Candidíase de repetição: por que ela ocorre?
Uso frequente de antibióticos e queda da imunidade podem provocar a recorrência da doença
Provocada pelo fungo Candida albicans, a candidíase é uma doença incômoda que provoca coceira, inchaço, vermelhidão e corrimento na região vaginal. Quando o quadro ocorre acima de quatro vezes por ano, é chamado de candidíase de repetição.
Normalmente, esse fungo vive em harmonia na microbiota vaginal. No entanto, algumas situações podem fazer com que ele prolifere sem controle, causando o quadro.
Neste artigo, você vai ler:
O problema é bastante comum entre mulheres: cerca de 90% delas terão o problema ao menos uma vez na vida; e, de acordo com a Mayo Clinic, nos Estados Unidos, três entre quatro mulheres terão ao menos um episódio em alguma fase da vida.
E, embora seja mais frequente entre mulheres, a candidíase também pode acometer os homens. Nesse caso, o desconforto e a coceira se concentram na região da glande do pênis.
Mesmo sendo bastante incômoda, a candidíase tem tratamento e é facilmente manejável. Cremes e pomadas antifúngicas são usados de forma tópica e, caso o quadro seja mais intenso, medicamentos orais também podem ser usados para potencializar o efeito.
O que é candidíase de repetição?
Algumas pacientes apresentam a chamada candidíase crônica. O quadro é considerado quando a mulher apresenta crises com frequência, acima de quatro vezes ao ano. Estima-se que cerca de 5% das mulheres têm esse tipo de candidíase. Entenda as principais causas e as opções de tratamento a seguir.
O que causa a candidíase de repetição?
Como falamos, a candidíase é provocada pela proliferação excessiva do fungo Candida albicans, que normalmente vive de forma equilibrada na microbiota vaginal.
Isso ocorre porque, na microbiota, existem vários micro-organismos. E é justamente essa coexistência que mantém todos eles em número limitado na mucosa.
Mas algumas situações podem fazer com que esse equilíbrio seja quebrado. É o caso, por exemplo, do uso excessivo de antibióticos, que mata as bactérias “do bem” da microbiota e deixa o caminho livre para a proliferação do fungo.
Outra situação bastante comum que costuma interferir na microbiota é o estresse crônico. Um estudo brasileiro publicado no renomado periódico PLOS ONE, por exemplo, mostrou que essa condição pode ser uma das causas de quem sofre com episódios recorrentes de candidíase.
Em outra análise, os pesquisadores acreditam que o estresse é um fator de risco para a candidíase de repetição ainda maior do que o uso recorrente de antibióticos.
Isso se explica porque, durante esses períodos, há uma enxurrada de hormônios no corpo, como o cortisol, que acaba reduzindo a nossa resposta imunológica diante de infecções, incluindo a candidíase.
Isso pode ser explicado porque, no estresse crônico, há um aumento de hormônios como adrenalina e cortisol, que inibem a resposta imunológica do corpo diante de infecções, incluindo aí a candidíase.
Por fim, uma dieta rica em carboidratos (o alimento preferido do fungo) e pobre em fibras e alimentos naturais aumenta a quantidade de bactérias consideradas “do mal” na microbiota intestinal, que também têm influência no nosso sistema imune e nas defesas contra organismos invasores.
Como tratar a candidíase de repetição?
Assim como a candidíase esporádica, a versão crônica da doença também deve ser tratada com o uso de pomadas antifúngicas, cremes vaginais e medicamentos orais.
A diferença é a duração do tratamento: enquanto, no primeiro caso, ele dura poucos dias, no caso da candidíase de repetição, os remédios devem ser usados por pelo menos seis meses, sempre com orientação e supervisão médica.
No entanto, é importante investigar quais as causas da candidíase de repetição. Algumas situações que podem provocar essa recorrência são:
- Candidíase provocada por um fungo diferente;
- Gravidez (as alterações hormonais tornam a gestante mais propensa a essa infecção);
- Diabetes descontrolado;
- Imunocomprometimento (por uso de medicamentos ou por condições de saúde como o HIV).
Nesses casos, além do tratamento longo, podem ser necessárias algumas mudanças de hábitos de vida, como melhora na alimentação, além de e tratamentos que ajudem a aumentar a imunidade.