Intoxicação alimentar e virose: qual a diferença?
Mesmo caracterizados por sintomas parecidos, a causa dos problemas é diferente; entenda
Verão brasileiro é sinônimo de muitas horas na praia e/ou na piscina. Mas é também um período em que vemos aumentar os casos de intoxicação alimentar e viroses gastrointestinais. Em comum, os dois quadros costumam provocar dor abdominal, inchaço e estufamento causado por excesso de gases, náuseas e vômitos. No entanto, as causas dos dois problemas são diferentes. Continue a leitura para saber como diferenciar os quadros e o que fazer caso comece a sentir-se mal.
Neste artigo, você vai ler:
Intoxicação alimentar e virose: o que são e quais as diferenças?
A intoxicação alimentar é provocada pela ingestão de alimentos contaminados. Nesses casos, a presença de bactérias, fungos ou suas toxinas, ou ainda parasitas, vírus ou até substâncias químicas podem causar sintomas gastrointestinais, como diarreia, cólicas e vômitos.
As bactérias Salmonella e E.coli, por exemplo, são bastante conhecidas dos serviços de saúde por provocarem diversos surtos de intoxicação alimentar todos os anos no Brasil.
Quando estes quadros são causados por vírus, são comumente chamados de virose. Vírus eliminados nas fezes ou vômitos de pessoas doentes podem contaminar águas e alimentos que, quando ingeridos, podem ser transmitidos a outras pessoas, espalhando a virose.
É o caso, por exemplo, dos enterovírus, uma família de patógenos que costuma criar diversos problemas no estômago e no intestino. Outros três vírus conhecidos que provocam gastroenterite (como é chamada a irritação e inflamação do sistema digestivo) são o rotavírus (que provoca uma doença grave especialmente em crianças), o adenovírus (que também provoca resfriados) e o norovírus.
Mesmo com causas diferentes, no entanto, os sintomas de virose e intoxicação alimentar costumam ser muito parecidos e incluem:
- Dor abdominal;
- Gases e sensação de estufamento;
- Diarreia;
- Náusea e vômitos;
- Mal-estar generalizado.
Quanto tempo em média, duram os sintomas da intoxicação alimentar ou virose?
O tempo de duração das viroses varia de acordo com o agente (vírus) e também com a condição da pessoa acometida. Pessoas mais frágeis, bebês ou idosos podem ter quadros mais graves ou prolongados, mas em média, diarreias virais agudas não duram mais do que 14 dias, podendo melhorar antes disso.
De forma geral, a intoxicação alimentar costuma regredir entre 5 e 14 dias na maioria dos casos. No entanto, para algumas pessoas, o quadro pode se agravar. Diarreia persistente, febre que não cede, dificuldade para se manter hidratado, extrema queda do estado geral e sonolência são sinais de alarme.
Como tratar intoxicação alimentar e virose?
Como dissemos, a intoxicação alimentar, inclusive as causadas por vírus, são condições que, na maioria dos casos, costumam regredir de forma espontânea sem causar maiores problemas — além, é claro, da sensação de mal-estar que pode persistir até o corpo se restabelecer.
Com sintomas leves a moderados, é possível usar analgésicos e antitérmicos, além de remédios para aliviar náuseas e vômitos. É aconselhável também manter-se hidratado, com soro caseiro ou industrializado, água de coco, suco, água. Probióticos podem ser benéficos, pois nestes quadros, é frequente um desarranjo na flora habitual do intestino.
Mas, se a diarreia segue aquosa por muitos dias; se os vômitos estão repetidos e incontroláveis; se a febre não cede; e há dificuldade para manter a hidratação, com dificuldade de se alimentar e ingerir líquidos, sonolência, olhos ou boca secas, é importante buscar auxílio médico rápido, especialmente para crianças e idosos – grupos em que as complicações causadas pela desidratação podem evoluir.
Em casos mais graves, é necessário a reposição de fluidos via intravenosa e o uso de antibióticos para combater a infecção (se for causada por bactéria).
Formas de prevenção
Algumas medidas simples podem ajudar a evitar as intoxicações alimentares, inclusive as viroses. Especialmente durante o verão, quando as temperaturas são muito altas no Brasil, é importante acondicionar alimentos corretamente para evitar variação de temperatura – um prato cheio para a proliferação de bactérias que provocam infecções gastrointestinais.
Isso é especialmente importante quando falamos em alimentos que estragam muito rapidamente quando mal acondicionados, como ovo, peixe e carne crua, maionese, leite e alguns tipos de queijo.
Isso é especialmente importante quando falamos em alimentos que estragam muito rapidamente quando mal acondicionados, como ovo, peixe e carne crua, maionese, leite e alguns tipos de queijo.
Outra recomendação é sempre observar a procedência dos alimentos – e até da água – consumidos fora de casa, para ter certeza de que o preparo foi feito seguindo medidas de segurança alimentar, bem como lavar frutas e verduras antes do consumo e ferver a água caso não seja possível garantir sua procedência.
Por fim, recomenda-se lavar as mãos sempre ao sair do banheiro e ao chegar em casa de algum passeio, bem como antes de fazer as refeições e preparar os alimentos.
Outras doenças comuns no verão
Além das viroses e da intoxicação alimentar, a combinação de calor intenso, umidade elevada e chuvas frequentes na maioria dos estados brasileiros durante o verão favorecem o surgimento de outras doenças nesse período. São elas:
Dengue, Chikungunya e Zika: transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, que prolifera bastante nos meses mais quentes e chuvosos. São doenças virais que causam febre alta, dores nas articulações, manchas vermelhas na pele e, em alguns casos, complicações mais graves.
Leptospirose: doença causada por uma bactéria presente na urina de ratos, transmitida pela água contaminada, especialmente em enchentes.
Micoses: infecções causadas por fungos que são favorecidas pelo calor e pela umidade e surgem em áreas do corpo como pés, virilhas e axilas.
Insolação: exposição excessiva ao sol, que pode causar desidratação e aumento perigoso da temperatura corporal.
Desidratação: ocorre devido à perda excessiva de líquidos e sais minerais, comum em dias quentes, e pode causar complicações graves especialmente em crianças e idosos.
Conjuntivite: infecção ou inflamação nos olhos, que pode ser causada por vírus, bactérias ou irritantes, como cloro de piscinas e água salgada do mar.
Otite: infecção no ouvido médio, geralmente causada por bactérias ou vírus e mais comum entre crianças. Os sintomas incluem dor de ouvido, febre, diminuição da audição e, às vezes, saída de secreção pelo ouvido.
Fonte: Sumire Sakabe – médica infectologista