Vaginose bacteriana: o que é e como tratar
A vaginose bacteriana é uma infecção causada pelo desequilíbrio do microbioma vaginal. Ela gera corrimento fétido e pode ser tratada com antibióticos.
Neste artigo, você vai ler:
Fonte: Luciana Migliore, ginecologista do Hospital Nove de Julho, em São Paulo.
A saúde da vagina depende, em grande medida, da microbiota vaginal. Esse é o termo utilizado para falar dos vários microrganismos (tanto benéficos quanto patogênicos) que habitam a região genital. Quando eles estão em equilíbrio, contribuem para o nosso bem-estar. Se, por outro lado, houver algum desequilíbrio, podem ocorrer doenças como a vaginose bacteriana.
O que é vaginose bacteriana?
A vaginose bacteriana é uma infecção comum que atinge a vagina. Ela é caracterizada pelo aumento expressivo de bactérias anaeróbias, como a Gardnerella vaginalis e as do gênero Peptostreptococcus.
Normalmente, esses microrganismos já estão presentes na vagina, mas em uma quantidade menor, que não causa problemas.
A proliferação excessiva dos agentes patogênicos acontece quando há um desequilíbrio da microbiota vaginal, em que a quantidade de lactobacilos (bactérias responsáveis por manter o pH da vagina ácido e, assim, preservar sua saúde) diminui.
Quais os sintomas da vaginose bacteriana?
O sintoma mais frequente da vaginose bacteriana é a mudança da secreção vaginal. O corrimento fica fétido, muitas vezes com odor de peixe, além de vir em grande quantidade.
Geralmente, a secreção apresenta coloração esbranquiçada ou acinzentada, mas o corrimento também pode ser amarelado ou esverdeado.
Vale dizer, no entanto, que nem sempre essa infecção gera manifestações no corpo.
Causas da vaginose bacteriana
A vaginose bacteriana é causada pelo desequilíbrio da microbiota vaginal. Existem alguns fatores que podem favorecer essa situação, como:
- Queda da imunidade
- Práticas sexuais sem proteção
- Uso contínuo de absorventes diários
- Uso de produtos inadequados para a região genital
Diagnóstico da vaginose bacteriana
O diagnóstico da vaginose bacteriana é feito pelo exame físico ginecológico. O médico também costuma solicitar que uma amostra da secreção vaginal seja avaliada por exames laboratoriais e microscopia.
Como evitar a vaginose bacteriana?
Para preservar o equilíbrio da microbiota vaginal e evitar a vaginose bacteriana, é importante adotar alguns cuidados:
- Evitar o uso de duchas íntimas
- Evitar o uso de absorventes diários
- Evitar o uso de roupas íntimas apertadas
- Evitar o uso de perfumes genitais, hidratantes e lenços umedecidos
- Depois de ir ao banheiro, limpar-se de frente para trás para evitar que microrganismos do ânus cheguem à vagina
- Utilizar sabonete próprio com pH adequado para a região genital ou sabonete neutro líquido
- Utilizar preservativos durante relações sexuais
- Praticar atividades físicas com frequência
- Ter uma alimentação saudável, diversificada e balanceada
- Ter um sono de boa qualidade e em boa quantidade
- Fazer gerenciamento do estresse
Vaginose bacteriana na gravidez
A vaginose bacteriana também é comum na gravidez. Em gestantes, a doença pode aumentar o risco de complicações como abortamento, ruptura prematura das membranas (“bolsa rota”), prematuridade e infecções no puerpério.
A prevenção e o tratamento da vaginose bacteriana são similares para gestantes e não gestantes.
Diferenças entre vaginose e candidíase
Tanto a vaginose bacteriana quanto a candidíase são infecções que afetam a vagina. Mas enquanto a vaginose é causada por bactérias, a candidíase é causada por fungos.
Outra diferença relevante entre essas duas doenças está relacionada aos sintomas. Na vaginose bacteriana, o mais incômodo costuma ser o odor forte do corrimento (geralmente com coloração esbranquiçada ou acinzentada). Na candidíase, predominam a coceira e um corrimento grumoso branco.
Tratamentos para vaginose bacteriana
O tratamento da vaginose bacteriana é simples, sendo feito com antibióticos orais ou tópicos (em gel ou em creme).
É importante utilizar a medicação durante todo o período indicado pelo médico para garantir a eficácia da intervenção, mesmo que os sintomas desapareçam em menos tempo.
Se não for tratada corretamente, a vaginose bacteriana pode aumentar o risco de surgirem outras condições, como a doença inflamatória pélvica (DIP) e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Também é fundamental adotar bons hábitos de cuidado íntimo, fazendo a higiene da vulva com água e sabonete neutro líquido (ou sabonete com pH próprio para área) e evitando que a região genital fique abafada e úmida.