Sintomas de dengue: quais são e quando se tornam graves?
A doença pode evoluir para quadros graves. Fique atento aos sinais de alerta, como dor abdominal intensa e vômitos

Após um 2024 de recordes de casos, houve uma queda nos registros de dengue no Brasil. Mas, mesmo assim, os números ainda exigem vigilância e que a população conheça bem os sintomas de dengue, para que busquem diagnóstico e tratamento.
Neste artigo, você vai ler:
De acordo com o Ministério da Saúde, até março de 2025, o país já havia registrado quase 500 mil casos prováveis da doença. A região Sudeste concentra a maior parte desses registros, com 360 mil. E o estado de São Paulo lidera os números, com 285 mil casos prováveis.
Quais são os primeiros sintomas de dengue?
A dengue é uma doença transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e seus sintomas iniciais costumam aparecer de forma súbita e intensa. O principal é a febre alta, geralmente acima de 39°C, e ela costuma vir acompanhada de uma forte dor de cabeça, além de dores musculares e nas articulações.
Outra queixa comum é a “dor atrás dos olhos” (retro-orbital), que piora quando mexemos os olhos. Além disso, muitas pessoas relatam uma sensação de fraqueza e cansaço extremo (prostração).
Em alguns casos, podem surgir manchas vermelhas na pele, parecidas com as do sarampo.
Sintomas de dengue leve
A forma mais comum da doença é a dengue clássica, considerada leve. Seus sintomas costumam durar alguns dias, sendo o principal a febre alta e de início abrupto. E ela geralmente vem acompanhada de outros incômodos como:
- Dor de cabeça forte e persistente.
- Dores intensas nos músculos e nas articulações.
- Dor retro-orbital (atrás dos olhos).
- Perda de apetite e de paladar.
- Náuseas e vômitos.
- Mal-estar geral e cansaço.
- Manchas vermelhas espalhadas pelo corpo (exantema).
Sintomas de dengue hemorrágica (grave)
A dengue grave, também conhecida como dengue hemorrágica, é a forma mais perigosa da doença e exige atenção imediata. Os sintomas iniciais são os mesmos da dengue clássica, mas o cenário muda depois do terceiro ou quarto dia, quando a febre começa a baixar. É nesse momento que os sinais de alerta podem aparecer.
Dentro os sinais de alerta, a dor abdominal forte e contínua é o principal. Vômitos persistentes também são um indicativo de piora, assim como sangramentos espontâneos nas gengivas ou no nariz, manchas roxas na pele e sonolência excessiva ou irritabilidade. Se algum desses sinais surgir, é essencial procurar um serviço de emergência.
Outros possíveis sintomas são:
- Acúmulo de líquidos em cavidades corporais (ascite, derrame pleural).
- Hipotensão postural (tontura ao se levantar).
- Fígado aumentado.
- Aumento progressivo do hematócrito (indicador de concentração do sangue).
Sintomas de dengue em crianças e bebês
Em crianças e bebês, os sintomas da dengue podem ser mais difíceis de identificar. Muitas vezes, o quadro se parece com outras viroses comuns da infância. A criança pode ter febre alta, mas outros sinais são menos específicos e costumam ser mais brandos ou atípicos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em vez de queixas claras de dor, os bebês e crianças podem apresentar:
- Sonolência excessiva ou, ao contrário, muita irritabilidade.
- Choro persistente e sem motivo aparente.
- Falta de apetite.
- Vômitos.
- Diarreia ou fezes amolecidas.
Sintomas de dengue pela segunda vez
Pegar dengue uma segunda vez exige mais cuidado. Quem é infectado pelo vírus tipo 1, por exemplo, fica imune permanentemente a ele. Mas continua vulnerável aos outros três sorotipos (2, 3 e 4). E uma segunda infecção por um sorotipo diferente aumenta o risco de desenvolver as formas graves da doença.
De acordo com o Instituto Butantan, isso acontece por uma resposta “confusa” do sistema imunológico. Os anticorpos da primeira infecção não conseguem neutralizar o novo vírus e, em vez disso, acabam facilitando sua entrada nas células.
Dessa forma, pode haver uma resposta inflamatória muito mais intensa e, consequentemente, quadros de dengue grave.
Os sintomas da dengue costumam durar quantos dias?
Nos casos de dengue clássica, a pessoa passa pela fase de febre e dores (que dura de 2 a 7 dias) e depois começa a se recuperar, embora a sensação de cansaço possa durar mais.
É comum que a pessoa se sinta fadigada e sem energia por algumas semanas após o fim da doença. A recuperação completa pode levar um pouco mais de tempo.
Já nos casos mais graves, a linha do tempo é diferente e mais crítica:
Fase inicial (febril): é idêntica à da dengue clássica, com febre alta e dores, durando de 3 a 7 dias.
Fase crítica: começa quando a febre baixa, depois de 3 a 7 dias, e dura de 24 a 48 horas. É neste momento que surgem os sinais de alarme, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos. Após essa fase o paciente pode entrar em recuperação ou evoluir para formas graves. O monitoramento médico deve ser intenso, pois o quadro pode piorar rapidamente.
Fase de recuperação: vem logo após fase crítica, se o paciente recebeu o tratamento adequado. Mas, como o quadro foi mais agressivo, a recuperação completa da dengue grave costuma ser mais longa e demorada.
Formas de prevenir a dengue
A melhor forma de prevenir a dengue é combater o mosquito transmissor. Como o Aedes aegypti precisa de água parada para se reproduzir, devemos eliminar possíveis criadouros. Nesse sentido, as principais medidas de prevenção são:
- Evitar o acúmulo de água em pneus, garrafas, vasos de plantas e calhas.
- Manter caixas d’água, tonéis e outros reservatórios bem fechados.
- Colocar areia nos pratinhos de vasos de plantas.
- Limpar regularmente objetos que possam acumular água.
- Usar telas em janelas e portas.
- Aplicar repelentes, especialmente nas áreas expostas do corpo.
Além disso, hoje temos uma importante ferramenta de proteção individual: a vacina. Ela ajuda o organismo a criar defesas contra o vírus, reduzindo o risco de desenvolver a doença e, principalmente, suas formas graves.
Vacina contra a dengue
Atualmente, a vacina dengue disponível no Brasil é a Qdenga (TAK-003). Ela é feita com o vírus atenuado e protege contra os quatro sorotipos do vírus da doença: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
Conforme as diretrizes da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a vacina é indicada para pessoas de 4 a 60 anos, independentemente de já terem tido dengue antes.
O esquema vacinal completo inclui duas doses, com um intervalo de três meses entre elas. E a vacina não deve ser aplicada em gestantes, lactantes e pessoas com sistema imunológico comprometido.
Diagnóstico da dengue
O diagnóstico da dengue começa com os sintomas apresentados pelo paciente. Para confirmar a suspeita, o médico pode solicitar alguns exames.
Nos primeiros dias da infecção (até o 5º dia), o exame mais indicado é o teste de antígeno NS1. Ele pode ser feito em formato de teste rápido e detecta uma proteína do vírus no sangue. Outra opção para essa fase inicial é o RT-PCR, que identifica o material genético do vírus.
Após o 6º dia, os exames mais usados são os sorológicos, que buscam por anticorpos (IgM e IgG) produzidos pelo corpo em resposta à infecção.