Pielonefrite: infecção nos rins exige tratamento rápido
Causada principalmente por bactérias, a doença afeta mais as mulheres

A infecção urinária afeta cerca de 50% das mulheres em algum momento da vida, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBU-SP). Muitas vezes, o problema se resolve de forma simples. Mas, em alguns casos, ele pode evoluir para um quadro mais grave, como a pielonefrite.
Essa infecção sai da bexiga e sobe até os rins, demandando atenção médica imediata. Siga a leitura e conheça seus sintomas, causas e formas de tratamento.
Neste artigo, você vai ler:
Pielonefrite: o que é?
A pielonefrite é uma infecção bacteriana que atinge os rins, sendo um tipo mais grave de infecção urinária. Ela acontece quando as bactérias sobem da bexiga, passam pelos ureteres (os canais que conectam os órgãos) e chegam aos rins.
O quadro exige atendimento médico rápido, pois, sem tratamento, a infecção pode atingir a corrente sanguínea e causar uma infecção generalizada (sepse).
Pielonefrite aguda
A pielonefrite aguda é a forma mais comum da doença. Os sintomas aparecem de uma hora para outra e costumam ser fortes. Os mais comuns são febre alta, calafrios e dor na região lombar. O quadro exige tratamento rápido com antibióticos para evitar complicações.
Pielonefrite crônica
A pielonefrite crônica é menos comum, sendo caracterizada por episódios repetidos de infecção renal. Muitas vezes, está associada a problemas de longo prazo como anormalidades no trato urinário, refluxo de urina da bexiga para os rins ou obstruções. Com o tempo, as infecções recorrentes podem levar a danos permanentes nos rins.
Pielonefrite na gravidez
A gravidez é um período que exige atenção especial com as infecções urinárias. Nessa fase, a pielonefrite é uma condição séria e que merece cuidados redobrados, pois representa riscos para a mãe e para o bebê.
As próprias mudanças do corpo da gestante aumentam o risco. As alterações hormonais podem relaxar a musculatura dos ureteres. E o crescimento do útero pode comprimir esses canais. Com isso, o fluxo de urina fica mais lento e facilita a subida de bactérias até os rins.
Mesmo uma infecção urinária sem sintomas, chamada de bacteriúria assintomática, deve ser tratada em gestantes. O objetivo é justamente evitar que as bactérias cheguem aos rins. E essa é uma das razões pelo qual o acompanhamento pré-natal é tão importante.
Quando a pielonefrite acontece na gravidez, ela aumenta o risco de trabalho de parto prematuro e de baixo peso do bebê ao nascer. E o tratamento geralmente exige internação hospitalar, com a aplicação de antibióticos seguros pela veia para proteger a saúde da mãe e do feto.
O que causa a pielonefrite?
A causa mais comum da pielonefrite é a bactéria Escherichia coli (E. coli). Ela vive naturalmente no nosso intestino, mas a infecção começa quando essa bactéria consegue alcançar a uretra, o canal da urina.
Essa primeira infecção, na entrada do sistema urinário, é a uretrite. E ela é o ponto de partida. Então, a bactéria pode subir, infectando a bexiga. Se o problema não for tratado, a bactéria chega aos rins, e o quadro evolui para uma pielonefrite. Outros micróbios, além da E. coli, também podem fazer esse mesmo trajeto.
Vale lembrar ainda que alguns fatores aumentam o risco de desenvolver a doença:
- Ser mulher: a uretra feminina é mais curta, o que facilita a chegada de bactérias à bexiga.
- Obstruções urinárias: condições como pedras nos rins ou aumento da próstata em homens podem bloquear o fluxo de urina. E isso facilita a proliferação de bactérias.
- Sistema imunológico enfraquecido: diabetes e outras doenças que afetam a imunidade tornam o corpo mais vulnerável a infecções.
- Uso de cateter urinário: o dispositivo pode servir como uma porta de entrada para bactérias.
É possível prevenir a pielonefrite?
Podemos adotar medidas para reduzir o risco de pielonefrite. Como a doença geralmente começa como uma infecção urinária mais baixa, precisamos evitar que as bactérias entrem e se multipliquem no sistema urinário. E algumas medidas podem ajudar:
- Beber bastante água: a hidratação ajuda a “lavar” o sistema urinário, eliminando bactérias antes que elas se instalem.
- Urinar com frequência: não segure a vontade de ir ao banheiro. Urinar regularmente ajuda a esvaziar a bexiga e a remover microrganismos.
- Ter bons hábitos de higiene: mulheres devem sempre se limpar da frente para trás após urinar ou evacuar. Isso evita que bactérias do ânus cheguem à uretra.
- Urinar depois da relação sexual: ajuda a expelir eventuais bactérias que possam ter entrado na uretra durante o sexo.
Sintomas de pielonefrite
Os sintomas clássicos da pielonefrite são febre alta, calafrios e uma dor forte na região lombar. Essa dor pode ser em um ou nos dois lados das costas, na altura dos rins. A dor é constante e piora com o toque na região.
Além disso, outros sintomas podem aparecer e se somar aos de uma cistite comum:
- Náuseas e vômitos;
- Dor ou ardência ao urinar;
- Urina com cheiro forte ou aparência turva;
- Presença de sangue na urina;
- Vontade frequente de ir ao banheiro, mesmo com a bexiga vazia.
Quando procurar por um médico?
Procure um médico se apresentar sintomas de infecção urinária. E procure imediatamente se surgirem sinais de que a infecção pode ter chegado aos rins. Os sinais são febre alta, calafrios e dor lombar intensa.
O clínico geral ou o urologista podem fazer o primeiro atendimento. Em casos mais complexos ou recorrentes de doenças renais, o paciente pode ser encaminhado a um nefrologista. Este médico é especialista no diagnóstico e tratamento de problemas clínicos que afetam os rins.
Exames que auxiliam no diagnóstico da pielonefrite
Depois da avaliação dos sintomas pelo médico, são solicitados exames para confirmar a infecção. Em geral, o primeiro é o exame de urina tipo 1. Ele pode mostrar a presença de leucócitos e, por vezes, de nitrito na urina, um forte indicativo de infecção bacteriana.
Para confirmar qual bactéria está causando o problema, o médico solicita uma urocultura. Junto com ela, geralmente é feito um antibiograma, exame que testa quais antibióticos são eficazes contra aquela bactéria. O resultado guia o médico na definição do tratamento.
Em algumas situações, podem ser necessários exames de imagem como a ultrassonografia, para verificar se existe alguma obstrução, como cálculos renais, e a tomografia computadorizada, que oferece imagens mais detalhadas dos rins. Ela pode ser especialmente útil em casos mais graves ou que não respondem ao tratamento inicial.
Formas de tratamento
Com se trata de uma infecção bacterina, o tratamento da pielonefrite é feito com antibióticos. Em casos mais leves, o médico prescreve antibióticos por via oral por um período que pode variar de 7 a 14 dias. O paciente deve ir até o final do tratamento, mesmo que os sintomas melhorem antes.
Já em situações mais graves, a internação hospitalar pode ser necessária. Isso acontece quando o paciente apresenta febre muito alta, vômitos ou sinais de desidratação. No hospital, o tratamento inclui:
- Antibióticos aplicados diretamente na veia;
- Hidratação com soro;
- Medicamentos para controlar a dor e a febre.