Doença de Crohn: quais são os sintomas e como é diagnosticada
Condição é mais frequente em adultos e requer acompanhamento médico contínuo
A doença de Crohn é um tipo de doença inflamatória intestinal (DII) que, nos últimos anos, vem se tornando cada vez mais prevalente nos países em desenvolvimento — incluindo o Brasil.
Neste artigo, você vai ler:
O que é doença de Crohn?
A doença de Crohn consiste em uma inflamação crônica do tubo digestivo, podendo acometer da boca ao ânus e, frequentemente, comprometendo a região do íleo (parte final do intestino delgado).
Apesar de atingir pessoas de qualquer faixa etária, essa condição costuma ser mais comum em pessoas de 20 a 40 anos de idade.
A doença de Crohn é uma doença heterogênea. Isso significa que alguns pacientes podem apresentar um curso leve, enquanto outros podem ter um quadro grave desde o princípio.
Quais são as causas da doença de Crohn?
As causas exatas da doença de Crohn são desconhecidas. No entanto, acredita-se que essa condição seja resultado da interação entre fatores genéticos, fatores ambientais e microbiota intestinal.
O indivíduo geneticamente predisposto, quando em contato com algum fator ambiental específico desconhecido, pode desenvolver uma inflamação descontrolada, possivelmente causada por um desequilíbrio do sistema imunológico.
Há estudos que sugerem um maior risco de desenvolvimento da doença de Crohn em pessoas com maior consumo de alimentos industrializados, ricos em xenobióticos (como conservantes, corantes e aditivos), gordura saturada e carboidratos simples.
Sintomas de doença de Crohn
Os sintomas mais comuns da doença de Crohn são:
- Dor abdominal;
- Diarreia crônica (que dura mais de 4 semanas);
- Muco ou sangue nas fezes;
- Perda de peso.
Também é possível haver manifestações extraintestinais, ou seja, que afetam outras partes do corpo — articulações, pele e olhos, por exemplo.
Além disso, alguns pacientes podem evoluir com complicações, como:
- Estenoses (estreitamentos no intestino que impedem a passagem dos alimentos);
- Fístulas (comunicação anormal entre duas ou mais estruturas do corpo que, em condições normais, não se comunicam), sobretudo na região próxima do ânus.
Como é feito o diagnóstico?
A doença de Crohn é diagnosticada a partir dos sintomas relatados pelo paciente e dos resultados de exames de sangue, de fezes e de imagem, incluindo:
- Hemograma;
- VHS (velocidade de hemossedimentação);
- Dosagem de proteína C-reativa;
- Dosagem de ferro;
- Dosagem de vitamina B12;
- Dosagem de calprotectina fecal;
- Colonoscopia;
- Tomografia computadorizada;
- Ressonância magnética.
Doença de Crohn tem cura?
Como não se sabe exatamente quais fatores e mecanismos causam a doença de Crohn, não existe um tratamento curativo até o momento.
Porém, com as abordagens terapêuticas disponíveis, é possível controlar o processo inflamatório. Assim, muitos pacientes conseguem ter uma rotina normal, com uma boa qualidade de vida.
Como é o tratamento?
A doença de Crohn é uma condição crônica, tendo períodos variáveis de atividade e remissão, e exigindo acompanhamento médico periódico.
O tratamento é feito com medicamentos como corticoides e, principalmente, imunossupressores de administração oral ou parenteral (intravenosa).
Os detalhes da abordagem terapêutica variam de acordo com as características de cada situação, sendo de extrema importância que os médicos identifiquem, o mais cedo possível, os pacientes com risco de desenvolver formas graves da doença.
Autocuidados para Doença de Crohn
É essencial que portadores da doença de Crohn contem com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar formada por gastroenterologistas, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos. Esses especialistas estão aptos a fornecer orientações individualizadas para cada caso.
Mas, de maneira geral, os pacientes devem manter um estilo de vida saudável, adotando medidas como:
- Ter uma dieta rica em fibras, frutas, vegetais e proteínas, evitando alimentos gordurosos e carboidratos;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Ter um sono de boa qualidade;
- Evitar o estresse;
- Evitar o tabagismo.
Fonte: Dr. Matheus Azevedo, médico gastroenterologista