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Glomerulonefrite: entenda os sintomas e as causas da inflamação que afeta os rins

A doença pode ser aguda ou crônica e o acompanhamento com um nefrologista é essencial para evitar complicações

Fonte: Dra. Luisa Lacerdamédica patologista clínicaPublicado em 25/06/2025, às 14:55 - Atualizado em 17/07/2025, às 14:24

glomerulonefrite

A glomerulonefrite é a inflamação dos glomérulos, que são filtros microscópicos dos rins. A condição afeta a capacidade de limpeza do sangue, e pode causar sintomas como inchaço, pressão alta e urina com sangue.

A doença pode começar no próprio rim ou ser consequência de outras condições, como infecções ou distúrbios autoimunes. Uma das causas mais comuns da forma aguda é uma infecção de garganta ou pele por bactérias do gênero Streptococcus. 

A glomerulonefrite pode se instalar de forma silenciosa, já que metade dos pacientes não apresenta sintomas no início. 

Glomerulonefrite: o que é? 

A glomerulonefrite é uma inflamação dos glomérulos, pequenas estruturas dentro dos rins que funcionam como filtros microscópicos.  

Os glomérulos limpam o sangue, removendo resíduos e excesso de líquido. Quando eles inflamam, a capacidade de filtração dos rins fica comprometida e isso pode levar ao acúmulo de líquido e resíduos no corpo. Como resultado, surgem problemas como inchaço e aumento da pressão arterial.  

Trata-se de um tipo de nefropatia, ou seja, uma doença que atinge os rins e pode se manifestar de duas formas principais, como explicaremos a seguir. 

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Qual a diferença entre Glomerulonefrite aguda e crônica? 

A glomerulonefrite aguda manifesta-se de forma rápida e costuma ocorrer como complicação de uma infecção. A glomerulonefrite crônica, por sua vez, pode ter evolução lenta e progressiva, com sintomas iniciais pouco evidentes, o que pode fazer com que permaneça despercebida durante um longo período. Em alguns casos, a forma aguda, quando não tratada adequadamente, pode evoluir para a forma crônica. 

O que causa a Glomerulonefrite? 

A glomerulonefrite pode ter várias causas e se apresentar como uma condição primária, quando se origina nos próprios rins, ou secundária, quando é consequência de outra doença que afeta o organismo.

A causa mais comum da forma aguda é uma infeção anterior, especialmente por bactérias do gênero Streptococcus. Esse tipo específico, conhecido como glomerulonefrite pós-estreptocócica, geralmente ocorre após infeções de garganta ou de pele e é mais frequente em crianças entre 2 e 10 anos de idade.

Além do Streptococcus, outras infeções bacterianas também podem estar envolvidas na inflamação dos glomérulos, assim como infeções virais — como hepatite B e C — e parasitárias, como a malária 

Doenças autoimunes também estão entre as causas de glomerulonefrite, uma vez que podem levar o sistema imunológico a atacar estruturas do próprio corpo, incluindo os rins. Exemplos comuns incluem o lúpus eritematoso sistémico e as vasculites.  

Existe ainda a forma hereditária da doença, conhecida como nefrite hereditária, transmitida geneticamente de pais para filhos, como ocorre na síndrome de Alport.  

Em muitos casos de glomerulonefrite crônica, no entanto, a origem da doença permanece indefinida, o que pode dificultar tanto o diagnóstico quanto o direcionamento do tratamento. 

Sintomas de Glomerulonefrite 

A glomerulonefrite pode apresentar uma variedade de sinais e sintomas. Entre os sinais de alerta mais frequentes estão o inchaço (edema), a pressão arterial elevada e a presença de sangue na urina (hematúria). 

O edema costuma aparecer primeiro no rosto e ao redor dos olhos, especialmente pela manhã, podendo depois atingir as pernas e tornozelos. A urina, por sua vez, pode adquirir uma coloração escura, semelhante à de chá preto ou refrigerante tipo Coca-cola, devido à presença de sangue. 

