Perda de memória: quando é preciso buscar ajuda?
Algumas doenças podem causar a perda de memória; veja quando procurar ajuda
Você esquece com frequência as chaves ou verifica se fechou a porta várias vezes? O esquecimento constante pode ser um problema de saúde ou apenas falta de atenção. No entanto, este comportamento merece uma avaliação mais criteriosa quando atrapalha as atividades do dia a dia.
Neste artigo, você vai ler:
“A memória é considerada uma função cognitiva bastante importante. É necessário ficar de olho se a pessoa também fica desatenta, está confusa, perde prazos e a capacidade de habilidades manuais”, destaca Aline Matos, neurologista do Hospital Santa Paula.
De qualquer forma, esquecer fatos, nomes de pessoas, objetos ou onde deixamos algo pode parecer rotineiro e comum para alguns, mas deve acender um sinal de alarme.
“Quando o esquecimento ocorre pontualmente pode sinalizar uma condição momentânea de desatenção ou estresse emocional, mas a recorrência deve certamente ser investigada”, complementa Leonardo Valente, neurologista e professor de Medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).
São várias as condições de saúde que causam a perda de memória. A seguir, veja detalhes:
Alzheimer
É provável que as pessoas que começam a ter falhas de memória e esquecimentos constantes pensem na Doença de Alzheimer. Esta demência é uma condição neurodegenerativa progressiva e irreversível que leva a atrofia cerebral.
Inicialmente, há um comprometimento cognitivo leve, ou seja, alterações de memória sem interferência na rotina. Com o passar do tempo, o indivíduo perde a capacidade de adquirir ou reter informações recentes, apresenta dificuldades de raciocínio e problemas de linguagem.
Se o esquecimento persistir, o ideal é procurar um neurologista para passar por uma avaliação criteriosa e realizar exames específicos.
Estresse, ansiedade e depressão
Quem está muito estressado, com crise de ansiedade e/ou depressão, costuma ter mais esquecimentos, uma vez que apresenta dificuldade para manter a atenção.
“Geralmente, esses problemas emocionais atrapalham a capacidade de reter informações e a pessoa fica mais distraída. Pode ocorrer em qualquer idade e, na maioria das vezes, melhora após o tratamento”, explica Rodrigo Schultz, neurologista e professor de medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro).
Medicamentos
Diversos medicamentos podem impactar diretamente na memória e na atenção. Entre os fármacos estão: anticonvulsivantes, antidepressivos, antipsicóticos, anti-histamínicos, entre outros.
Nesses casos, este possível efeito colateral deve ser comunicado ao médico. O especialista realizará ajustes de doses, caso seja necessário.
Insônia
Quem nunca dormiu mal e no dia seguinte ficou distraído e com dificuldade de atenção? A insônia e outras condições que interferem na arquitetura do sono podem comprometer a memória.
“A consolidação da memória, além de outras funções cognitivas, depende de uma boa quantidade e qualidade do sono, respeitando as necessidades individuais. Por isso, é importante sempre acordar e dormir no mesmo horário, evitar a prática de atividades físicas intensas no período noturno e ingerir bebidas estimulantes ou alcoólicas próximas à hora de dormir”, complementa Valente.
Covid longa
A Covid-19 também provoca uma doença sistêmica, que afeta várias áreas do corpo e causa sintomas por diversos meses. A condição ficou conhecida como Covid longa e também é motivo de esquecimentos e lapsos de memória.
Vale destacar que esta síndrome ainda está em investigação. “O que sabemos até o momento é que ela é possivelmente transitória e afeta em especial a função executiva. A atenção fica bastante prejudicada e acontecem sintomas que lembram a depressão e a ansiedade”, afirma Matos.
Concussões e lesões na cabeça
Traumas na cabeça podem causar comprometimento da memória a curto prazo. Por isso, é fundamental conversar com um médico se sofrer algum acidente e sentir que está com lapsos de memória.
Carência de vitamina
A falta de vitamina B12, em casos mais extremos, provoca sintomas que são confundidos com demência. Após a reposição do nutriente, os problemas de memória costumam desaparecer.
Problemas na tireoide
A tireoide é uma glândula que libera hormônios importantes para o organismo. Tanto o hipotireoidismo (que ocorre quando há pouca produção de hormônios da tireoide) quanto o hipertireoidismo (quando há aumento da liberação e/ou produção dos hormônios) provocam problemas cognitivos, como perda de memória e confusão mental.
Mudanças hormonais
As gestantes e mulheres que entraram na menopausa (quando a menstruação cessa) podem ficar mais esquecidas. Isso ocorre devido às mudanças hormonais que afetam a cognição.
Como treinar a memória?
A memória pode ser melhorada ou treinada de maneira similar ao que acontece com o condicionamento físico para aumentar a saúde e a disposição. E não tem fórmula mágica: a melhor forma de treinar a memória é estimular o cérebro com atividades variadas.
Portanto, ler um livro, assistir uma série, praticar exercícios ou mesmo conversar com os amigos já são formas de estimular a função cerebral.
“Desde muito cedo, na infância, já é possível começar a estimular a memória. É importante a socialização, praticar atividades em conjunto e investir em jogos para estimular a cognição”, destaca Schultz.
Outras formas de estimular o cérebro e a memória:
- Aprender algo novo;
- Meditar;
- Ter momentos de lazer perto da natureza;
- Realizar trabalhos manuais;
- Praticar jogos como xadrez ou palavras cruzadas;
- Ler e estudar com frequência;
- Fazer refeições equilibradas;
- Diminuir o estresse.