Saturação de oxigênio baixa: um sinal de alerta
Problemas pulmonares e cardíacos podem influenciar a oxigenação do seu sangue
Também conhecida como hipoxemia, a saturação de oxigênio baixa indica que a quantidade de oxigênio circulando no sangue está abaixo do ideal. Vários estudos, inclusive durante a pandemia de Covid-19, mostraram como a detecção precoce de uma saturação baixa pode evitar complicações sérias. Conheça a seguir as possíveis causas e formas de tratamento para o problema.
Neste artigo, você vai ler:
O que é a saturação de oxigênio?
A saturação de oxigênio é um valor expresso em porcentagem que representa a quantidade de oxigênio que está circulando no sangue. Vamos entender melhor esse processo?
Quando você inspira, o oxigênio (O2) entra nos pulmões. Nos pulmões, ele atravessa os alvéolos e se liga à hemoglobina, uma proteína encontrada nos glóbulos vermelhos do sangue que tem a função de transportar o oxigênio para todos os tecidos por meio da circulação sanguínea.
Assim, a saturação de oxigênio indica a porcentagem de hemoglobina que está “saturada” (ou seja, ligada) com oxigênio em um determinado momento, refletindo a eficiência do transporte de oxigênio pelo sangue.
Idealmente, no mínimo 90% das suas células vermelhas devem estar transportando oxigênio, sendo que em indivíduos saudáveis, os valores costumam estar acima de 95%.
O que é saturação baixa?
A saturação baixa é a condição em que a quantidade de oxigênio circulante no sangue está abaixo dos níveis considerados normais ou ideais para o funcionamento do corpo. Essa condição também é conhecida como hipoxemia.
Como mencionado anteriormente, o oxigênio se liga à hemoglobina nos glóbulos vermelhos para ser transportado às células. Quando a saturação está baixa, significa que uma porcentagem menor de hemoglobina está carregando oxigênio, e que o corpo pode não estar recebendo oxigênio suficiente para suas funções vitais.
O que pode causar a saturação baixa?
A saturação baixa pode ser resultado de vários fatores que afetam a capacidade do corpo de absorver ou transportar oxigênio. Várias doenças pulmonares podem causar hipoxemia. Entre elas, cabe destacarmos:
- Pneumonias, na maioria das vezes causadas por vírus e por bactérias;
- DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica, também conhecida como enfisema;
- Asma, principalmente em crises graves de broncoespasmo;
- Tromboembolismo pulmonar;
- Patologias que causam fibrose pulmonar.
Por mecanismos diferentes, essas doenças prejudicam a passagem do oxigênio dos alvéolos para o sangue.
Outras condições que podem influenciar nos níveis de oxigênio no sangue são:
- Problemas cardíacos: quando a circulação do sangue fica prejudicada, como em casos de insuficiência cardíaca grave, ou quando a doença cardíaca causa acúmulo de líquido nos alvéolos do pulmão, gerando edema pulmonar e dificultando a troca gasosa.
- Quadros de anemia: apesar da saturação poder estar normal em pacientes com anemia, há diminuição do número de glóbulos vermelhos, e, portanto, menos oxigênio será levado para as células.
- Altitudes elevadas e viagens de avião: quando você estiver voando ou viajando para locais de altas altitudes, há uma queda da saturação de oxigênio, devido a menor pressão atmosférica nestas situações. A pressão dentro da cabine de um avião é mais baixa que a pressão no nível do mar, o que pode causar redução na saturação de oxigênio, mesmo em pessoas saudáveis.
Nas pessoas com doenças pulmonares crônicas, a redução da oxigenação no sangue se acentua de modo importante. Por este motivo, pacientes com doenças pulmonares crônicas que apresentem risco de hipoxemia durante o voo podem usar o oxímetro de pulso para monitorar a saturação de oxigênio, inclusive informando previamente as companhias aéreas da necessidade de oxigenoterapia durante o voo.
É necessário conversar com seu médico a respeito dos riscos e da necessidade de utilização, além dos medicamentos de uso contínuo, da suplementação de oxigênio durante a viagem.
Sintomas de saturação baixa
Em geral, a pessoa pode apresentar sintomas que indicam que o cérebro e outros órgãos não estão recebendo oxigênio suficiente. E os mais comuns são:
- Falta de ar (dispneia), mais frequente.
- Tontura;
- Fadiga
- Taquicardia (batimentos cardíacos acelerados);
- Desmaios.
