Tudo sobre Asma: sintomas, causas e tratamento
Doença respiratória é a mais comum entre os brasileiros
Dificuldade para respirar, falta de ar e sensação de aperto no peito são só alguns dos sintomas da asma, doença crônica que afeta aproximadamente 20 milhões de brasileiros, de acordo com estimativas do DATASUS, banco de dados do SUS (Sistema Único de Saúde).
Neste artigo, você vai ler:
É também a patologia respiratória mais comum em todas as faixas etárias, sendo ainda mais predominante nas crianças. Mas, apesar de anos de pesquisa, na maioria das vezes a asma não tem uma causa conhecida.
“Nem sempre temos uma causa, às vezes temos aquelas com início mais tardio que podem estar relacionadas à obesidade, apneia do sono – distúrbio que causa no indivíduo a parada momentânea da respiração durante o sono – ou outros fatores”, explica Susana Pinheiro, pneumologista do Hospital Nove de Julho.
Acredita-se que a sua origem tenha fortes relações com fatores hereditários e ambientais, pois, para que a doença se desenvolva, é necessário que exista predisposição genética e exposição à poluição e à fumaça de cigarro, por exemplo.
A seguir, veja mais detalhes sobre a asma.
O que é asma?
É uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, especialmente dos brônquios (tubo que leva o ar até os pulmões).
Caracteriza-se por uma obstrução das vias aéreas, devido a inflamação da mucosa. Ou seja, ocorre um fechamento dos brônquios, que é o que chamamos de broncoespasmo. Eles se contraem e essa contração, junto com a inflamação dentro dessa via aérea, causa um fenômeno de obstrução.
O resultado é uma pessoa com dificuldade para respirar, pois está tudo obstruído.
Tipos de asma
Segundo a diretriz da GINA (Global Initiative for Asthma), a asma pode ser classificada como leve, moderada e grave.
A leve é aquela em que se utiliza poucas medicações para o controle, sendo estes corticóides inalados (medicamento anti-inflamatório) em doses baixas.
Na asma moderada, os corticóides são inalados em doses moderadas e com broncodilatadores de longa duração (medicamentos com efeito prolongado que atuam dilatando os brônquios)
Já a grave pode ser aquela em que se faz necessário o uso de altas doses de corticóides inalados associados aos broncodilatadores. Além disso, esses podem estar associados com outras classes terapêuticas para que seja possível fazer o controle da doença.
De qualquer forma, uma pessoa com a doença pode apresentar dois tipos de inflamação:
Asma neutrofílica: está associada a infecções respiratórias frequentes causadas por poluentes, tabagismo e exposições ocupacionais, ou seja, no ambiente de trabalho. Acomete um número maior de células e é mais comum em mulheres e pessoas acima de 25 anos.
Asma paucigranulocítica: ligada a uma inflamação granulocítica, nas células que combatem as infecções no nosso organismo, com pouca resposta à corticoterapia (tratamento com corticoides).
Sintomas da asma
Os sintomas da asma estão relacionados à obstrução dos brônquios. Então, as pessoas costumam sentir:
- Tosse: geralmente seca. No entanto, pode ainda ser acompanhada de secreção mucóide transparente, como uma clara de ovo crua, podendo se tornar mais espessa e amarelada, com ou sem infecção bacteriana associada.
- Falta de ar;
- Sensação de aperto ou desconforto no tórax;
- Sibilos: chiado no peito.
“Esses sintomas tendem a piorar à noite, o que pode levar a pessoa a despertar no meio da madrugada com falta de ar”, explica Susana.
Asma e bronquite: qual a diferença?
Geralmente, a diferença entre as duas condições está no tempo de evolução de cada uma delas, conforme explica a pneumologista:
“Normalmente, as bronquites tendem a ser doenças autolimitadas. Ou seja, a pessoa pode ter a inflamação relacionada a uma infecção viral ou bacteriana que vai causar chiado, falta de ar e tosse naquele momento. Mas a partir do instante que a infecção vai embora, não gera um quadro crônico, daqueles com longa duração. No caso da asma, você tem uma inflamação crônica. Sendo assim, a pessoa tem períodos de crise quando é exposta a algum fator desencadeante, mesmo quando não há infecção das vias aéreas”.
