DNA HPV: exame detecta vírus e amplia prevenção do câncer de colo de útero
Mais sensível que o Papanicolau para identificar infecções de alto risco, teste molecular está sendo incorporado ao SUS para rastreamento
Quando falamos em prevenção do câncer, especialmente os que afetam as mulheres, os exames de rastreio são grandes aliados. E um dos avanços nessa área é o teste de DNA HPV. Diferentemente de outros exames que buscam alterações já causadas por uma doença, este vai direto na “raiz” do problema, identificando a presença do material genético do Papilomavírus Humano, o HPV.
Neste artigo, você vai ler:
Este vírus é o principal responsável pelo desenvolvimento do câncer de colo do útero e está ligado a outros tipos de tumores. Siga a leitura e entenda como funciona o teste de DNA HPV, suas vantagens e para quem ele é indicado.
DNA HPV: o que é e para que serve o exame?
O exame de DNA HPV é um teste molecular que visa detectar a presença do material genético (o DNA) do papilomavírus humano em amostras de células, geralmente coletadas do colo do útero.
A grande vantagem do teste de DNA HPV é justamente identificar a presença desses tipos de HPV de alto risco oncogênico (ou seja, com potencial para causar câncer), antes mesmo que eles causem alterações celulares visíveis em outros exames, como o papanicolau.
Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, mas nem todos são perigosos. Alguns são considerados de “baixo risco”, causando principalmente verrugas genitais; no entanto, outros são de “alto risco” e a infecção persistente por estes tipos está fortemente associada ao desenvolvimento de lesões que podem evoluir para câncer.
Ao detectar o vírus, o médico pode acompanhar a paciente mais de perto e intervir precocemente, se necessário, impedindo a progressão para um câncer de colo de útero.
Quando o exame DNA HPV é indicado?
A principal indicação do teste de DNA HPV é para o rastreamento do câncer de colo do útero em mulheres. O teste de DNA HPV está se tornando o exame de escolha para iniciar o rastreamento em mulheres a partir dos 25 ou 30 anos de idade, sendo repetido a cada 5 anos se o resultado for negativo. Isso pela maior sensibilidade em detectar infecções por HPV de alto risco comparado ao Papanicolau.
Em algumas situações, o DNA HPV pode ser realizado junto com o Papanicolau. Se o Papanicolau mostrar alterações celulares, o teste de DNA HPV pode ajudar a determinar se essas alterações são causadas por um tipo de HPV de alto risco, orientando os próximos passos.
Em março de 2024, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação do teste de DNA HPV para o rastreamento primário do câncer de colo do útero em mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos. Essa implementação está sendo feita de forma gradual e a expectativa é que, com o tempo, ele substitua o papanicolau como primeiro exame de rastreio, sendo oferecido gratuitamente.
Após tratamento de lesões precursoras de câncer, o teste DNA HPV também é usado para monitorar se a infecção pelo HPV desapareceu, visto que o vírus persistir, existe maior risco de recidiva das lesões.
É importante ressaltar que, embora o HPV também possa causar câncer em outras regiões (ânus, pênis, vulva, vagina, orofaringe), o uso do teste de DNA HPV para rastreamento rotineiro desses outros cânceres ainda não é tão estabelecido ou difundido como para o câncer de colo do útero.
Como o exame é feito?
A coleta da amostra para o teste de DNA HPV é muito semelhante à do Papanicolau. Trata-se de um teste rápido e simples, realizado em consultório médico ou laboratório.
No exame, a mulher se posiciona na cadeira ginecológica e o médico ou profissional de saúde introduz um espéculo vaginal para visualizar o colo do útero. Com uma pequena escovinha ou espátula, são coletadas células da superfície externa do colo do útero e do canal cervical.
Esse material coletado é colocado em um líquido conservante específico e enviado ao laboratório, onde técnicas de biologia molecular são utilizadas para extrair e analisar o DNA presente na amostra, procurando especificamente pelo material genético dos tipos de HPV de alto risco.
Algumas pesquisas e programas-piloto têm explorado a possibilidade da autocoleta, onde a própria mulher coleta a amostra vaginal em casa ou em um ambiente privado, que depois é enviada ao laboratório; esta é coletada por meio de “cotonete longo”, o qual é inserido no interior da vagina. Essa pode ser uma estratégia para aumentar a adesão ao rastreamento em populações com dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
DNA HPV e Papanicolau: quais são as diferenças?