Outros sintomas também podem surgir e devem ser observados com atenção: 

  • Diminuição do volume urinário; 
  • Fraqueza e cansaço persistente; 
  • Sensação de mal-estar geral, frequentemente acompanhada de náuseas; 
  • Perda de apetite e, por vezes, vômitos; 
  • Dor na região lombar, próxima aos rins; 
  • Episódios de febre, em alguns casos; 
  • Dificuldade respiratória, especialmente se houver acúmulo de líquidos decorrente de insuficiência renal

Qual médico procurar? 

Ao perceber sintomas como inchaço, alterações na cor da urina ou dor na região lombar, é importante procurar um nefrologista. Ele é o especialista em doenças dos rins e o mais indicado para diagnosticar e tratar a glomerulonefrite.  

Em alguns casos, como na investigação de dor nos rins, também pode ser consultado um urologista, por ser o especialista que cuida do trato urinário como um todo. 

Exames que auxiliam no diagnóstico da Glomerulonefrite 

A investigação geralmente começa com a avaliação dos sintomas pelo médico e a solicitação de exames laboratoriais básicos. Os primeiros testes pedidos são os de urina e de sangue 

O exame de urina busca identificar a presença de proteínas e células sanguíneas. Já o exame de sangue avalia os níveis de creatinina e ureia, que tendem a estar elevados quando há comprometimento da função renal. 

Se os exames iniciais indicarem um problema renal, o médico pode pedir exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia computadorizada, que ajudam a avaliar o tamanho, a estrutura e possíveis alterações nos rins.  

Caso haja suspeita de que a causa seja uma infecção recente, como a de garganta, uma cultura pode ser feita para identificar o microrganismo causador. 

Por fim, quando há uma forte suspeita de glomerulonefrite, pode ser indicada uma biópsia renal. Esse é o exame mais preciso para confirmar o diagnóstico, identificar a causa da inflamação e avaliar o grau de dano ou cicatrizes nos rins. 

Vale ainda mencionar que um check-up regular pode ajudar a identificar alterações renais em fase inicial, antes mesmo do surgimento de sintomas claros. 

Formas de tratamento 

O tratamento da glomerulonefrite depende principalmente da causa e da gravidade da inflamação. Em muitos casos, essa condição está associada a uma doença sistêmica (como infeções ou doenças autoimunes), e tende a melhorar com o tratamento adequado da causa subjacente. 

De forma geral, o tratamento segue duas abordagens principais: o controle da doença que está causando a inflamação e medidas de suporte para proteger a função dos rins. 

Entre as orientações mais comuns estão a adoção de uma dieta com restrição de sal (e, em alguns casos, de proteínas) para evitar a sobrecarga renal, além do uso de diuréticos, que ajudam a eliminar o excesso de líquidos e a controlar o inchaço e a pressão arterial.  

O tratamento específico varia de acordo com a causa. Se a glomerulonefrite for causada por uma infeção bacteriana ainda ativa, por exemplo, o médico poderá prescrever antibióticos. Quando a origem é autoimune, podem ser utilizados corticosteroides e imunossupressores, que reduzem a resposta exagerada do sistema imunitário. 

Nos casos mais graves, em que há perda importante da função renal, pode ser necessário iniciar diálise, um procedimento que substitui temporariamente os rins, filtrando o sangue. Quando a função renal está gravemente comprometida e não responde ao tratamento, o transplante de rim pode ser a única solução. 

O sucesso do tratamento depende de um diagnóstico precoce e de um acompanhamento médico contínuo, o que pode ajudar a evitar a progressão da glomerulonefrite para formas crônicas e complicações, como a doença renal terminal. 

Qual o prognóstico da glomerulonefrite? 

O prognóstico da glomerulonefrite pode variar bastante, dependendo da causa, da gravidade do quadro e da rapidez com que o tratamento é iniciado. Em muitos casos, especialmente nas formas leves ou tratadas precocemente, a recuperação é completa e a função dos rins volta ao normal. 

Por outro lado, se a inflamação for grave ou não for tratada a tempo, a glomerulonefrite pode evoluir para uma forma crônica, causando danos progressivos aos rins. Isso pode levar à doença renal crônica e, nos casos mais avançados, à insuficiência renal terminal.

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