Mamografia e ultrassonografia: por que fazer ambas
Importantes para detecção do câncer, os exames são considerados complementares
Ao final de 2021, a Sociedade Brasileira de Mastologia alertou: a situação do rastreamento do câncer de mama no Brasil, que já estava abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), piorou ainda mais com a pandemia de covid-19. A quantidade de mamografias realizadas em 2020 caiu 42% na comparação com 2019.
Na prática, aproximadamente 800 mil exames deixaram de ser feitos e, como consequência, cerca de 4 mil casos de câncer podem não ter sido diagnosticados. Se você não fez exames de rastreio no último ano, é hora de colocá-los em dia.
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Para isso, um dos passos básicos é entender como funcionam a mamografia e a ultrassonografia da mama, ambas indicadas para investigar doenças da mama, sendo fundamentais para detecção de tumores — sobretudo aqueles em estágio inicial.
E, apesar de o foco geralmente ser a patologia maligna, as alterações benignas também devem ser avaliadas. Algumas preconizam uma maior chance de desenvolvimento de câncer de mama, outras necessitam de intervenção cirúrgica, existindo ainda aquelas que precisam ser acompanhadas.
Mamografia
Quando falamos de rastreio, a mamografia é o principal exame de rotina a ser feito (ainda que não haja nenhum sintoma) para eventual detecção precoce do câncer de mama. Ela é capaz de identificar calcificações e microcalcificações, lesões, nódulos e assimetrias.
Isso é feito por meio dos raios X e da compressão mamária em um aparelho chamado mamógrafo. Essa radiação possibilita que as imagens sejam formadas e, depois, impressas em películas.
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Atualmente, sabe-se que a mamografia periódica eleva o número de diagnósticos de câncer em estágio inicial, o que contribui para uma maior taxa de cura e menor mortalidade pela doença.
Por isso é tão importante deixar esse compromisso fixo na sua agenda: a partir dos 40 anos de idade, realizar a mamografia uma vez ao ano.
Ultrassonografia da mama
A correlação entre diagnósticos de câncer e realização de ultrassonografias não é observada da mesma maneira que ocorre no caso da mamografia, mas mesmo assim o ultrassom é relevante. Além de ser de fácil acesso, ele fornece informações complementares à mamografia.
Esse tipo de exame tem como base o som, e é feito por um médico ultrassonografista ou radiologista. É esse o profissional responsável por controlar um transdutor com gel sobre a pele. Assim, o som passa pelos tecidos, criando as imagens observadas pelo operador do aparelho.
Trata-se de um método que capta nódulos e também alterações benignas, como cistos. Por outro lado, ele não tem um desempenho muito alto no reconhecimento de calcificações — principalmente aquelas de tumores bem iniciais.
Mas a ultrassonografia é especialmente vantajosa para pacientes com mamas densas (que têm muito mais glândula do que gordura nos seios). Nessas situações, a mamografia não apresenta uma sensibilidade tão grande para detectar lesões e nódulos que podem estar escondidos nas glândulas. Por isso, muitas vezes a ultrassonografia complementa a avaliação da saúde das mamas feita pela mamografia.
Classificação BI-RADS
Por fim, vale a pena conhecer o BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System), um sistema de padronização utilizado para classificar as alterações encontradas em exames de mamografia.
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A escala varia de 0 a 6 e não corresponde a um diagnóstico, mas a uma descrição que representa o risco de o achado ser um câncer de mama, orientando a conduta médica após o exame.
- BI-RADS 0: há um achado, mas não foi possível caracterizá-lo (ele é incompleto ou não conclusivo), sendo então exigida uma avaliação adicional para maiores esclarecimentos por meio de outros exames
- BI-RADS 1: não há nenhum achado, o exame é considerado normal e recomenda-se manter o rastreamento de rotina
- BI-RADS 2: há um achado benigno, sendo necessária somente a continuação dos exames de rastreio normalmente
- BI-RADS 3: provavelmente trata-se de um achado benigno. Nesse caso, é recomendado manter o controle por 3 anos (no primeiro, fazendo o exame de rastreio de seis em seis meses; nos outros dois, fazendo uma vez)
- BI-RADS 4: achado suspeito e que, portanto, merece uma biópsia
- BI-RADS 5: achado altamente suspeito e característico de câncer (com grandes chances de ser um tumor), devendo ser submetido à biópsia
- BI-RADS 6: nesse caso, já há um diagnóstico de câncer. O BI-RADS 6 é conferido quando a paciente ainda não operou, mas realiza o exame para checar, por exemplo, se o tumor diminuiu após sessões de quimioterapia ou para que a cirurgia seja planejada
Fontes: Anezka Ferrari, médica oncologista no Hospital Santa Paula; Fernanda Philadelpho; médica radiologista especialista na área de mama da Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDPI) e da Alta Excelência Diagnóstica.