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Adrenoleucodistrofia: o que é e quais as causas?

Condição genética afeta mais meninos e provoca problemas neurológicos e físicos

Por Danielle SanchesPublicado em 24/04/2024, às 11:21 - Atualizado em 24/04/2024, às 11:57

Adrenoleucodistrofia

Adrenoleucodistrofia é uma doença genética rara que afeta principalmente indivíduos do sexo masculino. Ela é caracterizada por uma deficiência na produção de ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFA), que são importantes para a função cerebral e da glândula adrenal. A ALD pode causar uma série de problemas , incluindo demência, perda de visão e audição, problemas de movimento e insuficiência adrenal. Veja mais sobre a condição a seguir. 

O que é adrenoleucodistrofia? 

A adrenoleucodistrofia é uma doença genética rara que afeta principalmente indivíduos do sexo masculino. O nome deriva do fato dela poder comprometer o funcionamento da glândula adrenal (causando insuficiência adrenal), bem como causar alterações na substância branca do cérebro (leucodistrofia).  

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O que causa adrenoleucodistrofia? 

A adrenoleucodistrofia é causada por mutações no gene ABCD1, que codifica uma proteína chamada ALD. Essa proteína atua no transporte de moléculas de gordura chamadas de ácidos graxos de cadeia muito longa até estruturas celulares chamadas de peroxissomos, onde serão metabolizados.   

Sem o funcionamento normal dessa proteína, portanto, esse transporte não acontece e os ácidos graxos de cadeia muito longa se acumulam progressivamente nas células e tecidos do corpo, levando às manifestações da doença.   

Como o gene ABCD1 se localiza no cromossomo X, quando a mutação causadora está presente em um menino (que tem apenas um cromossomo X), ele terá todas as suas células afetadas e tem alto risco de apresentar a forma mais tradicional da doença.   

No caso das meninas, que têm 2 cromossomos X, ela terá um gene afetado em um cromossomo e outro gene normal no outro. Por isso, geralmente as meninas não apresentam a forma clássica da adrenoleucodistrofia, mas podem ter uma forma mais atenuada chamada adrenomieloneuropatia.  

Quais são os sintomas de adrenoleucodistrofia? 

De uma maneira geral, os indivíduos afetados com a adrenoleucodistrofia nascem clinicamente normais e começam a apresentar sintomas após alguns anos, geralmente no início da idade escolar.  

Os sintomas mais comuns da adrenoleucodistrofia estão relacionados à insuficiência da glândula adrenal, como:   

  • Fraqueza;  
  • Tonturas;  
  • Pressão arterial baixa.

Outros sintomas estão relacionados à leucodistrofia, como degeneração da substância branca do cérebro, que provoca dificuldades progressivas de fala, de aprendizado, de marcha etc. É importante dizer que alguns pacientes apresentam apenas as manifestações adrenais, enquanto outros manifestam apenas sintomas neurológicos.   

Já as meninas, em geral, não têm a forma clássica da doença, mas podem apresentar a forma atenuada da doença chamada de adrenomieloneuropatia. Nesse caso, a condição afeta a medula espinhal na idade adulta e provoca:   

  • Fraqueza muscular; 
  • Dificuldades de marcha; 
  • Alterações no tônus muscular; 
  • Problemas adrenais.

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico de adrenoleucodistrofia pode ser feito pela dosagem dos ácidos graxos de cadeia muito longa no sangue, que estão em níveis aumentados nos homens afetados.  

No entanto, em função da pequena disponibilidade da dosagem de ácidos graxos de cadeia muito longa, a forma mais prática de realizar o diagnóstico é fazer o sequenciamento do gene ABCD1, método que permite identificar a mutação tanto em homens como em mulheres.   

Adrenoleucodistrofia tem cura? 

Infelizmente, a adrenoleucodistrofia não tem cura. No entanto, existem tratamentos que permitem a prevenção dos principais sintomas, desde que introduzidos de forma precoce. Entre eles estão a reposição hormonal, o transplante de medula óssea e a terapia gênica.  

Como é feito o tratamento? 

O tratamento da adrenoleucodistrofia é realizado para amenizar os sintomas provocados pela condição, visando trazer mais qualidade de vida para o portador da doença. No caso da insuficiência adrenal, o tratamento é feito com a reposição dos hormônios que deixaram de ser produzidos pela glândula.   

Já para a leucodistrofia, o tratamento é mais complexo. A forma mais eficaz é por meio do transplante de medula óssea, mas o desafio é realizá-lo antes que as alterações cerebrais tenham progredido de modo significativo. Isso, no entanto, nem sempre é fácil, pois geralmente o diagnóstico é feito após o início dos sintomas clínicos, quando a doença já está avançada e o transplante já não será mais bem-sucedido.  

Por outro lado, não é incomum que pacientes sejam diagnosticados antes de apresentarem sintomas. Uma vez que a doença é ligada ao cromossomo X, ela pode se manifestar em vários membros da família. Sabendo dessa herança genética, muitos realizam o aconselhamento genético com médicos geneticistas e realizam o teste genético antes de qualquer manifestação clínica do problema.   

Nesses casos, o transplante de medula óssea pode ser um divisor de águas. Mas esse contexto traz outro desafio, que é prever quais pacientes irão presentar as manifestações cerebrais da doença (nem todos apresentam) e se é realmente necessário submeter o indivíduo aos riscos de um transplante.  

Por isso, pacientes diagnosticados de modo pré-sintomático devem fazer um acompanhamento clínico e radiológico (com a realização de ressonância magnética do cérebro de forma periódica) para que recebam o transplante apenas se necessário e ainda na fase inicial da degeneração da substância branca do cérebro.   

Por fim, recentemente, foi desenvolvida uma terapia gênica para adrenoleucodistrofia, que introduz,no indivíduo afetado,cópias normais do gene ABCD1, transportadas por “vetores virais”. Essa terapia pode trazer benefícios semelhantes ao transplante e com menores riscos, e está levando à discussão médica sobre a possibilidade de realizar o teste genético em bebês, introduzindo o exame para adrenoleucodistrofia no teste do pezinho. 

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Fonte: Dr. Roberto Giugliani, geneticista da equipe de Doenças Raras da Dasa Genômica 

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