Logo, os sinais e sintomas de ambas as condições podem ser bem semelhantes na apresentação clínica. Enquanto a asma é uma condição inflamatória das vias aéreas, de causa alérgica ou não, que se apresenta como doença crônica, a bronquite tem uma associação com causas infecciosas.
Fatores desencadeantes
Existem alguns fatores que podem exacerbar as crises asmáticas:
Diagnóstico
O diagnóstico é baseado nos sintomas clínicos, porém diversas publicações, como o recente guideline sobre diagnóstico da asma European Respiratory Society (ERS), sugerem a espirometria, um teste que calcula a quantidade de ar que entra e que sai do pulmão.
Se a espirometria inicial não mostrar obstrução nas vias respiratórias, testes adicionais devem ser realizados na seguinte ordem: fração de óxido nítrico exalado, método que permite avaliar o nível de inflamação das vias aéreas; variabilidade de pico de fluxo expiratório, que serve para avaliar a velocidade da expiração; ou, em cuidados secundários, broncoprovocação para avaliar o estreitamento dos brônquios.
Tratamento
O tratamento da asma irá depender da gravidade dos sintomas do indivíduo e da regularidade na qual essas manifestações são apresentadas.
“Existem pacientes que têm uma ou duas crises de asma ao ano. Esses, por exemplo, talvez não precisem tomar medicamentos de uso contínuo. Mas aqueles que possuem sintomas mais persistentes, sim”, diz Susana.
Entre as opções de tratamento estão:
Medicamentos: que agem tanto no alívio imediato de uma crise, como no tratamento de manutenção da asma. Nesse sentido, pode ser utilizado o corticoide inalatório, reconhecido antiinflamatório das vias aéreas, utilizado nas conhecidas bombinhas.
Muitas vezes, existe a necessidade do uso de dispositivos que combinam o corticóide inalatório e o broncodilatador de longa duração. Esse tratamento tópico com antiinflamatórios é indispensável para a redução dos sintomas.
“Os broncodilatadores de curta ação são usados para alívio e os de longa duração melhoram sintomas, mas não atuam na causa, pois não previnem e nem tratam isoladamente a resposta inflamatória”, explica Gleison Marinho Guimarães, pneumologista no Rio de Janeiro.
Também podem ser utilizados outros tipos de broncodilatadores como os anticolinérgicos, antagonistas dos leucotrienos, além da imunoterapia. Nos casos mais graves, os imunobiológicos, que bloqueiam as substâncias que estão associadas à inflamação, têm se tornado um dos grandes aliados no tratamento de pacientes.
Evitar fatores agravantes: se afastar das exposições que possam causar a descompensação do quadro. Ou seja, alérgicos devem evitar ter em casa, por exemplo, colchão, travesseiros ou tapetes com ácaros, mofos ou substâncias com cheiro forte que possam ser inaladas,causando a descompensação do quadro.
“É importante reconhecer a higiene ambiental como fundamental na abordagem terapêutica, manter sempre os ambientes limpos e bem ventilados, evitando os fatores desencadeantes”, alerta o pneumologista.
Além disso, renunciar todas as práticas do fumar, incentivar a adesão à atividade física, desde que respeite sua tolerância quanto à duração e à intensidade e ter uma alimentação saudável e sono adequado também ajudam.
Contudo, é fundamental que pessoas com asma, que tenham rinite ou sinusite mantenham esses quadros controlados. “Essas condições, quando estão fora de controle, têm grandes chances de descompensar a asma. Por isso, é importante que essas pessoas tenham o hábito de lavar constantemente o nariz com soro fisiológico para evitar o acúmulo de alérgenos nas narinas”, lembra a pneumologista do Hospital Nove de Julho.
A asma pode levar a outras doenças respiratórias?
Sim. Uma vez não tratada, a asma promove um processo inflamatório crônico que pode levar ao remodelamento da via aérea. Esse processo causa um grande dano para o paciente com asma, podendo levar a uma doença obstrutiva mais “fixa”, com menor reversibilidade, como a bronquite crônica e o enfisema pulmonar, tornando-se estruturalmente uma doença pulmonar obstrutiva crônica.
“A asma não tem cura, mas com a abordagem terapêutica adequada, a doença pode ser controlada e, ultimamente, temos discutido sobre a sua remissão. O objetivo sempre será a promoção da qualidade de vida e a redução de risco futuro”, finaliza Guimarães.
Referência: Associação Brasileira de Asmáticos