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    Porfiria: doenças raras ocorrem após defeitos nas enzimas da hemoglobina

    Mutações genéticas provocam sintomas como mudanças na coloração da urina e sensibilidade à luz solar

    Por Samantha CerquetaniPublicado em 22/05/2025, às 11:06 - Atualizado em 22/05/2025, às 11:06

    porfiria

    A porfiria engloba um grupo de doenças raras e, muitas vezes, hereditárias que afetam a produção de uma proteína fundamental no transporte de oxigênio no corpo. Essa condição foi frequentemente associada a lendas sobre vampiros devido a sintomas como sensibilidade extrema à luz solar e urina escura.

    Estima-se que a mutação genética relacionada à porfiria esteja presente em cerca de um em cada 10 mil indivíduos. No entanto, a manifestação da condição é ainda mais rara, afetando entre uma e cinco pessoas a cada 100 mil.

    Porfiria: o que é?

    A porfiria é um conjunto de pelo menos oito doenças raras, muitas das quais genéticas, que afetam as enzimas necessárias para a produção do heme, um componente da hemoglobina responsável por transportar oxigênio dos pulmões para o restante do corpo.

    Em pessoas com porfiria, há uma falha em uma das enzimas necessárias para a produção do heme, o que leva ao acúmulo de substâncias intermediárias chamadas porfirinas ou seus precursores.

    O acúmulo de porfirinas no corpo pode ser tóxico e causar sintomas graves. Dependendo do tipo de porfiria e das substâncias que se acumulam, os sintomas podem afetar diferentes órgãos, como o sistema nervoso e a pele.

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    Tipos

    As porfirias podem ser classificadas em dois tipos principais: hereditárias e adquiridas. As hereditárias são causadas por deficiências enzimáticas e podem ser subdivididas em dois grupos com base na origem dos precursores acumulados:

    • Porfirias eritropoiéticas, que estão relacionadas à produção de hemoglobina na medula óssea; 
    • Porfirias hepáticas, que são associadas a deficiências de enzimas do fígado.  

    Além disso, também são divididas conforme os sintomas, uma vez que as porfirias agudas afetam o sistema nervoso e órgãos internos, e as porfirias cutâneas, que causam sensibilidade à luz.

    Já as porfirias adquiridas são menos comuns e podem surgir devido a fatores ambientais ou doenças que interferem na atividade das enzimas envolvidas na produção do heme, como o uso de alguns medicamentos, exposição a substâncias tóxicas ou doenças hepáticas, como hepatite e cirrose.

    Possíveis causas para a porfiria

    As porfirias são doenças causadas, na maioria das vezes, por um defeito genético que leva à deficiência de enzimas essenciais para a síntese do heme, que é a molécula fundamental na produção da hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio no sangue.

    Embora a maioria dos casos seja hereditária, ou seja, transmitida de pais para filhos, a manifestação da doença pode permanecer silenciosa por muito tempo.

    Em determinadas situações, essa manifestação pode ser provocada por fatores externos, como infecção pelo vírus da hepatite C, HIV, consumo excessivo de álcool, acúmulo de ferro no corpo, estresse ou mudanças hormonais.

    Sintomas de porfiria

    Os sintomas da porfiria podem se manifestar de forma isolada, com apenas uma crise ao longo da vida, ou de maneira recorrente. Também existem casos em que indivíduos carregam a mutação genética, mas nunca desenvolvem os sintomas da doença.

    Cada tipo de porfiria está associado a uma mutação genética específica. Por isso, os sintomas variam de acordo com a enzima afetada e o tipo da doença. Veja abaixo os principais:

    • Dores abdominais intensas e desconfortos digestivos. 
    • Sensação de dor em braços e pernas. 
    • Fraqueza muscular e, em casos graves, paralisia. 
    • Distúrbios neurológicos, como ansiedade, confusão mental, alucinações e convulsões. 
    • Urina com coloração mais escura do que o normal. 
    • Lesões ou bolhas na pele após exposição solar e maior sensibilidade cutânea. 
    • Crescimento incomum de pelos em áreas atingidas pelo sol. 
    • Oscilações na pressão arterial. 
    • Danos aos nervos periféricos (neuropatia). 

    Além dos sintomas imediatos, a porfiria pode causar complicações a longo prazo. Quando não tratada, ela afeta gravemente o fígado, já que o excesso de porfirinas nos órgãos pode danificar permanentemente os tecidos. Nesses casos, a progressão da doença aumentaria o risco de cirrose e câncer hepático.

    Exames que auxiliam no diagnóstico da porfiria

    O diagnóstico da porfiria começa com a avaliação dos sintomas pelo médico, que, então pode solicitar exames laboratoriais. As porfirinas podem ser encontradas na urina, nas fezes e no sangue, sendo o exame de urina um dos principais métodos de diagnóstico.

    Quando há suspeita, exames genéticos ajudam a confirmar o tipo específico da porfiria, já que cada forma está ligada a uma mutação diferente. Uma das opções disponíveis é o Painel para Porfirias por NGS com CNV, que identifica variantes genéticas associadas à doença.

    Este exame genético avançado detecta alterações nos genes responsáveis pela produção do heme, permitindo identificar com precisão o tipo de porfiria. Ele utiliza tecnologia de sequenciamento de nova geração (NGS) e análise de variação no número de cópias dos genes (CNV).

    Tratamentos para a porfiria

    O tratamento depende do tipo de porfiria e das manifestações clínicas. Para as formas agudas da doença, o foco principal é reduzir a produção excessiva de porfirinas, utilizando medicações específicas que podem ser discutidas com o profissional de saúde.

    A plasmaférese é um tratamento usado em casos graves de porfiria hepática crônica, removendo as porfirinas acumuladas do plasma sanguíneo. Esse tratamento é geralmente indicado em crises intensas e emergenciais. Em alguns casos nas crises, pode haver necessidade de analgésicos potentes, dieta rica em carboidratos, infusão endovenosa de glicose ou até mesmo o tratamento com a reposição do heme.

    Já a flebotomia envolve a remoção de sangue e é um tratamento utilizado em algumas formas de porfiria, visando reduzir os níveis de ferro e porfirinas no corpo e, assim, aliviando os sintomas.

    Por fim, quando o fígado é severamente afetado, o transplante hepático pode ser uma opção.

    Porfiria tem cura?

    Atualmente, não existe cura para a porfiria. O tratamento, no entanto, visa principalmente controlar os sintomas e diminuir os impactos da doença.

    Qual médico procurar?

    O tratamento geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar. Na maioria das vezes, o hematologista é o responsável por tratar as manifestações agudas da doença. Já o geneticista auxilia no diagnóstico e aconselhamento genético. Para os sintomas de pele, o dermatologista é o especialista indicado, tratando as lesões e a sensibilidade ao sol.

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    Fonte: Dr. Israel Bendit – Hematologista

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