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Leishmaniose: entenda os sinais, formas de contágio e como se proteger

Com diferentes formas clínicas, a leishmaniose é uma zoonose grave que pode deixar sequelas e até levar à morte se não for tratada

Fonte: Dra. Luisa Frota ChebaboInfectologistaPublicado em 06/06/2025, às 13:28 - Atualizado em 06/06/2025, às 13:28

A leishmaniose é uma doença infecciosa causada por parasitas do gênero Leishmania e transmitida pela picada de insetos conhecidos como flebotomíneos (mosquito-palha). Globalmente, mais de 1 bilhão de pessoas vivem em áreas de risco, com estimativa anual entre 700.000 e 1.000.000 de novos casos de leishmaniose cutânea e 50.000 a 90.000 de visceral, segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde).

Leishmaniose: o que é? 

A leishmaniose é uma doença infecciosa causada por parasitas do gênero Leishmania, transmitida aos humanos e animais pela picada de flebotomíneos, os chamados mosquito-palha. Nos casos mais leves, a doença pode afetar a pele e mucosas. Quando há maior gravidade, os protozoários infectam os macrófagos, que são as células de defesa do organismo, e se multiplicam internamente, o que causa lesões em órgãos e evolução potencialmente grave se não diagnosticada precocemente. 

Tipos de Leishmaniose

Há dois tipos de Leishmaniose que variam muito nos sintomas e gravidade.  

Leishmaniose tegumentar ou cutânea

Caracterizada por pápulas (lesões sólidas com menos de 1 centímetro) e nódulos que evoluem para úlceras de bordas elevadas, geralmente indolores. O quadro pode surgir semanas ou meses após a picada do mosquito infectado. E, em cerca de 5 a 10 % dos casos cutâneos não tratados, o parasita pode se espalhar às mucosas de nariz, boca e garganta, configurando a leishmaniose mucocutânea, que provoca sérias deformidades faciais.

Leishmaniose visceral

A forma mais grave da doença afeta órgãos como fígado, baço e medula óssea. Provoca febre intermitente, perda de peso inexplicada, aumento de órgãos abdominais, fraqueza (fadiga) e anemia, podendo ser fatal se não houver tratamento. 

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Riscos 

Sem tratamento, a forma visceral da leishmaniose atinge letalidade superior a 95%, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).  

Em relação à forma tegumentar, na ausência de acompanhamento médico as lesões mucocutâneas podem evoluir com deformidades importantes.

Vale ainda mencionar que em pessoas imunossuprimidas (por HIV ou outras causas) costuma haver aumento de mortalidade e dificuldade de manejo clínico da condição. 

Como ocorre a transmissão da Leishmaniose?

Os principais vetores da Leishmaniose são as fêmeas do mosquito-palha (flebotomíneos). Esses mosquitos picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o parasita para os humanos. 

Clima quente e úmido, matéria orgânica em decomposição e sombra favorecem criadouros de mosquito-palha e, assim, a incidência da doença.

Formas de prevenir a Leishmaniose

Medidas práticas para prevenir a Leishmaniose são: 

  • Uso de repelente de amplo espectro, especialmente no fim do dia e à noite;  
  • Instalar telas em portas e janelas e usar mosquiteiros ao dormir; 
  • Limpeza de terrenos baldios e remoção de lixo e matéria orgânica;  
  • Proteger cães com coleiras repelentes e vacinação antileishmania em áreas recomendadas. 

 Sintomas de Leishmaniose

Os sintomas de Leishmaniose variam de acordo com a forma clínica da doença, que pode ser cutânea ou visceral, cada uma com manifestações específicas e graus distintos de gravidade.

Sintomas da Leishmaniose cutânea

A forma cutânea é a mais comum e atinge principalmente a pele. Os sintomas incluem: 

  • Úlceras ou feridas na pele: geralmente com bordas elevadas e fundo granuloso. Essas lesões podem ser únicas ou múltiplas. 
  • Cicatrizes e deformidades: em casos mais graves ou quando não tratadas adequadamente, as lesões podem deixar marcas permanentes e causar deformidades visíveis. 

A Leishmaniose cutânea possui ainda uma forma menos comum e mais agressiva: a mucocutânea, que afeta mucosas da boca, nariz e garganta. E os principais sintomas são sangramento nasal, dificuldade para respirar e voz rouca, devido à destruição das mucosas.

