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    Como prevenir a morte súbita no esporte?

    Saiba por que atletas morrem em atividades de alta performance e o que ajuda a evitar tal fatalidade

    Por Lívia InácioPublicado em 05/10/2022, às 13:41 - Atualizado em 25/05/2023, às 16:02
    Foto: Shutterstock

    A prática de exercícios é tão recomendada por médicos que ouvir “atividade física” e “mal súbito” na mesma frase pode soar estranho. Mas a combinação ocorre e merece atenção, ainda que seja rara. Cada vez mais estudos têm sido feitos sobre a chamada Morte Súbita Relacionada ao Exercício e ao Esporte (MSEE), que acontece de modo inesperado durante o treino ou de 6 a 24 horas depois. 

    Só entre 2014 e 2018, houve ao menos 617 casos entre jogadores de futebol de 16 a 34 anos. Os dados coletados em 67 países foram divulgados pela Revista Britânica de Medicina do Esporte. E o campo não é o único lugar onde esse tipo de incidente ocorre. Segundo o médico João Otávio Ribas Zahdi, professor da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR), a maratona é a modalidade mais associada ao problema, mas diferentes atividades de alta performance física já foram relacionadas a ele. 

    Morte súbita no esporte: por que ocorre?

    Mas o que pode causar a morte súbita de atletas aparentemente saudáveis em plena prática esportiva? Segundo o médico Marcelo Imbroinise Bittencourt, head de genética cardiovascular da DASA Genômica, essa resposta depende da faixa etária.

    Até os 35 anos

    Em pacientes de até 35 anos, a causa mais comum é a Cardiomiopatia Hipertrófica (CMH), condição genética que atinge 0,2% da população adulta. A doença é caracterizada por uma hipertrofia do coração, mais especificamente no ventrículo esquerdo, que pode levar à insuficiência cardíaca. É por isso que a sua identificação precoce em atletas é fundamental para prevenir complicações. 

    O especialista reforça que toda prática esportiva de alta performance leva a uma hipertrofia do coração, que é adaptativa, o chamado “coração de atleta” . Mas o caso de quem tem CMH é especialmente delicado: o tamanho aumentado do órgão é decorrente de uma doença e precisa ser acompanhado com atenção.

    Após os 35 anos

    Após os 35 anos, a maioria dos casos de morte súbita no esporte está relacionada à Doença Arterial Coronariana (DAC). Ao longo da vida, é comum que as pessoas acumulem camadas de gordura nas artérias, vasos sanguíneos que levam oxigênio para os nossos tecidos. 

    Esses depósitos podem se desprender, formar coágulos e entupir as artérias coronárias, responsáveis por irrigar os músculos do coração. E, então, se a pessoa tem esse duto congestionado, uma atividade de alta performance vai exigir um volume de oxigênio que o organismo não conseguirá entregar ao órgão. Assim, o músculo começa a morrer desabastecido, podendo levar o paciente a um infarto. 

    Então, é fundamental alimentar-se bem, praticar atividades físicas regularmente e sempre fazer um check up, especialmente se for se aventurar em alguma modalidade que demanda mais energia que o de costume.  

    A importância do check up fitness

    Como bem reforça Zahdi, na morte súbita em campo, o exercício não é o único responsável pela fatalidade. O problema une uma patologia preexistente (e por vezes silenciosa) e um momento crítico, que impulsiona uma cadeia de eventos. E aí entra a importância de um check up fitness antes de qualquer planejamento esportivo.  

    Os exames servirão como uma bússola para guiar seus hábitos alimentares, estilo de vida e direcionar o ritmo dos treinos. A bateria de exames deve prever:

    Arte: Andrea Petkevicius

    Pode ser, que ao fim do check up, o atleta tenha sua atividade limitada ou mesmo proibida, lamenta Zahdi. Mas esse controle adequado será determinante para salvar sua vida. 

    Fontes: Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte – Morte Súbita no Esporte;João Otávio Ribas Zahdi, professor do estágio de Clínica Médica da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR);Marcelo Imbroinise Bittencourt, head de genética cardiovascular da DASA Genômica; Revista da Associação Brasileira de Cardiologia; Revista Britânica de Medicina do Esporte.

     

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