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    Como a imunoterapia pode ajudar pessoas com câncer

    Em vez de atacar o tumor diretamente, os medicamentos imunoterápicos estimulam o sistema imune

    Por Tiemi OsatoPublicado em 13/10/2022, às 12:07 - Atualizado em 26/07/2023, às 16:34
    Imagem: Shutterstock

    Nosso sistema imunológico é bastante potente. Às vezes pode parecer que não, afinal é só o tempo virar que você já começa a apresentar um ou outro sintoma de gripe, né? Mas fato é que nosso mecanismo de defesa pode até combater o câncer quando estimulado da forma correta. E é essa a ideia por trás da imunoterapia na oncologia.

    “As células cancerosas conseguem se esconder do sistema imune. O que a imunoterapia faz é tirá-las desse esconderijo e mostrar que existe algo estranho no organismo”, explica Iuri Amorim de Santana, oncologista da Clínica AMO.

    Diferente de outros tratamentos disponíveis para câncer, o medicamento não age diretamente contra o tumor. O que a droga imunoterápica faz é estimular as células de defesa do paciente para que elas sejam capazes de combater as células cancerosas por conta própria.

    A imunoterapia é utilizada em quais casos?

    “Em praticamente todas as histologias [ciências que estudam os tecidos] existem testes com resultados, se não bem consolidados, pelo menos promissores”, comenta Santana.

    Pacientes com melanoma ou câncer de pulmão foram os primeiros a se beneficiarem da imunoterapia. Agora, ela também pode ser indicada para outros cânceres, como de rim, bexiga, cabeça e pescoço, estômago, colo de útero e linfoma.

    A recomendação da imunoterapia vai depender de uma série de fatores, incluindo tipo de tumor, estágio da doença e sensibilidade do paciente à medicação. Esses elementos determinam, inclusive, se a imunoterapia será utilizada isoladamente ou em combinação com outro tipo de tratamento.

    Como a imunoterapia funciona?

    Importante esclarecer que, ao falarmos de imunoterapia, estamos englobando mais de uma possibilidade. “Existem vários tipos: com anticorpos monoclonais, com vacinas, com infusão de células T”, exemplifica  Aknar Calabrich, oncologista da Clínica AMO. “Mas todos têm a mesma base biológica de ativação do sistema imunológico.”

    A imunoterapia com inibidores do checkpoint imunológico é a mais comum hoje em dia. Os checkpoints imunológicos funcionam como reguladores da resposta imune, impedindo que ela seja muito intensa. O objetivo desse mecanismo é, basicamente, evitar que células saudáveis do corpo sejam atacadas.

    No entanto, isso pode acabar atrapalhando o combate das células de defesa ao câncer. Na imunoterapia com inibidores do checkpoint imunológico, então, são empregados medicamentos que ativam os linfócitos T em momentos específicos.

    “Essas medicações melhoram a ação do sistema imunológico ao facilitarem o reconhecimento dos antígenos tumorais, que são moléculas anormais do tumor”, afirma Calabrich.

    Quais são os efeitos adversos da imunoterapia?

    De forma geral, os efeitos adversos da imunoterapia estão ligados ao próprio sistema imune. “Quando o sistema imunológico é ativado com o objetivo de combater o tumor, pode ser que ele fique muito ativado e danifique tecidos normais por meio de processos inflamatórios”, explica Calabrich.

    Ou seja, os pacientes podem apresentar hipotireoidismo, hipertireoidismo, colite e pneumonite, por exemplo. Essas são reações possíveis, mas que não necessariamente acontecem. A imunoterapia costuma ser bem tolerada pelos indivíduos.

    +LEIA MAIS: A qualidade de vida durante o tratamento de câncer

    “A taxa de acontecimento de efeitos colaterais é baixa e, na maioria das vezes, conseguimos flagrar alterações antes que surjam sintomas, por meio de exames laboratoriais”, diz Santana.

    Quais as vantagens da imunoterapia?

    A tolerância dos pacientes aos medicamentos é uma das grandes vantagens da imunoterapia na comparação com outros tratamentos oncológicos. Isso permite que pessoas com comorbidades e idosos tirem maior proveito dessa alternativa terapêutica.

    Outro ponto positivo da imunoterapia é o seu funcionamento: ela opera de uma maneira que o câncer não consegue desvendar.

    “Na quimioterapia, o tumor pode acabar entendendo como o quimioterápico funciona e, assim, desenvolver um mecanismo de resistência”, comenta Calabrich. “A vantagem da imunoterapia é que a ação da droga não é diretamente no tumor, mas no sistema imunológico, permitindo a criação da memória imunológica”, conclui.

    E também há casos em que os indivíduos, mesmo após o fim do tratamento, continuam se beneficiando dele, desenvolvendo respostas duradouras. O sistema imunológico segue ativo, combatendo eventuais novas células tumorais.

    “Assim, nós começamos a falar da possibilidade de estar curando pacientes metastáticos, que eram tidos como incuráveis. Há uma quebra de paradigma na oncologia com esses resultados”, afirma Santana.

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