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    Reposição hormonal e câncer de mama

    Saiba se as terapias com hormônios podem aumentar a incidência da doença

    Fonte: Dra. Mariana ScarantiMédica oncologista especialista em tumores ginecológicosPublicado em 06/07/2022, às 17:43 - Atualizado em 02/10/2023, às 11:25

    reposição hormonal e câncer de mama -

    A menopausa é uma fase da vida da mulher caracterizada pela queda de produção de estrogênio. A falta deste hormônio se associa a alguns sintomas tais como fogachos, mais conhecido como “onda de calor”, ressecamento vaginal, fadiga e redução da libido.

    Neste artigo, você vai ler:

    A reposição hormonal vem justamente para reduzir esses sintomas. Pode ser feita através de estrogênio combinado a progesterona para mulheres que têm útero, ou estrogênio isolado para mulheres que não têm útero.

    Mas será que a reposição tem mesmo relação com o câncer de mama? É o que pretendo responder neste artigo.

    Em primeiro lugar, a necessidade de associar progesterona vem essencialmente para contrabalancear o efeito estimulatório que o estrogênio exerce sobre o endométrio, que é um tecido que reveste internamente o útero.

    Em segundo lugar, o oferecimento de estrogênio isolado sem oposição da progesterona em mulheres com útero resultaria em um crescimento descontrolado do endométrio, uma condição chamada hiperplasia endometrial.

    No início dos anos 2000, estudos mostraram um aumento da incidência de câncer de mama em mulheres que receberam reposição hormonal. Tal dado assustou a comunidade médica e as pacientes. No entanto, hoje temos mais informações que podem suportar a recomendação de reposição hormonal de forma mais segura.

    Em 2020, foi publicado um estudo envolvendo os dois grandes ensaios clínicos randomizados com 27347 mulheres na pós menopausa entre 50 e 79 anos, sem antecedente de câncer de mama e com mamografia normal de base que foram randomizadas para receber reposição hormonal ou placebo nos Estados Unidos na década de 90. Essas mulheres foram seguidas até final de 2017.

    Os pesquisadores verificaram que a incidência de câncer de mama foi maior para aquelas pacientes que receberam reposição combinada de estrogênio e progesterona, porém sem diferença na mortalidade por câncer de mama. Já no grupo de pacientes sem útero que receberam reposição de estrogênio isolado, não houve aumento de casos de câncer de mama.

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    Quem pode fazer reposição hormonal?

    A reposição hormonal pode ser feita de forma segura por mulheres bem avaliadas pelos seus médicos. É importante conhecer a história familiar de câncer de mama, realizar mamografia e avaliação mamária antes de iniciar essa terapêutica.

    Em mulheres sem útero, não há necessidade de uso de progesterona via oral que pareceu estar associada a um maior risco de câncer de mama no estudo previamente citado. A progesterona usada no estudo era oferecida por comprimidos e, portanto, a concentração deste hormônio na circulação sanguínea era maior. Em mulheres com útero, a implantação de DIU (dispositivo intrauterino) com progestágeno pode ser uma boa estratégia uma vez que os níveis de progesterona liberados por esse dispositivo são muito menores que aqueles gerados por ingestão de comprimidos, por exemplo.

    Para mulheres com sintomas estritamente vaginais como ressecamento, tratamentos tópicos na mucosa vaginal podem ser utilizados de forma segura. Esse tipo de tratamento não gera aumento significativo de hormônio na circulação sanguínea e não se associa ao risco de câncer de mama.

    Durante a menopausa, a mulher deve dividir o que sente, assim como suas dúvidas com o seu médico ginecologista. Dessa forma, esse profissional poderá então, após uma avaliação cautelosa, estabelecer a melhor estratégia para ajudar nessa fase especial da vida. A reposição hormonal com estrogênio isolado se mostrou segura para pacientes sem útero com mamografia normal sem história de câncer de mama e nas mulheres na mesma situação, mas com útero, podemos usar a estratégia de repor o estrogênio e implantar um DIU que libera uma quantidade muito pequena de progestágeno.

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    Referência:

    Chlebowski RT, Anderson GL, Aragaki AK, Manson JE, Stefanick ML, Pan K, Barrington W, Kuller LH, Simon MS, Lane D, Johnson KC, Rohan TE, Gass MLS, Cauley JA, Paskett ED, Sattari M, Prentice RL. Association of Menopausal Hormone Therapy With Breast Cancer Incidence and Mortality During Long-term Follow-up of the Women’s Health Initiative Randomized Clinical Trials. JAMA. 2020 Jul 28;324(4):369-380. doi: 10.1001/jama.2020.9482. PMID: 32721007; PMCID: PMC7388026.

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