nav-logo
Compartilhe

Epilepsia: alterações cerebrais provocam crises convulsivas frequentes

Entre as causas da condição estão fatores hereditários e lesões cerebrais

Por Samantha CerquetaniPublicado em 09/05/2025, às 16:32 - Atualizado em 17/07/2025, às 14:47

epilepsia

Convulsões de início súbito, episódios de inconsciência e alterações motoras involuntárias podem ser manifestações de epilepsia, uma condição neurológica que provoca alterações temporárias na atividade cerebral. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), estima-se que 50 milhões de pessoas convivam com a doença em todo o mundo e, no Brasil, cerca de 1,8 e 3,6 milhões têm epilepsia.

O que é epilepsia?

A epilepsia é uma condição neurológica crônica que envolve crises epilépticas recorrentes, provocadas por descargas elétricas anormais entre os neurônios, que são as células responsáveis por transmitir os impulsos nervosos no cérebro.

Essas descargas interferem, mesmo que por poucos segundos ou minutos, no funcionamento normal da atividade cerebral. Por isso, a pessoa pode apresentar alterações no comportamento, nos movimentos, nos sentidos ou no nível de consciência.

Agendar exames

Possíveis causas para a epilepsia?

As origens da epilepsia são variadas e dependem tanto do tipo da condição quanto da faixa etária do paciente.  Em crianças, por exemplo, a doença pode estar relacionada à falta de oxigênio no cérebro durante o parto, condição chamada de anóxia neonatal, ou ainda a distúrbios metabólicos presentes desde o nascimento.

Já entre os idosos, as causas mais frequentes incluem alterações vasculares cerebrais, como o acidente vascular cerebral (AVC), além da presença de tumores no cérebro.

Além disso, a epilepsia pode ser causada por tumores cerebrais, infecções no sistema nervoso central (como meningite e encefalite), além de distúrbios do desenvolvimento neurológico e de natureza genética.

Sintomas da epilepsia

Entre os sintomas frequentes de epilepsia estão breves lapsos de memória (apagão), olhar fixo ou sensação de desconexão. Há eventos mais claros, com manifestações motoras como abalos dos membros. Em parte das pessoas com a condição, há sinais prévios à crise, como formigamento, cheiro estranho, medo súbito ou déjà vu. Podem ocorrer também outras manifestações mais graves, como convulsões com tremores, rigidez, salivação e mordida na língua, seguidas de confusão mental.

Em crianças, podem ocorrer as chamadas crises de ausência, nas quais há uma interrupção repentina da atividade que estava sendo realizada. Esses episódios, que podem se repetir diversas vezes ao dia, geralmente vêm acompanhados de piscadas rápidas ou pequenos movimentos automáticos das mãos.

Como agir ao presenciar alguém passando por um ataque epilético?

As crises epilépticas, muitas vezes, ocorrem de forma inesperada. Nesses momentos, a atitude das pessoas ao redor é fundamental para proteger quem está em crise. A seguir, veja como agir corretamente: 

  • Manter a calma e afastar objetos que possam machucar. 
  • Ajudar a pessoa a deitar em local seguro, com a cabeça protegida. 
  • Virar a cabeça da pessoa para o lado para facilitar a respiração. 
  • Não tentar segurar os movimentos nem colocar nada na boca. 
  • Ficar ao lado da pessoa até que ela recupere a consciência. 
  • Acionar ajuda médica se a crise durar mais de cinco minutos. 
  • Após a crise, permitir que ela descanse. 

Exames que auxiliam no diagnóstico da epilepsia

O diagnóstico da epilepsia é realizado após análise dos sintomas e em exames que identificam a causa das crises. O eletroencefalograma (EEG) é um dos principais, pois avalia a atividade elétrica cerebral e indica alterações compatíveis com a doença.

A ressonância magnética também é bastante usada para detectar possíveis lesões no cérebro. Em alguns casos, a tomografia e exames laboratoriais complementam a investigação.

Em casos de possível origem genética, exames como o Painel Ampliado para Epilepsia podem ajudar na investigação, pois analisam genes ligados à forma hereditária da doença por meio de sequenciamento genético. A amostra pode ser coletada com sangue ou swab oral.

Agendar exames

Tratamentos para epilepsia

O tratamento da epilepsia visa controlar as crises e melhorar a qualidade de vida do paciente. Na maioria dos casos, são indicados medicamentos anticonvulsivantes (conhecidos atualmente como fármacos anticrise), que ajudam a equilibrar a atividade elétrica do cérebro. Estima-se que cerca de dois terços dos pacientes têm suas crises controladas com o uso de medicamentos.

Para pacientes com epilepsia de difícil controle, existem alternativas terapêuticas além dos medicamentos convencionais. A dieta cetogênica (semelhante à dieta Atkins), especialmente indicada para crianças, pode ser uma opção eficaz, assim como o tratamento cirúrgico em casos selecionados.

Outra possibilidade é a neuromodulação, que utiliza em nervos periféricos (nervo vago) para reduzir a frequência ou intensidade das crises. A cirurgia para epilepsia também é uma opção terapêutica em casos selecionados.

É possível prevenir a epilepsia?

Algumas formas de epilepsia podem ser evitadas com cuidados específicos. Entre elas estão aquelas associadas à anóxia neonatal (falta total de oxigênio no cérebro do bebê recém-nascido) e às doenças cerebrovasculares.

No caso dos bebês, para prevenir complicações durante o nascimento, é fundamental garantir um bom acompanhamento pré-natal e uma assistência adequada no momento do parto.

No caso de adultos, é preciso manter sob controle fatores de risco como hipertensão e diabetes para contribuir para a prevenção de acidentes vasculares cerebrais, que estão entre as possíveis causas de epilepsia.

Qual médico procurar?

O especialista responsável pelo diagnóstico e tratamento da epilepsia é o neurologista, que avalia os sintomas, solicita exames e indica o melhor tratamento.

Agendar exames

Fonte: Dra. Letícia Soster – Neurologista

Encontrou a informação que procurava?
nav-banner

Veja também

Escolha o melhor dia e lugarAgendar exames