Torção testicular: dor súbita é sinal de emergência médica séria

Uma dor repentina e insuportável no testículo pode ser mais do que um desconforto: pode ser uma corrida contra o tempo para salvar a fertilidade. Isso no caso de uma torção testicular. 

A condição é mais frequente em adolescentes durante o estirão da puberdade, além de em bebês no primeiro ano de vida. O quadro exige atendimento imediato, pois cada minuto conta para salvar o testículo e preservar suas funções.

Torção testicular: o que é? 

A torção testicular é uma emergência urológica que acontece quando o testículo gira em torno de seu próprio eixo. Essa rotação torce junto o cordão espermático, a estrutura que o liga ao abdômen.  

O cordão espermático contém vasos sanguíneos, nervos e o canal deferente (que transporta os espermatozoides). Quando ele se torce, o fluxo de sangue para o testículo é bloqueado. Sem sangue e oxigênio, as células do tecido testicular começam a morrer em poucas horas.  

Por isso, a condição é tão grave e exige intervenção imediata. Se o problema não for resolvido rapidamente, pode levar à perda definitiva do órgão. 

O que causa a torção testicular? 

A principal causa da torção testicular é uma predisposição genética conhecida como deformidade em “badalo de sino”. Em condições normais, o testículo fica bem preso à bolsa escrotal, o que limita sua movimentação. Em homens com essa deformidade, o testículo fica mais “solto” dentro da bolsa, podendo girar livremente, como o badalo dentro de um sino. 

Essa característica anatômica é hereditária e está presente desde o nascimento. Mas há fatores que podem servir de gatilho para que a torção aconteça em quem já tem essa predisposição:  

• Puberdade: o crescimento rápido dos testículos durante essa fase pode aumentar o risco. 

• Trauma ou lesão: um golpe na região da virilha pode levar à torção. 

• Atividade física intensa: movimentos bruscos podem contribuir para a rotação do testículo. 

• Temperaturas frias: a contração do escroto no frio também pode ser um fator de risco. 

Torção testicular pode causar infertilidade? 

Sim, já que a torção testicular pode levar à perda do testículo. Se o fluxo sanguíneo não for restaurado a tempo e o órgão precisar ser removido cirurgicamente, a produção total de espermatozoides do corpo diminui. 

 Na maioria dos casos, o testículo restante consegue compensar a função do que foi perdido, mantendo a fertilidade em níveis normais. Mas, em algumas situações, o trauma pode levar o corpo a produzir anticorpos contra os próprios espermatozoides, o que também pode dificultar uma gravidez futura. 

Depois de tratar a torção, especialmente se houver a perda do órgão, o médico pode solicitar um espermograma. Este exame analisa a quantidade e a qualidade dos espermatozoides para avaliar a condição da fertilidade.  

Em cenários raros, danos severos a ambos os testículos poderiam levar à azoospermia, que é a ausência completa de espermatozoides no sêmen. 

Sintomas 

O principal sintoma da torção testicular é uma dor súbita e muito intensa em um dos lados da bolsa escrotal. A dor geralmente não melhora e pode se espalhar para a parte inferior do abdômen, muitas vezes sendo confundida com problemas gástricos ou apendicite. 

Além da dor aguda, outros possíveis sinais e sintomas seriam: 

• Inchaço e vermelhidão na bolsa escrotal; 

• Um testículo visivelmente mais elevado que o outro; 

• Náuseas e vômitos; 

• Dor abdominal; 

• Febre. 

Quando procurar por um médico? 

Ao sentir uma dor súbita e severa no testículo, procure um pronto-socorro imediatamente. A torção testicular é uma emergência médica e o tempo é o fator mais importante para salvar o órgão. 

O ideal é que o tratamento seja feito em até 6 horas após o início dos sintomas. Dentro dessa janela, as chances de salvar o testículo são superiores a 90%. Após 12 horas, esse percentual cai drasticamente, e depois de 24 horas, a perda do órgão é quase certa.  

Exames que auxiliam na confirmação da torção testicular 

No exame físico feito no pronto-socorro, o médico vai avaliar a sensibilidade, o inchaço e a posição dos testículos. E deve solicitar uma ultrassonografia com Doppler colorido do escroto.  

Esse exame usa ondas sonoras para criar imagens e avaliar o fluxo de sangue para os testículos. Na torção testicular, o ultrassom mostrará a ausência ou uma redução significativa do fluxo sanguíneo no testículo afetado.  

O exame também ajuda a diferenciar a torção de outras causas de dor, como a orquite, epididimite (inflamação do testículo, epidídimo ou de ambos) ou uma hidrocele (acúmulo de líquido). 

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Formas de tratamento para a torção testicular 

O tratamento para a torção testicular é a cirurgia de emergência. Nela, o médico vai desfazer a torção o mais rápido possível para restaurar o fluxo sanguíneo e salvar o testículo.  

Em alguns casos, ele pode tentar realizar uma manobra de destorção manual no próprio pronto-socorro, mas a cirurgia ainda será necessária para evitar que o problema aconteça novamente. 

No procedimento cirúrgico, o paciente recebe anestesia geral ou raquidiana. Então, o cirurgião faz um pequeno corte na bolsa escrotal para acessar o testículo torcido. E desfaz o cordão espermático, o que faz com que o testículo retorne à sua posição normal. 

Se o testículo recuperar a cor e o fluxo sanguíneo, é considerado viável. Mas, para prevenir futuras torções, o cirurgião fixa o testículo (e geralmente o outro testículo também, por precaução) na parede interna da bolsa escrotal. Esse procedimento é chamado de orquidopexia. 

Agora se o testículo não for mais viável por falta de irrigação sanguínea, ele precisa ser removido. E esse procedimento é conhecido como orquiectomia.