Síndrome nefrótica: condição sinaliza um problema nos filtros dos rins
A condição afeta principalmente crianças e é marcada pela perda excessiva de proteínas; o diagnóstico rápido evita complicações

A condição afeta principalmente crianças e é marcada pela perda excessiva de proteínas; o diagnóstico rápido evita complicações
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A síndrome nefrótica é um quadro que merece atenção e cuidado. Ela afeta de duas a sete crianças a cada 100 mil por ano, mas também pode aparecer em adultos.
Essa síndrome não é uma doença única, mas um conjunto de sintomas. E eles mostram que os glomérulos, os minúsculos e delicados filtros dos rins, estão danificados.
Ao entender o que está acontecendo com seu corpo, você pode buscar tratamento e proteger a saúde dos seus rins. Siga a leitura e saiba mais sobre o tema.
Neste artigo, você vai ler:
Síndrome nefrótica: o que é?
A síndrome nefrótica é um conjunto de sinais e sintomas que indicam que os rins estão danificados. E o problema acontece especificamente nos glomérulos, as unidades de filtragem do rim.
Esses filtros deveriam manter as proteínas no sangue. Danificados, eles permitem que uma grande quantidade de proteína vaze para a urina – e esse nível elevado se chama proteinúria. E isso gera outros problemas:
- Nível muito baixo de proteína no sangue (hipoalbuminemia).
- Inchaço grave (edema), principalmente por acúmulo de líquido.
- Níveis elevados de colesterol e outras gorduras no sangue.
Síndrome Nefrótica pediátrica (infantil)
A síndrome nefrótica é mais comum em crianças que em adultos. Mais especificamente, entre meninos entre 18 meses e 4 anos de idade.
Na maioria dos casos infantis, ela é causada por uma condição chamada “doença de lesão mínima”, que geralmente responde bem a tratamentos com corticoides. O objetivo é levar à remissão, ou seja, fazer os sintomas desaparecerem.
Em casos mais raros ou que não respondem ao tratamento inicial, uma investigação mais profunda é necessária.
O que causa a Síndrome Nefrótica?
As causas da síndrome nefrótica são divididas em dois grandes grupos. O primeiro são as causas primárias. Nesses casos, o problema tem origem diretamente no rim. A mais comum em crianças é a doença de lesão mínima, como já vimos. Mas ela não tem causa conhecida.
Já em adultos, a causa primária mais frequente é a glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF). Ela causa cicatrizes em partes dos glomérulos.
O segundo grupo são as causas secundárias, ou seja, a síndrome nefrótica é uma consequência de outra doença. E o diabetes é uma das causas secundárias mais importantes e frequentes em adultos.
Mas outras doenças também podem levar ao problema:
- Lúpus, doença autoimune que pode atacar vários órgãos, incluindo os rins;
- Amiloidose, condição rara causada pelo acúmulo de uma proteína anormal (amiloide) nos tecidos;
- Infecções como hepatite B, hepatite C e HIV;
- Glomerulonefrite, uma inflamação dos glomérulos, os filtros dos rins. Ela pode ser tanto uma causa primária quanto uma consequência de infecções ou doenças autoimunes, levando à síndrome nefrótica.
Em casos raros, o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e outros remédios podem lesar os rins.
Sintomas da Síndrome Nefrótica
O sintoma mais visível e comum da síndrome nefrótica é o inchaço, chamado de edema. Ele acontece pelo acúmulo de líquidos e aparece principalmente ao redor dos olhos, nas pernas, nos tornozelos e nos pés.
Outro sinal muito característico é a urina com espuma. Essa espuma excessiva é resultado direto da grande quantidade de proteína que está sendo perdida.
Além desses dois sinais principais, outros sintomas podem estar presentes:
- Ganho de peso, causado pela retenção de líquidos.
- Sensação de cansaço extremo.
- Perda de apetite.
- Aparência pálida da pele.
- Cabelos e unhas frágeis.
Quando procurar por um médico?
