios para o colesterol e a pressão arterial. 

    Novas perspectivas em prevenção e tratamento 

    A ciência avança cada vez mais para prever a gravidade e refinar os tratamentos. O objetivo é evitar um segundo evento e diminuir as sequelas do primeiro. 

    Uma importante descoberta veio de cientistas brasileiros. Eles identificaram um sinal no sangue que ajuda a prever a extensão do dano ao coração após um ataque cardíaco. Esse marcador é a variabilidade da glicose, ou seja, a diferença entre o açúcar no sangue quando o paciente chega ao hospital e a sua média dos últimos meses. 

    O estudo mostrou que, quanto maior for essa variação, maior tende a ser o tamanho do infarto e o dano causado ao músculo cardíaco. A descoberta é muito importante porque essa medição é feita com exames simples e baratos.  

    No futuro, essa análise pode ajudar os médicos a definirem mais rapidamente a gravidade de um caso e guiar tratamentos mais personalizados para cada paciente. 

    Outro importante estudo sobre o uso da aspirina, também liderado por brasileiros e com apoio do Ministério da Saúde, foi apresentado no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia de 2025.  

    A pesquisa avaliou a segurança de suspender a aspirina após o infarto. A conclusão? Continuar usando a aspirina junto com outro antiplaquetário é a decisão mais segura. 

    Essa dupla proteção cardiovascular se mostrou mais eficaz para evitar desfechos graves, como um novo infarto ou um AVC. E também uma menor necessidade de novas revascularizações urgentes, um procedimento para desobstruir artérias.

     

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