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    Conheça a doença de Graves, principal causa do hipertireoidismo

    Condição autoimune pode ter sintomas semelhantes aos da dengue e exige tratamento para evitar complicações cardíacas e ósseas

    Fonte: Dra. Clarisse PontesEndocrinologistaPublicado em 25/06/2025, às 14:51 - Atualizado em 25/06/2025, às 14:51

    doença de graves

    A Doença de Graves é um problema de saúde relativamente comum. Ela é, inclusive, a causa mais frequente de hipertireoidismo, respondendo por 60 a 80% dos casos. A condição acontece por uma falha no sistema de defesa do nosso organismo, e afeta mais as mulheres, especialmente a partir dos 30 anos.

    Doença de Graves: o que é? 

    A Doença de Graves é uma doença autoimune que ataca a glândula tireoide. Essa agressão faz com que a glândula produza hormônios em excesso, uma condição chamada hipertireoidismo 

    Ser uma condição autoimune significa que o sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, comete um erro. E, nesse caso, ele passa a produzir anticorpos que atacam a própria glândula tireoide, responsável por produzir hormônios que controlam o ritmo de todo o nosso corpo. 

    O principal alvo desses anticorpos é uma estrutura chamada receptor de TSH (TSH-R). Ao se ligarem a esse receptor, os anticorpos o ativam de forma contínua. É como se fosse um interruptor que não desliga, forçando a tireoide a produzir e liberar hormônios (T3 e T4) em excesso.

    E é justamente esse excesso hormonal que causa o quadro de hipertireoidismo, acelerando o metabolismo. 

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    Possíveis causas 

    A propensão para desenvolver a doença é influenciada por elementos genéticos, ambientais e do próprio organismo. A principal base é um erro do sistema imune, mas alguns fatores contribuem para o seu aparecimento, como:  

    • genética: há uma tendência da doença a aparecer em membros da mesma família; 
    • ser mulher, pela maior exposição ao estrogênio ou menor à testosterona; 
    • estresse: se for constante, pode levar a um estado de imunossupressão que ajudaria a disparar a doença; 
    • tabagismo. 

    Sintomas da Doença de Graves 

    Geralmente, os sintomas estão ligados ao metabolismo acelerado. Nervosismo, coração acelerado (taquicardia), perda de peso e cansaço são muito comuns.
    Outros sinais frequentes são intolerância ao calor, suor excessivo, ansiedade e irritabilidade. 

    Muitas vezes, a pessoa sente uma fadiga muscular e um mal-estar geral que podem ser confundidos com outras doenças. 

    Além disso, um sintoma muito particular é a oftalmopatia de Graves, uma condição inflamatória que afeta os olhos e está presente em cerca de 25% a 50% dos pacientes. Eles podem perceber os olhos saltados (proptose), inchaço, vermelhidão e, em alguns casos, visão dupla. 

    Outros possíveis sintomas seriam: 

    • Aumento da glândula tireoide no pescoço (bócio). 
    • Tremores nas mãos. 
    • Períodos de insônia intercalados com muito sono. 
    • Alterações no ciclo menstrual. 
    • Fraqueza muscular. 
    • Pele quente e úmida. 

    Qual médico procurar? 

    O médico que diagnostica e trata a Doença de Graves é o endocrinologista. Esse profissional é especialista em doenças das glândulas e dos hormônios. E, como a Doença de Graves é um problema da tireoide, seria a pessoa certa para investigar e controlar a doença. 

    Como é o diagnóstico? 

    Depois da análise dos sintomas relatados pelo paciente, o médico pede alguns exames para confirmar a suspeita. O primeiro costuma ser a dosagem de hormônios no sangue. Os principais são o TSH (hormônio estimulante da tireoide), o T4 livre (levotiroxina ou tetraiodotironina) e o T3 (triiodotironina). Na Doença de Graves, o resultado típico mostra um TSH muito baixo ou indetectável, com níveis de T4 livre e T3 elevados. 

    Para confirmar a causa autoimune, outros exames podem ser solicitados: 

    • Dosagem de anticorpos (TRAb): mede o anticorpo anti-receptor de TSH. Sua presença no sangue confirma o diagnóstico da Doença de Graves. 
    • Ultrassom de tireoide com Doppler: ajuda a avaliar a estrutura da glândula e o fluxo sanguíneo. Um fluxo aumentado (conhecido como “inferno tireoidiano”) é um forte indicativo da doença. 
    • Cintilografia da tireoide: o exame usa uma pequena dose de iodo radioativo para ver como a glândula está funcionando. Uma captação alta e difusa do iodo confirma o hipertireoidismo da Doença de Graves. 

    Tratamentos para a Doença de Graves 

    O tratamento não busca a cura, pois, por ser uma doença autoimune, ela pode ter recaídas (recidiva). O objetivo é reduzir a produção de hormônios e controlar o hipertireoidismo. As três modalidades de tratamento são os medicamentos antitireoidianos, o iodo radioativo e a cirurgia. A escolha é feita pelo médico junto com o paciente.  

    • Medicamentos antitireoidianos: são usados para diminuir a produção de hormônios T3 e T4 pela tireoide. O tratamento costuma ser a primeira opção dos médicos e dura em média de um a dois anos. Depois disso, a doença pode ou não retornar. 
    • Iodo radioativo (radioiodoterapia): nesta forma de tratamento, o paciente ingere uma cápsula de iodo radioativo, que destrói as células da tireoide, causando uma redução permanente na produção hormonal. 
    • Cirurgia (tireoidectomia): a remoção da glândula é indicada em casos específicos, como em bócios muito grandes, alergia aos medicamentos ou quando há suspeita de câncer.  

    Complicações da Doença de Graves 

    Quando não tratada, a Doença de Graves pode levar a consequências sérias. O excesso de hormônios tireoidianos circulando no corpo afeta vários órgãos e sistemas de forma contínua.  

    As principais complicações são: 

    • Sistema cardiovascular: o hipertireoidismo pode causar aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. E isso eleva o risco de arritmias e outros problemas no coração. 
    • Sistema ósseo: a doença acelera a reabsorção óssea, o que leva a uma diminuição da densidade mineral dos ossos. Isso aumenta significativamente o risco de fraturas, especialmente em mulheres mais velhas. 
    • Oftalmopatia de Graves: os problemas nos olhos, que afetam até metade dos pacientes, podem se agravar e, em casos raros, levar a danos na visão. 

    Além disso, a tempestade tireotóxica é uma complicação rara e que representa uma emergência médica. Acontece quando os sintomas se intensificam de forma abrupta e grave, exigindo atendimento imediato.

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