Câncer de próstata: tudo que você precisa saber
A detecção precoce durante exames de rotina aumenta a chance de cura
Com a chegada da Campanha Novembro Azul, ganham destaque a importância da detecção precoce do câncer de próstata e as formas de tratamento da doença.
Mas você sabia que, no Brasil, ele é o segundo tipo de tumor mais comum entre os homens? Por isso, precisamos falar sobre o assunto o ano todo, e não apenas em novembro.
“Um dos grandes desafios do câncer de próstata é o fato de ser assintomático em sua fase inicial. Com a detecção precoce, as chances de cura da doença ainda são bastante elevadas, chegando a 90%. Já na fase avançada, quando a doença não está mais restrita à próstata, pode se tornar incurável. Por isso, é fundamental o diagnóstico logo no início”, destaca Rafael Coelho, urologista especializado em uroncologia e cirurgia robótica do Hospital Nove de Julho.
Neste artigo, você vai ler:
O que é próstata?
A próstata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutor masculino e tem o tamanho de uma noz, pesando cerca de 25 g. Ela fica localizada na frente do reto e embaixo da bexiga. Entre as suas principais funções estão produzir o líquido seminal, que protege e nutre os espermatozoides no sêmen.
A seguir, você confere detalhes sobre o que causa o câncer de próstata, formas de tratamento e a importância do diagnóstico precoce.
O que causa e como ocorre o câncer de próstata?
A doença acontece quando há uma multiplicação desordenada das células da próstata. Com o tempo, e sem tratamento, elas se espalham para outras partes do corpo, provocando metástase e aumentando o risco de morte.
Fatores que aumentam o risco do câncer de próstata
Idade
O câncer de próstata costuma atingir homens mais velhos, acima de 50 anos. É possível surgir antes dessa faixa etária, mas são casos mais raros.
Hereditariedade e histórico familiar
Homens com algum parente de primeiro grau (como pais ou irmãos) que tiveram câncer de próstata estão mais suscetíveis ao problema.
Predisposição genética
Aproximadamente 12% das pessoas com câncer de próstata metastático e 6% das que têm a doença localizada na próstata (de alto risco) têm uma predisposição genética identificada.
“No caso do câncer de próstata, dois importantes genes, BRCA1 e BRCA2, foram descobertos como os causadores dos tumores, quando sofrem mutação. Uma forma da detecção da mutação nesses genes é feita por meio de uma amostra de DNA, que pode ser de sangue ou saliva, para posterior análise em laboratório”, explica Cristovam Scapulatempo Neto, diretor médico de patologia e genética da Dasa.
Raça
Homens negros e afrodescendentes correm mais risco pelo fator genético e tendem a desenvolver tumores mais agressivos.
Obesidade, tabagismo e consumo de álcool
O consumo de álcool e tabagismo está associado a maior risco da doença. Além disso, homens obesos também têm mais chances de desenvolver câncer de próstata.
Alimentação inadequada
A alimentação também é um fator que pode contribuir para o surgimento da doença. Consumir itens pouco saudáveis (como gorduras em excesso) aumentam o risco do problema.
Alguns nutrientes (como licopeno, presente no tomate, vitamina E e selênio) podem ter fator protetivo contra o câncer de próstata. No entanto, faltam estudos que comprovem o benefício.
A recomendação dos especialistas é manter uma alimentação saudável e balanceada para prevenir qualquer tipo de câncer.
Quais são os sintomas do câncer de mama?
Na maioria das vezes, o câncer de próstata é assintomático na fase inicial. Conforme ele avança, podem surgir alguns sintomas que devem ser avaliados. Entre eles, estão:
- Necessidade de urinar com mais frequência, principalmente à noite;
- Fluxo urinário fraco e demorado;
- Sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga;
- Dificuldade em começar a urinar;
- Dor nas costas (em caso de câncer metastático);
- Sangue na urina ou sêmen;
- Ardência ou dor ao urinar;
- Problemas de ereção;
- Dor ao ejacular.