Leishmaniose visceral (calazar)

Considerada a forma mais grave da doença, a leishmaniose visceral pode afetar órgãos como fígado, baço e medula óssea. Seus sintomas são: 

  • Febre prolongada e persistente; 
  • Perda de peso significativa sem motivo aparente; 
  • Aumento do volume abdominal, causado pelo aumento do fígado (hepatomegalia) e do baço (esplenomegalia); 
  • Anemia, devido ao comprometimento da medula óssea. 
  • Sensação persistente de fadiga e cansaço. 

Qual médico procurar?

O infectologista é o especialista mais indicado para diagnosticar e tratar doenças infecciosas, como a leishmaniose. Ele está habilitado a identificar a forma da doença (cutânea ou visceral), solicitar exames específicos e prescrever o tratamento correto.

No caso da leishmaniose cutânea, o dermatologista pode fazer a avaliação inicial das lesões de pele, identificando as feridas suspeitas.

Em áreas endêmicas, médicos de família e serviço de atenção primária também conduzem o diagnóstico inicial.

Qual exame auxilia no diagnóstico da Leishmaniose?

O diagnóstico da leishmaniose é feito a partir da avaliação clínica dos sintomas e da realização de exames laboratoriais e de imagem, escolhidos conforme a forma da doença (cutânea ou visceral).

Avaliação clínica

O primeiro passo é a análise médica dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Feridas na pele que não cicatrizam, febre persistente, aumento do abdômen, perda de peso e fadiga são sinais que levantam suspeita da infecção. A observação direta de úlceras com bordas elevadas, comuns na leishmaniose cutânea, também é um indicativo importante.

Exames parasitológicos

O exame parasitológico direto identifica o protozoário Leishmania em amostras de sangue, lesões de pele, linfonodos, medula óssea ou baço. Em alguns casos, é possível realizar o cultivo do parasita em meios específicos para a Leishmania, o que permite o crescimento do protozoário fora do corpo, facilitando a identificação.

Testes sorológicos

Os exames sorológicos detectam anticorpos específicos contra a Leishmania no sangue do paciente. São úteis especialmente nos casos de leishmaniose visceral, e incluem testes como ELISA e imunofluorescência indireta (IFI). Esses exames apresentam limitações em casos de infecções recentes ou em pessoas com sistema imune comprometido.

PCR

O PCR é um exame molecular altamente sensível e específico, que detecta o material genético do parasita em amostras clínicas, como sangue, tecido cutâneo ou medula óssea. É uma das técnicas mais modernas e confiáveis para confirmar a presença da Leishmania, sendo especialmente útil quando outros testes apresentam resultados inconclusivos. 

Histopatologia

Em casos de leishmaniose cutânea, pode ser realizada uma biópsia da lesão, com coleta de uma pequena amostra da úlcera para análise ao microscópio. Já nos casos de leishmaniose visceral, pode ser necessária a biópsia de órgãos internos, como medula óssea, linfonodos ou baço, para identificação do parasita.

Exames de imagem

Nos casos de leishmaniose visceral, exames de imagem como ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) podem ser solicitados para avaliar o aumento do fígado e do baço e investigar possíveis complicações nos órgãos. Esses exames não confirmam a doença sozinhos, mas ajudam a avaliar a gravidade e extensão do quadro.

Formas de tratamento

O tratamento da leishmaniose depende da forma clínica da doença — cutânea ou visceral — e das condições de saúde de cada paciente. Os medicamentos utilizados têm como principal objetivo eliminar o parasita Leishmania do organismo. 

A duração da terapia pode variar, e é essencial seguir todas as orientações médicas até o final do tratamento, mesmo que os sintomas melhorem antes.

Tratamento da leishmaniose cutânea

Na forma cutânea (também chamada de tegumentar), o tratamento mais indicado é com medicamentos antimoniais, como o glucantime, que pode ser aplicado por via intramuscular, alcançando a corrente sanguínea ou por via intralesional, diretamente nas lesões da pele.

Tratamento da leishmaniose visceral

A leishmaniose visceral, por ser mais grave, exige medicamentos mais potentes. Entre os principais estão o Glucantime (administrado por via intramuscular ou intravenosa) e a Anfotericina B, também por via intravenosa. 

Em ambos os casos, o acompanhamento médico rigoroso durante todo o processo é indispensável, tanto para garantir a eficácia do tratamento quanto para prevenir recaídas ou complicações.

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