Osteossarcoma: conheça os fatores de risco e sintomas
O diagnóstico precoce deste câncer ósseo é fundamental para um tratamento rápido e assertivo e consequente condução do mesmo
Osteossarcoma é um tipo raro de câncer ósseo que se origina nas células formadoras dos ossos. Geralmente, ele afeta adolescentes e adultos jovens, e manifesta-se em ossos longos, como o fêmur, a tíbia e o úmero. Trata-se de uma condição séria, mas os avanços nos métodos de diagnóstico e tratamento têm melhorado significativamente as perspectivas para os pacientes.
Neste artigo, você vai ler:
Osteossarcoma: o que é?
O osteossarcoma é o tipo mais comum de sarcoma ósseo maligno, caracterizado pelo crescimento descontrolado de células osteoblásticas, responsáveis pela formação do tecido ósseo.
O termo “osteossarcoma” deriva das duas raízes gregas: “osteo-“, que significa “osso”, e “sarcoma“, que se refere a um tumor maligno originado do tecido conjuntivo. Portanto, “osteossarcoma” descreve um tumor maligno que se desenvolve no tecido ósseo.
Este tumor primário ósseo tende a se desenvolver nas metáfises dos ossos longos, regiões próximas às extremidades onde ocorre o crescimento ósseo mais ativo durante a adolescência. Com maior frequência, ele se manifesta no joelho (fêmur distal e tíbia proximal) e no ombro (úmero proximal).
Fatores de risco
Na maioria dos casos, o osteossarcoma acomete adolescentes e adultos jovens. Essa prevalência está relacionada ao período de crescimento acelerado, geralmente entre 10 e 25 anos, quando a atividade osteoblástica está em alta, aumentando a suscetibilidade a alterações genéticas que podem levar ao desenvolvimento do tumor. Além disso, estudos epidemiológicos indicam que o osteossarcoma é ligeiramente mais comum em homens que em mulheres.
Já para outros grupos etários ou pacientes com condições específicas, podemos mencionar os seguintes fatores de risco:
- Condições ósseas pré-existentes (como a doença de Paget): a condição é mais comum em adultos mais velhos e causa alterações na estrutura óssea, aumentando o risco de tumores como o osteossarcoma.
- Histórico de radioterapia: a exposição a altas doses de radiação pode induzir alterações genéticas nas células ósseas, levando à formação de tumores malignos, inclusive em locais que já sofreram intervenção terapêutica.
- Predisposição genética: síndromes hereditárias, como a síndrome de Li-Fraumeni ou o retinoblastoma hereditário, estão bem documentadas na literatura médica e elevam o risco de desenvolver diversos tipos de câncer, incluindo o osteossarcoma.
Sintomas do osteossarcoma
O sintoma mais prevalente do osteossarcoma é a dor óssea. Essa dor geralmente se manifesta de forma localizada e persistente, podendo intensificar-se com atividades físicas ou mesmo durante a noite.
Em muitos casos, a dor é inicialmente interpretada como uma lesão esportiva ou desconforto comum, o que pode atrasar a busca por um diagnóstico adequado. Essa prevalência da dor óssea se justifica pelo fato de que o tumor, ao crescer, causa pressão e inflamação nas estruturas ósseas e nos tecidos circundantes, resultando em um quadro doloroso que é o primeiro sinal percebido pelos pacientes.
Além da dor óssea, os pacientes também costumam relatar:
- Inchaço e edema na área afetada: muitas vezes, o tumor causa um aumento de volume no local, que pode ser percebido como uma massa ou deformidade, especialmente em torno dos ossos longos.
- Sensibilidade ao toque: a região em que o tumor se desenvolve frequentemente se torna sensível, provocando desconforto ou dor ao ser pressionada.
- Limitação de movimentos: devido à presença do tumor e ao aumento de volume, pode haver restrição na mobilidade da articulação adjacente, impactando as atividades diárias.
Em alguns casos, o osso enfraquecido pelo tumor pode se fraturar com traumas mínimos, levando à descoberta da condição. Já em estágios mais avançados, alguns pacientes podem apresentar sintomas gerais como fadiga, perda de peso e, ocasionalmente, febre, embora esses sejam menos comuns.
É importante notar que esses sintomas podem ser confundidos com outras condições, como lesões esportivas ou osteoporose. Portanto, a avaliação médica é crucial para um diagnóstico preciso.
Qual médico procurar?
Diante de sintomas sugestivos de osteossarcoma, o primeiro passo é consultar um ortopedista, médico especializado no sistema musculoesquelético. Este profissional poderá realizar uma avaliação inicial e, se necessário, encaminhar o paciente para um oncologista especializado em tumores ósseos para continuidade do tratamento.
Qual exame detecta osteossarcoma?
Geralmente, a radiografia (raio-x) é o exame mais solicitado e o primeiro a ser realizado. Isso porque ele permite identificar alterações ósseas características – como o padrão em “raios de sol” e a presença de reação periosteal de aspecto agressivo – que levantam a suspeita do tumor.
Esses achados radiográficos são cruciais para direcionar o paciente para exames complementares que ajudam a definir a extensão local do tumor e a avaliar a presença de metástases. Entre eles, podemos destacar:
- Ressonância magnética (RM): geralmente, este é o próximo exame solicitado. A RM fornece imagens detalhadas da extensão local do tumor, mostrando não apenas a estrutura óssea, mas também os tecidos moles ao redor. Essa precisão é fundamental para o planejamento cirúrgico e para determinar a melhor estratégia terapêutica.
- Tomografia computadorizada (TC): após a RM, a TC costuma ser utilizada para investigar metástases, principalmente nos pulmões, que são o local mais comum para a disseminação do osteossarcoma. A TC oferece uma visualização clara das estruturas torácicas, permitindo identificar lesões pulmonares que podem não ser visíveis na radiografia convencional.
- Cintilografia óssea: este exame pode ser solicitado para avaliar a presença de outras lesões ósseas que indiquem disseminação do tumor. A cintilografia óssea utiliza radiofármacos que se acumulam em áreas de alta atividade óssea, revelando potenciais focos metastáticos no esqueleto.
- Biópsia: através dela, é possível confirmar a natureza maligna do tumor e definir características histológicas que orientarão o tratamento.
Tratamentos para o osteossarcoma
O tratamento do osteossarcoma se fundamenta na quimioterapia e cirurgia, que são consideradas o pilar central dessa abordagem terapêutica. A remoção completa do tumor é o objetivo principal, e sempre que possível, os médicos optam por procedimentos que preservem o membro afetado, possibilitando uma reconstrução funcional por meio de técnicas avançadas.
Antes da intervenção cirúrgica, é comum a utilização da quimioterapia neoadjuvante, que tem a função de reduzir o tamanho do tumor e combater micrometástases ainda não visíveis, facilitando uma cirurgia menos invasiva e mais conservadora. Após a cirurgia, a quimioterapia adjuvante tem o intuito de eliminar quaisquer células tumorais remanescentes, diminuindo assim o risco de recidiva e contribuindo para um prognóstico mais favorável.
Embora a radioterapia não seja a modalidade padrão no tratamento, ela pode ser empregada em situações específicas, como quando a ressecção cirúrgica não alcança margens adequadas ou em casos em que o tumor se mostra inoperável. Nesses contextos, a radioterapia atua de forma paliativa, controlando localmente a doença e aliviando os sintomas, o que pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Em casos em que o tumor está muito avançado ou comprometendo estruturas essenciais, pode ser necessária a amputação para assegurar a remoção total da lesão.
Fonte: Dr. Abdalla Skaf, diretor de ortopedia na Dasa