Diagnóstico precoce salva vidas
Um dos maiores desafios no combate e prevenção ao câncer de próstata é cultural: geralmente, os homens vão menos ao médico e muitos têm preconceito em relação aos exames de rastreamento.
Mas, ao detectar o câncer nos estágios iniciais, as chances de cura são mais altas e os tratamentos menos agressivos.
“Homens a partir de 45 anos (sem fatores de risco) devem procurar um urologista para realização de toque retal e dosagem de PSA (antígeno prostático específico). Para aqueles que possuem casos de câncer na família (ou que apresentem processos inflamatórios na próstata), a consulta com urologista deve iniciar ainda mais cedo, aos 40 anos de idade”, explica Natalia Moreno Perez Fraile, oncologista do Hospital Santa Paula.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, a frequência do exame é bastante variável, podendo ser anual ou mesmo a cada 4 anos. O urologista é quem determina a periodicidade de acordo com o histórico do paciente.
A seguir, veja detalhes dos exames que identificam o câncer de próstata:
Toque retal
Durante a consulta com o urologista, o homem realiza o exame de toque retal para avaliar alguma alteração na próstata. Com luva e lubrificante, o especialista introduz o dedo indicador no ânus do indivíduo para analisar a presença de alterações no formato e consistência da glândula.
“O exame preventivo é o toque retal, que é rápido e indolor, demora cerca de 10 segundos. Na palpação da próstata, é possível sentir 70% dela e se houver uma área endurecida e irregular é preciso avaliar”, destaca Ubirajara Ferreira, chefe do Departamento de Uro-oncologia da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia).
PSA
Além do toque retal, é importante realizar um exame chamado de antígeno prostático específico (PSA, na sigla em inglês), que é um marcador valioso para o câncer de próstata.
Trata-se de uma proteína produzida pelo tecido prostático. Se o homem tem tecido prostático, tanto benigno quanto maligno, será detectado no exame de sangue.
À medida que o tamanho da próstata aumenta, a concentração de PSA também cresce. Mas vale destacar que nem sempre uma alteração no PSA indica câncer. A confirmação do diagnóstico de câncer de próstata necessita de um estudo anatomopatológico de fragmentos da glândula, conhecida como biópsia.
Biópsia
Após a alteração nos exames de rastreamento, o urologista pode solicitar uma biópsia da próstata para confirmar o diagnóstico. Trata-se da retirada de uma amostra do tecido da glândula com anestesia por meio de uma agulha. Em seguida, esse material é encaminhado para análise laboratorial.
Caso o resultado for positivo, também é possível determinar se o câncer de próstata é mais agressivo e qual é a melhor forma de tratamento.
Exames de imagens
O especialista pode solicitar exames de imagem para definir o tratamento mais adequado. Entre eles, destacam-se o ultrassom transretal, ressonância magnética, cintilografia óssea e tomografia computadorizada.
Quais são os tratamentos para o câncer de próstata?
Após o diagnóstico, é fundamental que o homem com câncer de próstata inicie o tratamento o quanto antes. As medidas terapêuticas variam de acordo com o estágio da doença.
“Os tratamentos se dividem em cirurgias, quando se extirpa toda a glândula, ou irradiação na próstata, radioterapia localizada e, por último, quando o câncer está mais disseminado, pode ser indicada a hormonioterapia com quimioterapia”, resume Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Em casos de tumores de baixa agressividade, há a opção da vigilância ativa, na qual se faz o monitoramento da evolução da doença, intervindo se houver progressão.
A seguir, veja detalhes dos tratamentos para o câncer de próstata:
Cirurgia
A prostatectomia radical é uma cirurgia de remoção da próstata e vesículas seminais e linfonodos regionais, em alguns casos. A próstata deve ser retirada completamente. O maior risco da cirurgia é a disfunção erétil, que atinge de 30 a 60% dos casos, além de incontinência urinária grave.