- Dor torácica
Riscos
Caso você tenha uma doença que causa reduzido nível de oxigênio, as células do seu corpo podem ter dificuldade de trabalhar apropriadamente. O oxigênio é o “gás” que faz seu corpo “funcionar”. Se você está com o “gás” baixo, seu corpo trabalha mal. Ter um nível muito baixo de oxigênio sanguíneo pode sobrecarregar seu coração e seu cérebro.
A maioria das pessoas precisa de um nível de saturação de no mínimo 89% para manter suas células saudáveis. Acredita-se que um nível menor do que esse por um curto tempo não cause danos. Entretanto, suas células podem ser agredidas e sofrer danos se a baixa nos níveis de oxigênio ocorrer muitas vezes.
Se seu nível de oxigênio é baixo em ar ambiente, você pode ser orientado a usar oxigênio suplementar (oxigenoterapia). O oxímetro pode ajudar a avaliar quanto de oxigênio você precisa e quando você pode precisar dele. Por exemplo, algumas pessoas precisam mais de oxigênio quando dormem do que quando acordadas.
Durante a pandemia, foram descritos casos de “hipoxemia silenciosa” em pacientes com Covid-19. Em alguns pacientes, os baixos níveis de oxigênio não eram acompanhados de falta de ar perceptível. E isso aumentava o perigo de danos graves antes que a condição fosse detectada.
Como medir a saturação do oxigênio?
Existem dois métodos principais para medir a saturação de oxigênio:
Oximetria de pulso
É a forma mais comum e não invasiva. A oximetria de pulso é a maneira de medir quanto oxigênio seu sangue está transportando. Usando um pequeno dispositivo portátil chamado oxímetro de pulso, seu nível de oxigênio sanguíneo pode ser aferido.
O oxímetro funciona emitindo luz e medindo a absorção para determinar a porcentagem de hemoglobina que está transportando oxigênio. Geralmente, ele é colocado nos dedos ou no lóbulo da orelha. Além da saturação, os modelos atuais também medem a frequência cardíaca.
Para uma leitura mais precisa, a medição deve ser feita em ambiente fechado, com a pessoa em repouso, após respirar calmamente por alguns minutos, e com as mãos aquecidas.
É preciso observar as leituras por 30 a 60 segundos, identificando o valor mais comum. Muitos smartphones trazem oxímetros, mas eles não costumam ser tão precisos.
Gasometria arterial
É um exame mais preciso, porém mais invasivo e doloroso. Ele exige a retirada de uma amostra de sangue de uma artéria, geralmente na região do punho (artéria radial), para análise em laboratório.
Por ser mais acurado, é indicado para pacientes que necessitam de monitoramento contínuo nos quadros mais graves, em ambientes de terapia intensiva, centros cirúrgicos e salas de emergência em unidades de pronto atendimento.
Quando procurar por ajuda médica?
A maioria das pessoas não precisa de um oxímetro de pulso para medir de rotina sua oxigenação. Para outras, o oxímetro de pulso é prescrito pela possibilidade de elas terem períodos de baixa oxigenação sanguínea. Um exemplo é quando estão se exercitando ou viajando a altas altitudes.
Nesses casos, ter um oxímetro de pulso permite monitorar o nível de oxigênio sanguíneo e saber quando precisam aumentar o fluxo de oxigênio suplementar. Pergunte ao seu médico qual o número da saturação de oxigênio que ele quer que você mantenha.
É fundamental procurar ajuda médica diante de um quadro de saturação baixa. Mesmo que os sintomas sejam leves, um profissional de saúde consegue avaliar a situação para determinar a causa e orientar o tratamento adequado.
E a procura pelo médico deve ser imediata se você:
- Apresentar tontura, taquicardia, náusea, falta de ar ou desmaios, especialmente se os valores de saturação estiverem persistentemente abaixo do normal (uma taxa inferior a 92% é sinal de alerta).
- Tiver doenças pulmonares crônicas, como a DPOC e a oxigenação for decrescente ou ultrapassar um limiar definido pelo seu médico.
- Se, além da saturação baixa, você notar sintomas de pneumonia como febre, tosse com catarro, dificuldade para respirar e dor no peito.
Tratamentos
O foco do tratamento para a saturação baixa é restaurar os níveis adequados de oxigênio no sangue e tratar a condição que estiver causando o problema. O médico avaliará cada caso para definir a melhor abordagem, visto que várias doenças diferentes são potenciais causas para o quadro de hipoxemia.
Em casos de hipoxemia crônica, que persiste mesmo com os tratamentos direcionados para a doença de base, a oxigenoterapia domiciliar prolongada é um tratamento clássico, que melhora a qualidade de vida e reduz a mortalidade.
Fonte: Dr. Roberto Rodrigues – Pneumologista