Hidrossalpinge: a doença pode dificultar a gravidez
A condição acontece quando as trompas ficam obstruídas e cheias de líquido. Saiba quais exames podem confirmar o diagnóstico

A hidrossalpinge é uma alteração no sistema reprodutor feminino que está diretamente ligada à infertilidade. Como não costuma apresentar sintomas, muitas mulheres só recebem o diagnóstico após meses de tentativas para engravidar.
Continue a leitura e conheça as causas do problema, como identificá-lo e quais as opções de tratamento.
Neste artigo, você vai ler:
Hidrossalpinge: o que é?
A hidrossalpinge é a dilatação de uma ou ambas as tubas uterinas causada pelo acúmulo de líquido. E isso acontece quando uma obstrução na ponta desses canais impede a passagem e a drenagem natural desse líquido.
Como as tubas conectam os ovários ao útero, elas são essenciais para a fecundação. E, com o bloqueio, o caminho para o óvulo e o espermatozoide fica interrompido, o que impede ou dificulta a gravidez.
Hidrossalpinge bilateral
A hidrossalpinge bilateral acontece quando o problema afeta as duas tubas ao mesmo tempo. Ou seja, ambos os canais estão obstruídos e dilatados pelo acúmulo de líquido. Com isso, as chances de uma gravidez espontânea são praticamente nulas.
Quando apenas uma tuba é afetada (unilateral), a outra pode continuar funcionando e a mulher ainda tem chances de engravidar de forma natural.
Hidrossalpinge pode causar infertilidade?
Sim, a hidrossalpinge é uma causa reconhecida de infertilidade feminina. O problema afeta a fertilidade de várias maneiras, tornando a gravidez natural muito difícil ou até mesmo impossível, especialmente nos casos bilaterais.
Primeiro, a obstrução física impede que o espermatozoide chegue até o óvulo. A tuba bloqueada não consegue captar o óvulo liberado pelo ovário. Com isso, a fecundação simplesmente não acontece.
Além disso, o líquido acumulado na tuba é “tóxico”, podendo vazar para dentro do útero e criar um ambiente hostil para o embrião. Esse fluido inflamatório atrapalha a implantação do embrião na parede uterina, mesmo em tratamentos de fertilização in vitro (FIV). Por essa razão, muitas vezes é recomendado tratar a hidrossalpinge antes de iniciar a FIV.
O que causa a hidrossalpinge?
A principal causa da hidrossalpinge é a doença inflamatória pélvica (DIP), infecção que atinge os órgãos reprodutivos femininos, como útero e trompas. Na maioria das vezes, a DIP é provocada por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a clamídia e a gonorreia, que não foram tratadas adequadamente.
A DIP pode gerar cicatrizes e aderências nas tubas, e esse tecido cicatricial acaba bloqueando a extremidade do canal, o que leva ao acúmulo de líquido e à formação da hidrossalpinge.
Mas existem outros fatores que também podem causar o problema:
- Endometriose, uma condição em que o tecido do útero cresce fora dele, causando inflamação e aderências.
- Cirurgias abdominais ou pélvicas anteriores, como a remoção de apêndice ou cistos ovarianos, que podem criar tecido cicatricial.
- Aderências pélvicas causadas por outras condições.
- Tumores na região pélvica.
Prevenção
Como a doença inflamatória pélvica (DIP) é a causa mais comum, evitar as infecções que levam a ela seria fundamental. E a principal forma de prevenir as ISTs, como clamídia e gonorreia, é o uso de preservativos em todas as relações sexuais.
Além disso, é importante fazer exames ginecológicos de rotina. Eles ajudam a diagnosticar e tratar qualquer infecção rapidamente, antes que ela possa evoluir e causar danos às trompas.
Sintomas da hidrossalpinge
Muitas vezes, não há sintomas e a mulher só descobre o problema ao investigar por que não consegue engravidar. Com muita frequência, a dificuldade para conceber é o principal e único sinal.
Quando os sintomas aparecem, os mais comuns incluem dor na região pélvica ou na parte inferior do abdômen, que pode ser contínua ou piorar durante o período menstrual. Além disso, outros sinais seriam:
- Corrimento vaginal anormal, às vezes com cheiro forte.
- Dor durante a relação sexual.
- Sangramento fora do período menstrual.
- Febre, em casos de infecção ativa.
Exames que auxiliam no diagnóstico
Depois da consulta, o ginecologista costuma pedir exames de imagem para visibilizar as tubas e confirmar a suspeita. E o teste mais específico para avaliar as tubas é a histerossalpingografia (HSG).
Trata-se de um exame de raio-X com contraste, considerado um dos principais para avaliar se as tubas estão abertas ou obstruídas. O procedimento é rápido, dura cerca de 10 minutos e não precisa de internação ou sedação.
Nele, o médico insere um cateter fino no colo do útero e injeta um líquido de contraste. Enquanto o líquido se move pelo útero e trompas, são feitas radiografias. Se não houver bloqueios, o exame mostra o contraste passando livremente para a cavidade pélvica.
O médico também pode solicitar uma histerossonossalpingografia. Similar à HSG, ela utiliza o ultrassom transvaginal para avaliar as tubas. Nele, o cateter é inserido pelo colo uterino até o útero. E uma solução é injetada para facilitar a visibilização.
Há ainda a opção de uma cirurgia minimamente invasiva que serviria tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento da condição. Na videolaparoscopia, uma pequena câmera é inserida no abdômen, permitindo que o médico veja as tubas diretamente, além de poder inserir contraste e verificar se estão obstruídas.
Formas de tratamento para a hidrossalpinge
O tratamento da hidrossalpinge é, principalmente, cirúrgico, em especial para mulheres que desejam engravidar. E o procedimento mais comum é a remoção completa das tubas afetadas, chamado de salpingectomia. A cirurgia é feita com a técnica de videolaparoscopia, um método minimamente invasivo.
A remoção das tubas é a opção mais indicada na maioria dos casos porque a estrutura dela geralmente já está muito danificada pelo acúmulo de líquido. Retirar a trompa também elimina esse fluido, que é considerado tóxico e pode impedir que um embrião se fixe no útero.