Atualmente, a prostatectomia radical tem sido realizada por meio de cirurgia robótica, que oferece maior precisão e menos complicações no pós-operatório.
Radioterapia
Pode ser externa ou interna (braquiterapia). No primeiro caso, o foco é o tumor de próstata, que é enquadrado no campo de radiação, com ajuda de exames de imagem e de cálculos matemáticos.
Já a braquiterapia é uma técnica que consiste na aplicação de “sementes radioativas” no interior da próstata, no reto, sob anestesia.
Hormonioterapia
O objetivo dessa medida terapêutica é controlar o câncer (e não curar). É indicada para pacientes em que a doença não está mais apenas localizada e envolve outros órgãos.
Nesses casos, o intuito é privar o organismo da testosterona (hormônio masculino, que “alimenta” o câncer de próstata). Geralmente, esse bloqueio ocorre com o uso de medicamentos injetáveis.
Entre os efeitos colaterais, estão: perda da ereção, diminuição da libido, da massa muscular e óssea e aumento do risco de doenças cardiovasculares.
Quimioterapia
Geralmente, é usada em pessoas que não tiveram a resposta ao tratamento hormonal. São aplicados medicamentos quimioterápicos via endovenosa (na veia) para reduzir a massa tumoral e com o objetivo de controlar a doença.
Câncer de próstata tem cura?
Sim! É assustador receber o diagnóstico da doença. Mas ao ser detectada precocemente, as chances de cura são altas.
Vale a pena saber que o estágio em que o câncer está faz a diferença tanto na chances de sobreviver quanto na opção de tratamento.
Estádios do câncer de próstata
Abaixo, veja detalhes do estadiamento (localização e a extensão) do câncer de próstata:
- Estádios I e II: a doença está restrita à próstata e não invade outros órgãos.
- Estádios III e IVA: o tumor infiltra os tecidos ao redor da próstata, como vesícula seminal, reto, bexiga ou atinge os linfonodos pélvicos.
- Estádio IVB: quando o câncer atinge os ossos ou outros órgãos (metástase).
O que é recidiva do câncer de próstata?
É importante destacar que, mesmo depois da cura, há casos de tumores da próstata que podem voltar a aparecer após o tratamento inicial. Essa situação é conhecida como recidiva do câncer. O risco é maior em tumores que já são inicialmente mais avançados.
“Todos os homens que receberam um diagnóstico de câncer de próstata devem fazer exames e acompanhamento regular. Muitas vezes, o paciente deve se consultar com o especialista por vários anos para garantir que não há risco que o câncer volte”, diz Meller.
Formas de prevenção
De maneira geral, a melhor forma de prevenir o câncer de próstata é manter hábitos saudáveis por toda vida. Entre as medidas recomendadas, estão:
Manter uma alimentação saudável
É importante ter uma dieta balanceada, com baixo teor de gordura e boa oferta de frutas, verduras, legumes e alimentos integrais.
Abandonar o sedentarismo
Praticar atividade física regular ajuda a melhorar a saúde de forma geral. Um organismo saudável tem menos riscos de sofrer alterações nas células, o que pode desencadear o aparecimento do câncer, além de contribuir com o peso.
Evitar a obesidade
Ninguém escolhe estar acima do peso. Mas por ser uma doença multifatorial, as pessoas com sobrepeso e obesidade devem buscar ajuda profissional para emagrecer. Sabe-se que o excesso de peso é um fator que contribui com a doença.
Não fumar e nem beber
O consumo de bebida alcoólica em excesso e o tabagismo danificam o DNA e as suas proteínas, aumentando o risco para o surgimento do câncer de próstata.
Realizar consultas de rotina
É importante colocar na agenda a consulta anual com o urologista! Por meio de exames, é possível detectar qualquer alteração no corpo e prevenir casos de câncer de próstata mais agressivos.
Sabia que você pode consultar um urologista online por meio do Nav Dasa? Faça seu cadastro para saber mais.
Fontes: Inca, Ministério da Saúde e American Cancer Society.