Em caso de suspeita de síndrome nefrótica, procure um nefrologista. Urina com aparência espumosa e acúmulo de líquidos – principalmente ao redor dos olhos, nas pernas, nos tornozelos e nos pés – são sinais de alerta.
Como é feito o diagnóstico?
Depois da avaliação dos sintomas, para confirmar uma eventual suspeita, o médico solicita exames de urina. Eles são simples e mostram se há uma perda elevada de proteína. Uma amostra de urina de 24 horas, por exemplo, mede a quantidade exata de proteína perdida nesse período.
Se a urina confirmar o problema, o próximo passo são os exames de sangue. Eles servem para verificar os níveis de proteína no sangue (que estarão baixos), o colesterol (que estará alto) e a função geral dos rins.
Esses exames iniciais confirmam o diagnóstico da síndrome, mas não revelam a causa do dano renal. Para este fim, o médico pode indicar uma biópsia renal. Nesse procedimento, um pequeno fragmento do rim é retirado com uma agulha especial. E é análise desse tecido que permite identificar a doença que está causando a síndrome.
Painel NGS para Síndrome Nefrótica
Em alguns casos específicos, a causa da síndrome pode ser genética. Isso é mais comum em crianças pequenas ou quando a doença aparece em vários membros da mesma família.
Para esses pacientes, ou para aqueles que não respondem ao tratamento padrão, existe um exame avançado chamado Painel NGS para síndrome nefrótica.
Este teste genético usa a tecnologia de Sequenciamento de Nova Geração (NGS) para analisar múltiplos genes de uma só vez. O objetivo é encontrar mutações genéticas que são conhecidas por causar a síndrome nefrótica hereditária.
Identificar a causa genética pode mudar completamente a abordagem do tratamento. Em vez de usar medicamentos que suprimem o sistema imune, o foco passa a ser o controle dos sintomas e a proteção dos rins.
Síndrome nefrótica tem cura?
Depende da causa. O tratamento pode levar à remissão, que é quando os sintomas desaparecem e os exames voltam ao normal. Em muitos casos, especialmente em crianças com a doença de lesão mínima, a remissão pode ser duradoura.
Mas falar em “cura” definitiva depende do que originou o problema. Se a causa for uma infecção que pode ser curada, então a síndrome também pode desaparecer. Se for por uma doença crônica como o diabetes ou lúpus, o controle dessa doença é primordial.
A síndrome nefrótica pode entrar e sair de remissão. Por isso, o objetivo do tratamento é controlar os sintomas, proteger os rins de danos futuros e manter a doença “adormecida” pelo maior tempo possível.
Tratamento para Síndrome Nefrótica
O tratamento principal foca em resolver a causa da síndrome e em controlar os sintomas. A primeira linha de tratamento, especialmente para as causas primárias, geralmente envolve medicamentos que reduzem a atividade do sistema imune. Os corticoides, como a prednisona, são os mais usados e eficazes, principalmente em crianças. Eles ajudam a diminuir a inflamação nos glomérulos.
Além dos corticoides, outros medicamentos ajudam a controlar as consequências da síndrome:
- Diuréticos: usados para ajudar o corpo a eliminar o excesso de líquido, diminuindo o inchaço.
- Remédios para controlar a pressão arterial, como os inibidores da ECA: eles também ajudam a reduzir a perda de proteína na urina.
- Estatinas: para controlar o colesterol alto.
- Imunossupressores: para casos que não respondem aos corticoides.
- Anticoagulantes: para pacientes com síndrome nefrótica, que têm um risco maior de formar coágulos sanguíneos (trombose).
Já na dieta, a principal recomendação é a restrição de sódio para controlar o inchaço. A ingestão de proteínas pode ser ajustada conforme orientação médica.
Se a síndrome for secundária, o tratamento da doença original (diabetes, lúpus, etc.) é a parte mais importante.
Se não for tratada, a síndrome nefrótica pode sobrecarregar os rins. Com o tempo, isso pode levar a uma piora progressiva, caracterizando uma doença renal crônica.
Em casos mais graves, a perda da função renal pode ser tão severa que evolui para uma insuficiência renal, exigindo tratamentos como diálise ou transplante de rim.