Embora ambos sejam exames de rastreio, o papanicolau detecta alterações nas células do colo do útero que podem ser causadas pelo HPV ou que podem evoluir para câncer. Já o teste DNA HPV detecta a presença do material genético (DNA) dos tipos de HPV de alto risco no colo do útero, identificando se o vírus está presente.
O papanicolau é menos sensível que o teste de DNA HPV para detectar a infecção por tipos de alto risco, o que significa que pode, em alguns casos, não identificar uma lesão que já está presente. Já o teste de DNA HPV permite identificar a presença do vírus antes que as alterações celulares sejam visíveis no papanicolau. A taxa de falhas do teste de HPV é bem menor do que a do papanicolaou.
Por ser mais sensível, o teste de DNA HPV permite um intervalo maior entre os exames (a cada 5 anos, se negativo) em comparação com o papanicolau isolado, que costuma ser recomendado a cada 3 anos após dois resultados anuais normais.
Como ocorre a transmissão do HPV?
O HPV é um vírus muito comum e de fácil transmissão. A principal forma de contágio é através do contato sexual, seja ele vaginal, anal ou oral, com uma pessoa infectada. Não é necessário que haja penetração para ocorrer a transmissão; o simples contato pele a pele ou mucosa com mucosa com uma área infectada pode ser suficiente.
Por isso, o preservativo (camisinha), embora ajude a reduzir o risco de transmissão de muitas infecções sexualmente transmissíveis, não oferece proteção completa contra o HPV, pois não cobre todas as áreas da pele e mucosas que podem estar infectadas.
Muitas pessoas podem ter HPV e não saber, pois a infecção geralmente não causa sintomas, e podem transmiti-lo sem ter conhecimento disso.
Riscos
A maioria das infecções por HPV, tanto em homens quanto em mulheres, é combatida e eliminada naturalmente pelo sistema imunológico em um período de até 2 anos, sem causar nenhum problema de saúde. Muitas vezes, a pessoa nem fica sabendo que teve o vírus.
Mas, em uma minoria dos casos, especialmente quando a infecção é por tipos de HPV de alto risco, o vírus pode persistir no organismo por muitos anos. E essa infecção persistente é o principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões precursoras que, se não tratadas, podem evoluir para diferentes tipos de câncer como:
- Câncer de colo do útero, o mais comum e diretamente associado ao HPV;
- Câncer de ânus;
- Câncer de vulva e de vagina;
- Câncer de pênis;
- Cânceres de orofaringe (parte da garganta, incluindo a base da língua e as amígdalas).
Já os tipos de HPV de baixo risco estão associados principalmente ao surgimento de verrugas genitais (condilomas acuminados) ou papilomatose respiratória (verrugas na laringe ou traqueia), que são benignas, mas podem ser incômodas e recorrentes.
O teste de DNA HPV é importante porque, ao identificar a presença dos tipos de alto risco, permite um acompanhamento mais atento para detectar e tratar essas lesões precursoras antes que se tornem câncer.
Formas de prevenir o HPV em mulheres e homens
A vacina HPV é a principal forma de prevenção primária do HPV, pois evita a aquisição do vírus. Ela é altamente eficaz e segura, protegendo contra os principais tipos de HPV de alto risco (que causam a maioria dos cânceres relacionados ao vírus) e, dependendo da vacina, também contra os tipos que causam a maioria das verrugas genitais, sintomas comuns do HPV feminino.
A vacina é recomendada para meninas e meninos, idealmente antes do início da atividade sexual, para garantir maior eficácia, pois a vacina não trata infecções já existentes. No Brasil, o SUS oferece a vacina quadrivalente (combate os tipos 6, 11, 16, 18) para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de alguns grupos com condições especiais de saúde. No entanto, a vacina nonavalente (combate os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52, 58) pode ser encontrada em clínicas privadas para mulheres e homens de 9 a 45 anos.
O uso correto e consistente do preservativo masculino ou feminino em todas as relações sexuais (vaginais, anais e orais) diminui o risco de transmissão do HPV, embora não o elimine completamente, pois não cobre todas as áreas de pele e mucosas que podem estar infectadas.
Vale lembrar que, no caso das mulheres, a realização regular de exames ginecológicos – como o teste de DNA HPV e/ou o Papanicolau – é fundamental para detectar lesões precursoras do câncer de colo do útero, permitindo o tratamento precoce.
DNA HPV: preço e onde agendar
O teste de DNA HPV está disponível nos laboratórios da Dasa (como Alta Diagnósticos, Delboni Auriemo, Lavoisier, Sérgio Franco, entre outros). Para consultar valores e localizar o laboratório mais próximo de você, basta acessar nossa plataforma digital.